Fundação Santo Thyrso pronta a ser fechada

Foi no início do mês de Agosto que o Governo PSD/CDS anunciou a intenção de fechar algumas dezenas de fundações público-privadas, depois de terminado o processo de avaliação que o próprio Governo solicitou à Inspecção Geral de Finanças.

Uma delas foi a Fundação de Santo Thyrso, criada em 2006 com o objectivo de gerir um Centro de Incubação de Base Tecnológica que supostamente pretendia “contribuir para a promoção da Inovação, do Empreendedorismo e a criação de Emprego Qualificado“.

Pretendia também apoiar “a criação de negócios inovadores” que contribuissem “para o rejuvenescimento, modernização e competitividade do tecido económico” local e nacional, e também apoiar “o crescimento e projecção externa dessas iniciativas“.

O alvo dizia serem “Jovens altamente qualificados […] Spin-offs académicos e empresariais […] Projectos inovadores de base científica e tecnológica resultantes da cooperação entre Universidades e empresas“. Mas a verdade é que o que se vê está muito longe disto.

Senão vejamos: Das 9 empresas instaladas na incubadora, uma delas cria websites, outra recolhe resíduos e foi explicitamente “concebida para colaborar com câmaras, empresas e associações municipais“, outra ainda fabrica móveis “intemporais“.

Existem ainda a Santo Tirso TV (que promove o que se faz no concelho com apoio da CMST), três empresas representantes de marcas, uma com interessante descrição mas website inactivo, e finalmente uma outra que não parece existir (única referência é no website da incubadora).

Ora, a meu ver, nada disto corresponde a “Inovação“, “Empreendedorismo“, “Ciência“, “Tecnologia” ou emprego “Altamente qualificado“. E ainda ninguém percebeu de onde veio, e para onde foi, a Incubadora de Moda tão publicitada pelo Presidente da Fundação, Castro Fernandes.

Sim porque Castro Fernandes, Presidente da CM Santo Tirso, é ao mesmo tempo Presidente da Fundação, do Conselho Executivo e do Conselho de Fundadores. Para além de ser ele quem nomeia o Conselho Fiscal, orgão que tem o papel de fiscalizar a actividade da Fundação.

Parece metira, mas é verdade. Parece caricato, mas é a realidade. Castro Fernandes sente-se, qual semi-deus, omnipresente e omnisciente. E ainda ficou muito ofendido quando, a propósito, um deputado da AM o comparou a um governante absolutista e autocrático.

Mas a falta de moralidade, de ética e de transparência não acaba aqui. A Fundação é detida em parte pela CM Santo Tirso e por duas empresas que trabalham nos ramos que mais interesses têm no poder local e corrompem as autarquias: Imobiliário e Construção.

Que contribuição podem dar estas empresas ao nível da “Inovação“, da “Ciência e Tecnologia” ou do emprego “Altamente qualificado“? E porque será que o website da Fundação apenas apresenta contactos e não faz refêrencia a visão, valores, âmbito, objectivos, actividades ou resultados?

É também incompreensível que outras entidades do concelho (a empresa imobiliária é do Marco de Canavezes) não façam parte da Fundação. Como a Associação Comercial e Industrial ou empresas de projecção nacional/internacional instaladas há muitos anos em Santo Tirso.

Perante tudo isto, Castro Fernandes ainda acha que tem o direito de se insurgir contra a avaliação da IGF dizendo que vai recorrer aos tribunais. E para além disso falta à verdade na comunicação social nacional, dizendo que a Fundação não recebeu financiamentos públicos.

Como bem apontou o PSD Santo Tirso, a CM Santo Tirso (Presidida por Castro Fernandes) deu à Fundação de Santo Thyrso (Presidida pelo mesmo Castro Fernandes) 50.000 € em ajuste directo. E que se saiba, dinheiro da Câmara é dinheiro público, dos nossos impostos.

O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Foi isto que aconteceu à Fundação de Santo Thyrso. Parece ter sido criada com segundas intenções, aparenta ter sido gerida de forma conveniente, e falhou claramente os seus objectivos. Razões de sobra para ser fechada.

6 thoughts on “Fundação Santo Thyrso pronta a ser fechada

  1. Aplaudo a chamada deste assunto para cima da mesa. Vem mesmo na altura certa.

    Com o seu estilo acutilante e directo, mais uma vez o LM nos desperta para os muitos atropelos e as demasiadas trapalhadas que, em nome dos Tirsenses, foram feitos nestes já longos anos de consulado socialista. Tudo sem que a maioria se interessasse ou sequer se interrogasse sobre os pressupostos, os meios, o alcance ou os objectivos de tão badaladas iniciativas.

