A lei da rolha serve a alguns

Também não concordo com esta norma do silêncio nos 60 dias que antecedem as eleições, e votaria contra se estivesse no congresso. Penso que os militantes, se o são de livre vontade, devem ser responsáveis e têm o dever de lealdade para com o PSD. Devem saber que ao dizer mal do seu partido estão a dar votos ao adversário – principalmente se se tratarem de militantes com relevância e tempo de antena nos média. Era realmente dispensável darmos razões para que nos satirizem. Mas vamos lá a ver o seguinte:

1. Esta norma só aparece por causa de militantes como Cavaco, Menezes, Pacheco, Passos Coelho, etc. Foi por causa deles (e doutros) – que não descansaram enquanto não derrubaram o presidente do próprio partido – que alguém pensou nesta aberração de norma.

2. Acho incrível o facto de, no congresso, não se ter ouvido sequer uma voz contra esta norma. Houve até militantes, como PPC que pelo visto nem sequer votaram contra, apenas se abstiveram. Mas depois de saírem e vendo que a comunicação “dita” social e a opinião pública não tinham gostado, desataram a proferir declarações contra a dita norma.

De qualquer maneira podiam resolver-se as questões de lealdade ao partido de outra forma menos comunista. Aliás, penso até que nos actuais estatutos já existem normas que castigam militantes (até com expulsão) por comportamentos menos próprios para com o partido. Mas se esta “lei da rolha” (como lhe chamaram alguns) fosse para entrar em vigor, já sei a quem ela servia…

Se alguém precisava da “lei da rolha” esse era Fernando Costa. Precisava que lhe pusessem uma rolha na boca e outra na garrafa do vinho. O autarca da Caldas subiu ao púlpito para dizer bojardas e mesmo assim houveram militantes, alguns com responsabilidades, que me disseram que ao dizer isto estava a querer desviar a atenção do conteúdo do discurso.

Que conteúdo? pergunto eu. “Traga-me um copo de vinho que água é para meninos” ou “se eu não mentisse não era presidente de câmara“. Elogiar o discurso de Fernando Costa é tão mau para o PSD como a aprovação da tal norma.

Mas o facciosismo e a cegueira de alguns militantes (eu entendo, o poder está á vista e os lugares no aparelho de estado começam já a ser escolhidos) resolveu fazer com que se desse relevância e se defendesse o indefensável, apenas porque Fernando Costa demonstrou apoio a PPC. Como alguém disse no twitter “O autarca das Caldas transformou-se no símbolo de um certo PSD que se revê em PPC“.

No meio disto tudo, haja pelo menos alguém com bom senso. José Pedro Aguiar-Branco vai “junto do conselho de jurisdição, levantar a inconstitucionalidade da medida” e tentar “impedir a entrada em vigor da norma”. No caso de ser eleito presidente “Se o pedido ao conselho nacional de jurisdição não surtir efeito, uma vez presidente do partido vou promover essa alteração”.

PSD tem passado, presente e muito futuro

Ainda há nos quadros do PSD grandes homens, grandes politicos, grandes pensadores. Entre outros: Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes, Alberto João Jardim ou Luis Marques Mendes. Estes, foram dos poucos que utilizaram bem o congresso (o orgão máximo onde se devem discutir opções para PSD e Portugal) e mostraram respeito pelos militantes. Subiram ao púlpito e discutiram, reflectiram e fizeram propostas para o partido e para o país. Incutiram a discussão de ideias e ideologias. Não fizeram campanha eleitoral.

Infelizmente estes não foram correspondidos nem pelos seus companheiros com responsabilidades, nem pelos congressistas, nem pela comunicação “dita” social. Os primeiros – à excepção de alguns como p.ex. Aguiar Branco – apenas se preocuparam em fazer campanha eleitoral e declarar apoio a um dos 3 candidatos. Muitos dos congressistas estiveram lá apenas para cacicar, e nem sequer respeitaram quem falava – R.Machete foi até obrigado a pedir menos ruído na sala (qual prof. da primária). Quanto aos jornalistas só falaram de tácticas e cenários individuais – o que seria melhor para Cavaco, Portas, Sócrates ou para os 3 candidatos. Sobre ideias e soluções para país ou partido, nada!

