Sà Carneiro sempre defendeu que o presidente do partido não deveria ser o PM. Aliás, quando ganhou as eleições em 1979 reuniu o Conselho Nacional do PSD e disse que só aceitava a indigitação para PM se o libertassem das funções de presidente do partido. Nessa altura o PSD compreendeu e acedeu à vontade do seu líder, dispensando-o dessas funções e passando a presidência para Leonardo Ribeiro de Almeida.
Não sei se Pedro Santana Lopes defende esta ideia com as mesmas intenções de Sá Carneiro. Provavelmente não, já que em 2004 acumulou o cargo de chefe do Governo com o de presidente do PSD. De qualquer forma, parece-me uma boa solução, apesar de admitir que nos dias que correm – com a pressão constante da comunicação “dita” social e da opinião pública – seria preciso uma excelente harmonia entre as duas figuras.
Além disso, a ideia teria de colher também dentro do PSD, o que não parece fácil dado que não há muito tempo, passou pela cabeça de um líder – Luís Filipe Menezes – esta solução. A certa altura LFM pensou que seria melhor, outra pessoa ser candidata a PM. Infelizmente um grupo influente no PSD (o mesmo que ajudou a “derrotar” LFM) não aceitou a ideia, mesmo que o convite tivesse sido feito a um deles. Não surpreende portanto que Capucho (que faz parte desse grupo) tenha rejeitado esta solução agora.
A ideia de que o Presidente do partido não deve ser Primeiro-ministro não é descabida. A defesa dessa ideia talvez tenha sido, inclusive, o único acto de superioridade que Menezes teve enquanto líder. Mas o facto é que o PSD está de tal forma podre que nenhum dos candidatos aceitará essa ideia. O que prova apenas isto: nenhum candidato está disponível para comandar o partido, congregando forças de forma a que uma outra personalidade possa vir a ser PM. O grande objectivo de quem se candidata a líder do PSD é exercer o cargo público mais desejado. No fundo, todos se estão a borrifar para o interesse geral. Menezes tinha vários problemas (eu, pessoalmente, não o suporto), que nem sequer lhe permitiam ser presidente do partido, Santana foi incoerente quando foi PM. Mas é por causa destas pequenas coisas que Sá Carneiro era um homem a sério e a corja que anda pelo PSD nos dias que correm devia andar a chafurdar na lama.
Concordo contigo. O partido não está bem. Mas não estamos aqui para o reavivar? Não quisemos este congresso extraórdinário para inverter o rumo das coisas? Então, tentemos defender esta solução. Parece-me bem. Boa ideia de PSL.
Menzes tinha alguns senãos, mas ao menos foi humilde ao ponto de assumir. E tem de se dar valor a isso. Santana foi muitas coisas, mas nunca incoerente. Aí não concordo contigo.
É um facto que depois de Sá Carneiro ter sido o político que foi, deve muitas vezes dar voltas no túmulo ao ouvir alguma corja a invocar o seu nome… em vão.
Luís,
como já escrevi, acho que este Congresso seria uma oportunidade fantástica para inverter o rumo das coisas. Infelizmente o PSD está completamente minado e precisa de uma purga. Este Congresso vai ser uma feira de vaidades e de vazio. Quem lá for para dizer “o partido está mal, proponho isto e isto, e nenhum dos senhores está a ser sério o suficiente para enfrentar o óbvio” vai falar para o boneco. Os lúcidos do PSD são tomados como loucos e ninguém lhes liga.
Já agora, tu vais ao Congresso? Ainda nos vemos por lá.
Caro Nuno,
Também já escrevi há uns dias atrás: “Avizinham-se tempos em que vários militantes do PSD vão dar motivos para que a comunicação “dita” social e a opinião pública possam fazer trovas burlescas e satíricas do partido. Digo isto porque estou convencido que o combate pela liderança do PSD será feito pela negativa.”
No entanto parece-me que há 3 ou 4 figuras respeitadas no partido que podem ir ao congresso mudar um pouco as coisas e levar um ponto de vista mais positivo.
Pelo que se houve parece que no congresso só falará PPC, JPAB ou PR e os seus apoiantes. Mas não. Falarão também Rui Rio, Marques Mendes, Marcelo R.Sousa (assim se espera), LF Menezes, etc.
Se estes tiverem – como têm tido – bom senso, podem dizer o que sugeres “o partido está mal, proponho isto e isto, e nenhum dos senhores está a ser sério o suficiente para enfrentar o óbvio” e serão ouvidos.
Se será o suficiente? Não sei. Espero que sim. Veremos.