Infelizmente, o mundo hoje é feito de radicalismos. Ou muito acima ou muito abaixo, ou muito à esquerda ou muito à direita, ou besta ou bestial. Não há equilíbrio, o que curiosamente é o que faz com que o planeta subsista e seja possível haver vida.
Em democracia todos devem estar representados, mas governa-se para a maioria. Deve portanto ser-se equilibrado, razoável e ter-se bom senso, não entrando em extremismos. É este o comportamento que se deve ter em política (políticos e eleitores).
A realidade mostra-nos o contrário. Cada vez mais a vida política é feita de extremos. Vejamos o exemplo do Brasil. Endeusaram Lula e agora endeusam Dilma Roussef. Mas se perguntarmos porquê, ninguém sabe dizer mais do que umas banalidades.
As pessoas deixam-se levar pelo que diz a comunicação social, e nem sequer pensam pela sua cabeça ou procuram informar-se. Depois admiram-se quando acontecem casos como o de Barack Obama. Foi o endeusamento total, e depois a desilusão.
O facto é que Dilma e Lula são considerados heróis, mas o mérito tem de ser dado em grande parte à governação anterior, de Fernando Henrique Cardoso. Foi este que definitivamente soltou o Brasil e o lançou para ser um dos países mais fortes do mundo.
Fernando Henrique acabou com os monopólios, criando concorrência. Tratou do déficit brasileiro, atacando os “cancros” do Estado e privatizando empresas e bancos, que contribuiam muito para ele. Reformou o Estado e a Constituição, facilitando a atracção de empresas estrangeiras.
Foi com ele que foram aprovadas leis para crimes financeiros, tortura policial e também um novo código para diminuir os acidentes nas estradas. Aprovou uma lei de responsabilidade fiscal, que exigia rigor na execução dos orçamentos públicos (p.ex. limitava o endividamento dos estados e municípios).
A Educação foi uma grande aposta de Fernando Henrique, criando um programa social destinado aos mais pobres (Bolsa Escola), e também fomentou o investimento privado em educação superior. Com isto conseguiu um crescimento notável ao nível da qualificação.
As infraestruturas não foram esquecidas criando rodovias, dignas desse nome, nos eixos mais importantes para a economia. Ligou não só cidades brasileiras mas também o Brasil a outros países da América Latina.
Foi por causa de tudo isto que o Brasil foi considerado uma potência emergente e hoje é uma das maiores economias do mundo. Isso não se deve a Lula nem a Dilma, que apenas “surfaram a onda” que Fernando Henrique criou.
Subscrevo. Bom post.
Obrigado Nuno. É sempre bom ter-te por aqui a “beber uns finos”… 😉
Eu preferia dizer que o sucesso de Lula tem uma cota parte de FHC, até porque Lula poderia ter desbaratado tudo, basta olhar para dentro das portas do nosso Portugal para perceber como isso era possível.
Caro cefaria,
Com certeza que Lula não desbaratou o que FHC construiu, esse é um mérito que tem de ser dado a Lula. De resto não quis, com este post, dizer mal dele. Apenas não gostei que endeusassem Lula (e agora Dilma) sem perceber que ele apenas aproveitou (pelo visto, bem) o que FHC conseguiu. É que a comunicação social (de maioria esquerda) parece querer convencer que foi Lula que tornou o Brasil na potência que é hoje.
Bom texto. Diz muitas coisas que outros tentam esquecer.
Concordo contigo Luis. Endeusam os actuais e esquecem quem inicio as mudanças.
Caro Fernando,
Nem se trata tanto de se esquecer quem de facto iniciou, trata-se de – por tudo e por nada – criar heróis, deuses, messias que logo à primeira vista (pelo menos para quem está atento) estão longe de o ser. Mas como isso vende jornais… toca de endeusar o primeiro badameco que aparecer…