Aliás a vergonha dos media chegou ao ponto de darem honras de directo e de reportagem a F.Costa, um militante que, entre outra bojardas, disse “traga-me um copo de vinho, água é para meninos […] se não mentisse não era presidente de Câmara”. Houve até um imbecil comentador que na rádio disse ter sido este o melhor momento do congresso.

É por estas e por outras que o PSD perde credibilidade e é satirizado. Estes episódios não abonam nada a favor do PSD. Mas há militantes que ainda não se convenceram disso. Ou pelo menos não se convencem por conveniência. Comentei na altura do discurso de F.Costa que este era mais um Tino de Rãs e que o facto de ter chamado a atenção dos media não era necessáriamente bom. Um militante que prezo, apoiante de PPC veio logo dizer-me que F.Costa estava no PSD desde 74 com Sá Carneiro. Ora, ter apertado a mão ao fundador não faz de ninguém um bom político, senão garanto-vos que arranjava maneira de apertar a mão ao Cristiano Ronaldo.

Dos 3 companheiros de que tanto se fala, JPAB esteve melhor, com mais conteúdo. Transmitiu força, determinação e energia para reformar Portugal, trouxe ideias novas e claras. PR teve um bom discurso, que foi uma cópia do que tinha feito no Porto na semana passada. De qualquer forma não me convenceu ainda. PPC desiludiu e muito. Queria passar uma imagem de estadista e acabou a dar tiros nos pés. Além disso criou deliberadamente fracturas internas ainda maiores.

Também houve tempo para ouvir alguns remoques, principalmente de ex-líderes. Pedro Santana Lopes esteve bem, a meu ver, atacando Cavaco Silva por causa da “má moeda” ou PPC por causa da sua postura em ano de 3 eleições. Luís Filipe Menezes também disse muitas verdades sobre o tempo em que foi presidente. De qualquer maneira queixou-se da “belicosidade interna” e pediu para acabarem com ela, mas diga-se que não deu o exemplo.

De uma maneira ou de outra, viu-se que o PSD está vivo. Tem um grande passado, um presente bem vivo, e poderá ter um futuro muito risonho se assim os militantes quiserem. O primeiro sinal deve ser dado já no dia 26 Março aquando das directas. Os militantes deverão ir votar em massa, e escolher o que será melhor para o PSD voltar a ser o de Sá Carneiro e de Cavaco Silva. Altura em que conseguimos conquistar o povo e governar Portugal.

Santana Lopes reaviva ideia de Menezes que Sá Carneiro levou a cabo

Sà Carneiro sempre defendeu que o presidente do partido não deveria ser o PM. Aliás, quando ganhou as eleições em 1979 reuniu o Conselho Nacional do PSD e disse que só aceitava a indigitação para PM se o libertassem das funções de presidente do partido. Nessa altura o PSD compreendeu e acedeu à vontade do seu líder, dispensando-o dessas funções e passando a presidência para Leonardo Ribeiro de Almeida.

Não sei se Pedro Santana Lopes defende esta ideia com as mesmas intenções de Sá Carneiro. Provavelmente não, já que em 2004 acumulou o cargo de chefe do Governo com o de presidente do PSD. De qualquer forma, parece-me uma boa solução, apesar de admitir que nos dias que correm – com a pressão constante da comunicação “dita” social e da opinião pública – seria preciso uma excelente harmonia entre as duas figuras.

Além disso, a ideia teria de colher também dentro do PSD, o que não parece fácil dado que não há muito tempo, passou pela cabeça de um líder – Luís Filipe Menezes – esta solução. A certa altura LFM pensou que seria melhor, outra pessoa ser candidata a PM. Infelizmente um grupo influente no PSD (o mesmo que ajudou a “derrotar” LFM) não aceitou a ideia, mesmo que o convite tivesse sido feito a um deles. Não surpreende portanto que Capucho (que faz parte desse grupo) tenha rejeitado esta solução agora.

