É um clichê dizer que os políticos estão descredibilizados, mas esta é também uma realidade nua e crua. Infelizmente a política está repleta de gente medíocre, e o expoente máximo disso é a pessoa que lidera os destinos do país.
O político medíocre preocupa-se mais em combater (hipotéticos) adversários internos – alguns nem o querem ser, são apenas fantasmas – do que a lutar contra os verdadeiros adversários que estão no exterior.
O político medíocre tem mais vontade de denegrir os que têm as mesmas ideias e ideologias, e portanto o podem substituir – em caso de mau desempenho – do que atacar (politicamente) os adversários de outros partidos.
O político medíocre passa mais tempo a arranjar motivos para se manter no lugar depois de falhar, do que a trabalhar para merecer ficar nas funções que lhe foram confiadas pela população.
O político medíocre quer ficar no poder não pelo mérito, não por ser o melhor, mas pela inexistência de alternativa, por ser o único a cumprir os mínimos ou a ter vontade/disponibilidade para lá estar.
O político medíocre preocupa-se mais em comprar votos e arrebanhar apoiantes, do que em conseguir conquistá-los ou convencê-los a segui-lo com trabalho, competência e liderança.
O político medíocre usa – tal como disse Maquiavel – o caminho mais fácil do desgaste do adversário, ao invés de apresentar capacidades, soluções, propostas e projectos que convençam os votantes.
O político medíocre tem a convicção e os tiques dos déspotas e ditadores. Acha que “quem não está com ele está contra ele”, como se numa sociedade de um país desenvolvido e integrado no século XXI só existissem dois lados.
O político medíocre rodeia-se normalmente de gente incapaz e sem personalidade, para que nenhum deles consiga aspirar ao seu lugar, e para que cumpra as suas ordens sem questionar.
O político medíocre sofre de complexos de inferioridade e afasta todos aqueles que tenham mais competências. Razão pela qual nunca consegue apresentar propostas e soluções credíveis.
O político medíocre rege-se pelo ditado “se não consegues vencer, junta-te a eles” ao invés de se esforçar pela luta das suas convicções, dos seus princípios, dos seus valores ou das suas ideias.
Infelizmente o político medíocre como tem poucas alternativas fora da política, cola-se e não sai e expulsa os bons políticos que além de terem alternativas fora deste meio não se sentem bem ao lado dos políticos medíocres.
Exactamente caro Cefaria… no privado não têm lugar porque não possuem capacidades nenhumas… a não ser que o privado seja alguma empresa do Manuel Godinho e companhia…
Concordo contigo apesar de achar que ao fazeres esta definição pode indiciar que todos assim são quando sabemos bem que não é…
Mas em relação a isto noutro dia um amigo meu de uma estrutura partidária (que não a minha) dizia-me que estes a quem te referes são muito importantes em qualquer estrutura pois fazem o que os outros não querem e como vivem daquilo têm tempo para se ocupar com questões menores mas necessárias a uma qualquer estrutura. É o real politics portugues….
Caro Fernando,
Eu faço aqui o retrato do político medíocre, e digo que a política está repleta de gente desta, mas não digo que são todos. Obviamente há sempre excepções que confirmam a regra, e felizmente ainda há alguns bons políticos. Eu próprio já escrevi sobre alguns deles aqui.
Em relação ao resto discordamos. É sempre preciso fazer trabalhos “menores”. Mas se houver vontade e sentido de missão, todos o farão. Antigamente, os próprios candidatos andavam a colar cartazes e a distribuir panfletos e brindes. Hoje já não se “dão a esse trabalho”. Mas por aí se vê o que querem realmente. É o tacho, é o “filet mignon”. Não querem ter trabalho para “lá chegar”.
Ora, esses que assim são, que não querem dar-se a “trabalhos menores” são precisamente os políticos medíocres.
acredito que quando os políticos não tomam o caminho da mediocridade eles perdem os eleitores…pq esses sim são em sua grande maioria mediocres.