Santo Tirso: Autarcas a olhar para o seu umbigo

A Reforma da Administração Local, inscrita no Memorando de Entendimento (MoU) com a Troika, arrisca-se a ser mais uma a ficar adiada, contribuindo para que o status quo se mantenha e que o país continue a caminhar para um caminho sem retorno.

Segundo o que foi acordado no MoU, esta reforma deveria ter sido concluída em Julho 2012 estando dessa forma em vigor antes das Eleições Autárquicas de Outubro 2013. A verdade é que, chegados a Outubro 2012, o Governo ainda não a implementou.

De qualquer maneira penso que, mais tarde ou mais cedo, ela será implementada. Se não for pela necessidade será pela obrigação. Daí achar muito importante que o Poder Local lhe dê a atenção que merece, a bem do futuro da população e do país.

Em Santo Tirso, depois de se terem organizado vários eventos sobre o tema para “inglês ver”, discutiu-se ontem (com quase 1 ano de atraso) na Assembleia Municipal o assunto. O acontecimento serviu para medir o nível dos autarcas que elegemos.

Para além de servir para medir a qualidade dos nossos autarcas, serviu também para perceber que tipo de interesses defendem. E esses, fica bem patente, não são os da população mas os seus próprios. Dos seus cargos e benesses, bem como dos seus “grupos”.

A CM Santo Tirso, pela mão do Presidente Castro Fernandes, propôs a manutenção das 24 freguesias, o que foi aprovado por maioria. Ou seja, os autarcas querem que tudo fique exactamente como está e nem sequer se dão ao trabalho de pensar/discutir o assunto.

Note-se que muitas Juntas de Freguesia nem sequer enviaram qualquer posição à Assembleia Municipal, mas depois os seus presidentes declararam-se contra qualquer fusão de freguesias e votaram favoravelmente a proposta da CMST. É o poder unipessoal.

Curioso também ver Castro Fernandes e Marco Cunha (Presidente da Junta) dizerem que ninguém veio dizer quais as freguesias que se deviam fundir. Ora senhores! O objectivo é mesmo esse! Serem vocês, que conhecem território e população, a decidir!

Preocupados em perder os “tachos”, os autarcas Tirsenses recusaram fazer parte do processo da Reforma. Arriscam-se portanto (como eu já disse antes) a ter uma reorganização feita por alguém que, num gabinete de Lisboa, não conhece a realidade do concelho.

Muita pena me dá ver concelho e freguesias de Santo Tirso lideradas por esta gente. Alguns deles até contaram com a minha ajuda para serem eleitos. E agora desiludem-me, e a milhares de Tirsenses, demitindo-se das suas funções e olhando apenas para o seu umbigo.

No meio de tanta cacofonia e defesa dos próprios interesses salva-se a intervenção sensata do presidente da JSD local, Rui Batista: “Se optarmos por esta estratégia garantidamente que vem aqui alguém para agregar ou extinguir freguesias“.

Sobre este tema, atempadamente dei o meu contributo e escrevi no jornal “Notícias de Santo Tirso” os seguintes artigos de opinião:

– Dezembro 2011: A reforma do Poder Local
– Janeiro 2012: Santo Tirso de 24 para 4 freguesias

3 thoughts on “Santo Tirso: Autarcas a olhar para o seu umbigo

  1. Pelos vistos ninguém quer resolver nada, depois ambos os partidos (PS e PSD) culpam o Governo central, por fazer e mal como é habitual…

  2. Então o Relvas queria fazer a reforma do poder local, mas os tachistas queriam lhe dar com as panelas,mas a teoria não é a mesma, as freguesias próximas,eles lá sabem né.

  3. Evidente e óbvio!.. Ao recusarem exercer o poder em defesa dos superiores interesses da comunidade que os elegeu.. Aproveitando as oportunidades únicas com um pouco de visão de futuro.. Estão mais preocupados em defender os “tachos” com a perspectiva pequenina e provinciana a que já nos habituaram..

    Vamos ter mais uma vez um filme como o da separação da Trofa.. Recusam-se e refugiam-se em estado de negação.. Para depois se poderem queixar das maldades que os do Governo e de Lisboa nos fizerem.. Coitados de nós pobres Tirsenses..

    Mas, por informação privilegiada e fidedigna, acabo de saber que a tal Unidade Técnica Parlamentar já está a acabar o seu trabalho.. E, que a fusão se vai mesmo fazer..

    Santo Tirso deverá ficar com menos 9 freguesias..

    No que mais de perto me diz respeito, sei que os Coutos, S. Miguel e Sta. Cristina, se ligaram à cidade.. Uma boa notícia..

    Fico expectante para ver a reacção das nossas sumidades autárquicas..

Deixe uma resposta para mariadaavó Cancelar resposta