Agressividade 1-0 Ruptura

Pode-se dizer que José Pedro Aguiar-Branco (JPAB) venceu o debate com Paulo Rangel (PR) por uma margem bem maior do que aquela que Passos Coelho (PPC) conseguiu e isto deveu-se principalmente a dois factores. O primeiro, a agressividade (no bom sentido) de JPAB que surpreendeu PR e tornou-o nervoso e intranquilo. O segundo, o desmantelamento da “ruptura” que JPAB conseguiu fazer melhor do que PPC afirmando que PR diz querer romper mas depois recusa substituição do governo ou demissão do PGR, que fala em ideias de ruptura que já estavam no programa do PSD às legislativas 2009, ou até que chama ruptura a propostas que foram de Elisa Ferreira.

Nervoso e intranquilo PR tentou colar JPAB a PPC, sabendo que estava a ser desonesto intelectualmente, o que não lhe ficou bem. Tal como não ficou, ter dito que na campanha para as europeias não achou que o tema da asfixia democrática fosse relevante (para se demarcar da campanha das legislativas) parecendo esquecer-se que ainda há pouco tempo levou o tema ao PE. Alguma importância deveria ter.

Mas uma coisa é verdade, e PR tem razão, até agora só se falou das suas propostas. Seria desejável que se falasse das dos outros dois candidatos, mas o facto é que poucas ou nenhuma apresentaram em concreto. Aguarda-se pelo congresso. No entanto houve uma coisa que me ficou no ouvido, e que me parece importante, JPAB afirmou que apostará na regionalização como forma de descentralizar.

Foi escusada a comparação de experiência política ou do tempo que cada um tem de militância. Rangel tem razão – e tanto JPAB como PPC deveriam saber isso melhor do que ele – quando diz que o PSD sempre tratou todos por igual. É um partido inter-classista e plural, onde velhos e novos são tidos em conta pelas suas capacidades e não pelo nº do seu cartão de militante.

Mas se isso não cai bem a JPAB ou PPC, também não vi com bons olhos PR ter dito que JPAB não teria estado de acordo com a sua indicação para cabeça de lista às europeias. JPAB sempre teve um comportamento exemplar, de solidariedade e apoio. Inclusivamente, como lembrou, foi coordenador da campanha.

Sobre o Governo, os dois estiveram bem. Concordo com PR quando diz que o tema “moção de censura” beneficia o jogo que o PS quer jogar, de fugir às responsabilidades e vitimizar-se. Gostei da explicação de JPAB, como ninguem ainda o tinha feito, do porquê do PSD ter deixado passar o OE2010, além de que atacou impecavelmente e sem demagogias o PS e Sócrates.

Quanto a Ana Lourenço, repito o que disse: fraca, mal preparada e com perguntas desinteressantes. Nenhuma questão sobre programas ou estratégias, apenas perguntas tipo cocktail molotov para pegar fogo ao debate. É horrível a forma como não consegue ligar uma resposta à pergunta seguinte, a irritação e incapacidade para moderar, os jeitos e o olhar. Quem tem dúvidas aprecie bem a senhora e compare logo de seguida com Judite de Sousa. É como água do vinho.

Remoque 1-0 Ruptura

Olhando ao padrão dos debates em Portugal, Pedro Passos Coelho (PPC) esteve melhor do que Paulo Rangel (PR). Apenas e só porque conseguiu, a espaços, jogar mais baixo. Como que, num pontapé de canto, dar aquelas cotoveladas no estômago do adversário sem que o árbitro veja.

Os seus apoiantes dirão que PPC foi astuto e inteligente, aproveitando os pontos fracos de PR, ao lançar aquelas farpas do “sou militante há 30 anos“, “eu não li livros, estive lá“, etc. Para mim isso não passa de jogo baixo. Quem tem um programa credível não precisa destes remoques para ganhar terreno.