    Mas, ninguém pode dizer que não houve avisos à navegação em devido tempo e nos locais certos. A prová-lo, com a devida vénia, aqui transcrevo a intervenção que fiz na Assembleia Municipal de 25 de Setembro de 2006, onde se discutiu e aprovou a constituição da ‘Fundação Santo Thyrso’:

    “…

    A Criação de uma Fundação. É uma boa notícia e deve ser motivo de grande esperança para todos.

    Se for bem utilizado, trata-se de um instrumento que será muito importante para a nossa terra e para o nosso desenvolvimento.

    Mas, uma Fundação, na sua génese, é uma Instituição de Interesse Público não é, nem deve ser, do Interesse Político!!

    Por isso, o seu modelo de gestão não pode prejudicar os seus fins.

    E, o modelo hoje aqui proposto. Além de Privilegiar o fecho sobre si própria. Inviabiliza, à nascença, uma qualquer tentativa de abertura Franca à Sociedade.

    O modelo escolhido, centraliza e concentra poderes, num figurino de Estatutos, onde o Presidente da Câmara é o Órgão.

    Convenhamos que não encontrará ninguém que acredite ou se sinta minimamente atraído!!

    Penso mesmo que, quem tiver bom senso sentir-se-á, isso sim! É repelido!

    Uma Fundação não pode ser apenas a expressão de tudo querer dominar e de tudo querer fazer à sua imagem.

    Senhor Presidente, recuse assumir-se mais uma vez como o dono de um Concelho que definha todos os dias!! É por sua causa e por causa da sua forma de estar egocêntrica que estamos hoje onde estamos!!

    E, não nos venha dizer que é a Câmara que promove e financia, logo põe e dispõe…

    Fica-lhe muito mal, Senhor Presidente. Os Tirsenses não vão gostar! E aqui estarão mais tarde para lhe cobrar o erro!!

    Caso, por ventura esta proposta seja aprovada, teremos mais um exemplo do que já estamos habituados com esta governação PS de quase 25 anos.

    Uma governação, que impede Santo Tirso de se afirmar e de se abrir ao exterior!!

    Uma governação, que não fomenta o aparecimento de novas realidades, que não promove uma verdadeira atracção para novas experiências e novas competências.

    Uma governação, que não dá oportunidade ao fundamental envolvimento dos Tirsenses.

    Uma governação, que não compreende o seu papel de promotor, sim! Mas principalmente o de dinamizador de um desenvolvimento aberto, equilibrado e moderno.

    Uma governação, que se esquece que um projecto como o de uma Fundação, só pode vir a consolidar-se, com parcerias experientes, capazes, competentes e com o envolvimento de toda a nossa Comunidade.

    O sucesso, para aparecer, para gerar lucros, dividendos e capacidade de auto sustentação, para criar desenvolvimento económico e social. Precisa de parcerias estratégicas fortes, com peso, com capacidade de intervenção.

    E, é aí que começam as minhas interrogações e desconfianças! Com um modelo de, Quero, Posso e Mando. Vamos ter mais uma oportunidade perdida.

    Se queremos verdadeiramente apanhar o comboio do desenvolvimento. Se queremos apostar em novas abordagens ao conhecimento e à inovação. A criação de uma Fundação orientada para estes desafios de modernidade é a aposta certa e encontrará o aplauso de todos.

    Se pretendemos mesmo apanhar o comboio do desenvolvimento. Então, a política de gestão de uma Entidade como esta, será primordial, para encontrar a necessária confiança, atracção e mobilização de Empreendedores, Empresários e Investidores.

    Caso contrário continuaremos cercados e fechados, sem capacidade de nos afirmarmos, sem sermos reconhecidos, sem sequer termos meios para a nossa subsistência futura como Comunidade.

    Por tudo isso, aplaudo o aparecimento da ‘Fundação de Santo Thyrso’, mas recuso-me a aceitar o modelo de gestão proposto.

    …”

    Como diz o Luis Melo – “… o que nasce torto , tarde ou nunca se endireita …”

  2. A Fundação foi constituída com que dinheiro? Público, naturalmente. Nosso, de todos os Tirsenses. Isto para além do ajuste directo de que falas e bem

    • Certo Manel, sem duvida. Mas se ao menos o dinheiro tivesse sido bem gasto… Se fe facto passados estes anos se visse “Inovação”, “Emprego qualificado”, empresas competitivas e a quiçá a exportar… O problema é que desde o seu nascimento que este projecto esteve condenado.