Olha para o que eu digo, e não para o que eu faço

Durante muitas edições nos últimos anos, o Jornal Entre Margens publicou um inquérito/entrevista a uma figura do concelho de Santo Tirso. O inquérito foi feito a pessoas ligadas às mais variadas áreas da sociedade, desde a Política à Cultura.

Entre as pessoas entrevistadas estiveram três protagonistas políticos ligados ao PSD. Andreia Neto, Carlos Pacheco e Rui Baptista. Permitam-me eles recordar e comentar algumas das respostas que deram na altura em que foram entrevistados.

A pergunta era: “Que nome lhe ocorre para suceder a Castro Fernandes?“. Andreia Neto (deputada na AR pelo PSD) e Rui Baptista (Presidente da JSD) estiveram em sintonia, enquanto que Carlos Pacheco se destacou com uma reflexão mais profunda.

Andreia Neto respondeu: “O candidato que vier a ser indicado pelo PSD Santo Tirso“. Rui Baptista respondeu: “O próximo candidato do PSD à Câmara Municipal“. Ou seja, tal como no futebol, não interessa quem é, desde que seja do meu clube. Eloquente.

Carlos Pacheco falou melhor: “Ainda nem sequer pensei nisso, nem estou muito preocupado com nomes. Mais que nomes ou partidos, o que realmente me motiva são os projectos. É a vontade de fazer mais e melhor pela nossa terra. É nisso que acredito!“.

Nesta altura eu já estava surpreendido pela positiva com o discurso do Carlos, mas ainda fiquei mais: “O problema da maioria dos nossos governantes é estarem fechados dentro dos seus gabinetes, sem quererem ouvir outras opiniões senão a sua“.

E o Carlos não se ficou por aqui. Acrescentou “Quem está no Poder Local está, acima de tudo, ao serviço de quem o elegeu, ao serviço da população e, como tal, deve governar para ela mas, sobretudo, com ela“. Excelente, pensei, tem toda a razão.

A verdade é que o Carlos mais uma vez seguiu o ditado: Olha para o que eu digo, e não para o que eu faço. No recente processo de escolha do candidato do PSD, votou o nome de Alírio Canceles sem ver um projecto e sem ouvir a opinião dos militantes.

Quanto ao Rui e à Andreia, foram coerentes com o que disseram, o que a CPC do PSD Santo Tirso escolher é quem eles acham o melhor. Demonstram é falta de sentido crítico, liberdade, e capacidade de pensar pela própria cabeça. Essenciais na política.

A JSD Santo Tirso é outra desilusão

Durante quase 10 anos militei na JSD. Durante esse período fiz parte de várias estruturas locais e regionais. Um dos meus objectivos era provar que a Jota não era o “braço armado” do PSD. Não servia apenas para fazer número em campanhas.

Na verdade a JSD tem sido, a nível nacional, a única Jota que de facto contribui para a discussão pública de temas importantes para os jovens e a sociedade em geral. Desde cedo se tornou independente do PSD, confrontando-o muitas vezes.

Foi também por isto que em 2004 formei uma equipa candidata à Comissão Política Concelhia da JSD Santo Tirso. Queria que a Jota se regenerasse e liderasse o debate político, transformando-se numa referência para todos os Tirsenses.

Quem venceu essas eleições foi a equipa de Carlos Pacheco, que ocupou os lugares da estrutura concelhia da JSD até à chegada de Rui Baptista. Em ambos, apesar de tudo, confesso que depositei algumas esperanças. Para fazer da JSD um farol.

A verdade é que a JSD Santo Tirso se limitou a seguir o PSD Santo Tirso. Não liderou o debate político, não se abriu à sociedade, não atraiu os jovens Tirsenses. Focou-se apenas nas actividades internas, onde participam sempre os mesmos.

Mas tendo em conta a forma como decorreu o processo de escolha do candidato Autárquico do PSD, eu esperava sinceramente que a Jota se levantasse e pusesse ordem na mesa. Ao invés, a Jota ficou em silêncio e o seu presidente foi conivente.

Fico mais uma vez desiludido. Desta vez com o presidente da JSD Santo Tirso, Rui Baptista. Ele que escreveu na sua mensagem “a JSD sem ti não faz sentido, sem os jovens, sem a ambição e irreverência que caracteriza a nossa geração não tem razão de ser“.

Cabe-nos a nós, jovens, lutar por um concelho, um país, um mundo melhor para todos. O futuro aos jovens pertence. Não vamos deixar que estes políticos de hoje hipotequem as gerações vindouras“. Palavras bonitas. Acções que não correspondem.