Além de que PPC repetiu várias vezes que “esteve lá” com Cavaco e Sá Carneiro, mas disse que estes não romperam, ao invés, geraram consensos. PPC demonstra assim que, se esteve lá, estava desatento. E PR apesar de estar no PSD há menos tempo, sabe mais da sua história. Sá Carneiro e Cavaco romperam e forte com o partido e com o país.

Lembre-se que Sá Carneiro rompeu até com o seu partido abandonando-o temporariamente, para depois voltar em grande e chegar a 1º ministro. Cavaco também rompeu com o PSD de Balsemão, para depois ser aclamado presidente e chegar a 1º ministro. Como chefes do Governo romperam com a história recente (dessa altura) do país e viraram Portugal para o futuro.

Para já não sou apoiante de PR (quero ver equipas e programas antes de decidir o voto) e não quero comparar a ruptura de PR à ruptura de Sá Carneiro ou Cavaco. Mas o facto é que PR tem razão ao dizer que o PSD venceu quando rompeu com o establishment.

Quanto ao debate de ideias pouco há para dizer. A certa altura PPC e PR tentaram, e bem, direccionar o debate para aí. PPC puxou para a economia (tema que lhe é favorável) e PR para a educação (na qual se sente à vontade), mas depressa a fraca e gótica (toda de preto com aquele crucifixo?!) Ana Lourenço desviou para confronto pessoal, porque é o que dá audiências em Portugal.

O lado positivo das eleições no PSD

Avizinham-se tempos em que vários militantes do PSD vão dar motivos para que a comunicação “dita” social e a opinião pública possam fazer trovas burlescas e satíricas do partido. Digo isto porque estou convencido que o combate pela liderança do PSD será feito pela negativa.

Maquiavel dizia em O Príncipe que havia duas formas de fazer campanha política. Uma delas era dizer bem de si, e a outra era dizer mal do adversário. Temos hoje implantada em Portugal uma única forma de fazer campanha política, e que vai de encontro à 2ª opção ditada por Maquiavel.

Os responsáveis por este estilo de fazer campanha são os políticos que temos tido nos últimos 15 anos. Como estes foram políticos incompetentes, nada mais lhes restava em campanha do que dizer mal do adversário, já que nada tinham para dizer bem de si próprios. Guterres iniciou este estilo e Sócrates aprofundou-o e tornou-se mestre.

A campanha interna no PSD começou há umas semanas, e para já o que tenho visto não me agrada. Têm sido quase nenhuns os militantes que tenho ouvido a dizer bem do seu candidato, ou do programa deste. A maioria apenas tem “blasfemado” os adversários.

Acho que devem ser apontados os aspectos negativos dos candidatos – afinal de contas precisamos de ver o que há de positivo, e também o que há de negativo em cada um, para que possamos fazer uma análise equilibrada – mas tudo tem limites. E para sermos honestos devemos falar verdade.

Vou ser diferente daqueles que tenho ouvido/lido e aponto a seguir alguns pontos positivos de 3 dos 4 candidatos a líder do PSD:

José Pedro Aguiar Branco
1 – É deputado na Assembleia da República
2 – Tem experiência de combate com Sócrates c/ líder parlamentar
3 – É um homem íntegro, responsável, exigente, leal e respeitador
4 – Não é conotado com nenhuma das facções do partido
5 – Demonstrou ter sentido de Estado na gestão de dossiês
6 – Tem experiência governativa como Ministro

Paulo Rangel
1 – É reconhecidamente um homem inteligente, determinado e lutador
2 – Tem experiência de combate com Sócrates c/ líder parlamentar
3 – Já venceu, pelo PSD, umas eleições disputadas a nível nacional
4 – Pouco ligado à “máquina” partidária (pouco tempo de militante)
5 – A sua figura e retórica são convidativas e persuasivas
6 – Tem experiência governativa como secretário de Estado

