Opinião: São estes os partidos que temos

Artigo de opinião que escrevi para a edição de Maio 2011 do jornal “Notícias de Santo Tirso”

O país está mergulhado numa crise financeira, económica, social e de valores sem precedentes. Mas neste pequeno país as diferenças entre regiões são muito grandes (mercê do centralismo). A crise chega mais a uns do que a outros. Santo Tirso tem o azar de estar na primeira metade. O concelho definha com elevada taxa de desemprego, o fecho das empresas, a degradação da qualidade de vida e a fuga da população.

O que se pede aos políticos a nível nacional neste momento, é o mínimo que se pode pedir aos políticos locais. Estes estão mais perto da população e as suas acções podem afectar mais directamente as pessoas. Exige-se sempre, mas numa altura destas ainda mais, que sejam responsáveis, sensatos, sérios e abdiquem dos seus proveitos pessoais, corporativos e partidários em favor dos interesses dos Tirsenses.

Infelizmente, em Santo Tirso, as forças partidárias com relevância estão completamente alheadas das necessidades dos cidadãos e perdem o seu tempo numa guerrilha mesquinha digna de gente sem estatura moral para sequer ser vogal suplente de uma Associação Recreativa. Mas pior do que isso é que essa guerrilha não tráz vantagens a qualquer um deles. Trata-se apenas de uma medição constante de egos de gente menor.

Se atentarmos ao que se passa nas reuniões de Câmara (em que participam os Vereadores) e às reuniões de Assembleia Municipal (em que participam os deputados) vemos que não se trata de absolutamente nada que traga valor acrescentado aos Tirsenses. O que se vê é uma permanente troca de insultos e remoques entre PS e PSD que envergonha qualquer cidadão que assista e nada tenha que ver com o assunto.

Não contentes com as “peixeiradas” que fazem nos dois órgãos mais importantes e solenes da autarquia, os dirigentes de PS e PSD vêm para a praça pública – nomeadamente na comunicação social – estender mais ainda essa vergonhosa “troca de galhardetes” que apenas interessa à entourage que paira à volta das Comissões Políticas na ânsia de arranjar um “tachito” em funções camarárias.

Há mais de 10 anos que não se ouve ou vê PS e PSD a apresentar propostas, soluções, estratégias ou rumos a dar a Santo Tirso. Um concelho cada vez mais, e preocupantemente, moribundo. Do lado do PSD a táctica tem sido o ataque pessoal ao Presidente da CMST, Castro Fernandes, insultando-o de ditador, e acusando de despotismo, nepotismo, sectarismo, altivez, prepotência e arrogância.

O que é certo, é que na altura de apresentar factos que corroborem essas acusações, o PSD não tem tido mais nada a dizer a não ser que o PS quebra regras procedimentais nas reuniões de Câmara e de AM. Chega a ser patética a quantidade de vezes que, nas notas à imprensa, se vê o PSD a referir-se à “alínea x) do número 495 do artigo 127º da lei 68-B/2003 de 22 de Outubro“, como se alguém soubesse ou estivesse interessado nisso.

Por seu lado o PS, que mais parece uma empresa unipessoal de Castro Fernandes, tem também pouco sentido democrático já que não faculta documentos à oposição, não responde às perguntas que lhe fazem e, se puder, nunca leva a discussão propostas do PSD. Além disso, a única coisa que faz é a gestão corrente (ao sabor eleitoral) da autarquia, faltando-lhe claramente uma estratégia política e um rumo para o concelho.

De resto, o PS Santo Tirso e Castro Fernandes, copiam bem a estratégia do PS Nacional e de José Sócrates. Vitimizam-se dos insultos e acusações da oposição, distribuem muita propaganda por todo o concelho através de outdoors e publicações pagas com os dinheiros da CMST, e vão estando presentes em toda e qualquer festa ou evento organizado pela CMST ou por outras entidades Tirsenses.

No meio disto tudo há um facto indesmentível. PS e o PSD vêm fazendo isto mesmo há anos, e o PS venceu as autárquicas 2009 com maioria. Nestas circunstâncias, a democracia confere-lhe poder para governar. Isto pode custar muito à oposição mas o facto é que os Tirsenses continuam a preferir este PS e este Castro Fernandes. Assim, não faz sentido o PSD acusar o líder socialista de usar a maioria em seu favor.

O voto dos Tirsenses voltou a ser bem claro: aumentou a votação no PS (21.427 em 2009 vs 20.964 em 2005) e diminuiu a votação no PSD (18.700 em 2009 vs 18.671 em 2005). Desta forma, Castro Fernandes está a usar a maioria que a população lhe quis dar, e não pode ser acusado de a usar. É isto a democracia. Foi isto que as pessoas quiseram: mais PS e menos PSD, porque confiam mais neste PS do que neste PSD.

É inegável que o estado funesto a que chegou Santo Tirso é em grande parte responsabilidade da falta de capacidade e visão do executivo PS e do Presidente da CMST. Muito pode ser feito por Santo Tirso. Tome-se como exemplo Maia, Famalicão e Paços de Ferreira. E só o PSD pode alterar o rumo das coisas. Mas para isso tem de mudar de atitude, apresentando propostas, elaborando uma estratégia, e elevando a discussão política.

2 thoughts on “Opinião: São estes os partidos que temos

  1. Vejo que afinal não é só na minha terra.
    Infelizmente é um mal maior em meios menores. A visão dos nossos políticos locais não alcança mais que os limites do conselho que gerem…

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