Pedro Passos Coelho
1 – Conhece a história e a dimensão cívica do PSD
2 – Não está ligado a governos PSD do passado
3 – Teve a oportunidade de ver de perto como trabalhava Cavaco Silva
4 – Tem background de gestão de recursos e pessoas
5 – Tem boas ideias sobre economia em geral
6 – Conhece diversas áreas do mercado empresarial

Carta aberta aos militantes PSD de Santo Tirso

Um amigo meu recebeu na 2ª feira dia 1 Fevereiro, na sua caixa de e-mail, uma mensagem enviada por Alírio Canceles (ex-presidente do PSD Sto Tirso) que, pelo visto, me era dirigida. Eu, nada recebi. Segundo ele acusava-me de várias coisas, entre elas atacar o PSD e os seus dirigentes a partir de um blogue anónimo. Dizia que eu tinha objectivos partidários pessoais inconfessáveis e que desejava a derrota do PSD. Esse amigo deu-me conhecimento reencaminhando-me o mail. Pude verificar que o mail teria sido também enviado para mais pessoas (militantes e não militantes do PSD). Com que objectivo?

Quem me conhece sabe que sou uma pessoa atenta à blogosfera, reconheço-a como veículo importante da comunicação de hoje. Já tive e colaborei em vários blogues e actualmente escrevo apenas em https://eramaisumfino.wordpress.com. A internet não é uma ferramenta imóvel, mas movimenta-se, e as pessoas nela. Diariamente envio para familiares e amigos links de blogues (jornais, sites, etc) com artigos que sugiro para leitura. Faço-o desde 2003, altura em que descobri o mundo dos blogues, quando ainda muito poucos sabiam o que isso era. Quando muito poucos ainda utilizavam com frequência a internet e o correio electrónico. Envio sugestões de visitas a todo tipo de blogues.

Uma pessoa que perceba minimamente como funciona este mundo global da internet, sabe perfeitamente que qualquer pessoa pode registar um mail, um site, um blog, etc com o nome que quiser. E para isso não precisa de provar que é “dono” do nome em causa. Essa poderá ser uma das lacunas da World Wide Web, mas o facto é que assim é, e ninguém pode controlar isso. Qualquer um pode registar um mail em nome de “Alírio Canceles”, abrir uma conta no youtube com o mesmo nome, e fazer o upload das escutas entre o Sócrates e Vara. Qualquer um pode registar um blogue com o nome alíriocanceles.blogspot.com e escrever o que quiser sobre José Sócrates assinando “Alírio Canceles”.

Terminada a aula de tecnologias de informação sobre a www, é altura de falar da tal “verdade” que Alírio refere:

1 – Não fui eu que produzi ataques de carácter pessoal. Conhecidos Tirsenses, que presenciaram, perguntaram-me o porquê de alguns dirigentes do PSD e JSD Sto Tirso me insultarem gratuitamente em locais públicos, sem a mínima preocupação (qual Sócrates no caso Mário Crespo). Pelo contrário, quando falo dos dirigentes do PSD Sto Tirso, posso atacá-los, mas apenas e só pela sua (in)capacidade política.

2 – Não sou eu que ando a fazer do PSD um instrumento para atingir objectivos pessoais e profissionais. Estou na política com sentido cívico e de missão, e não para me aproveitar de qualquer cargo que possa vir a ocupar. Coloco sempre os interesses colectivos (do PSD e de Santo Tirso) à frente dos pessoais. A prova disso é que nunca exigi (ao contrário de outros), nem nunca aceitei ter lugares em listas candidatas a eleições.

3 – Não sou eu o divisionista, o ressabiado ou o fomentador de facções. Candidatei-me em 2004 à presidência da JSD, concorrendo com Carlos Pacheco. Perdi, mas no entanto colaborei com a CPS vencedora, enquanto presidente do Núcleo de Sto Tirso/S.Miguel do Couto. Organizamos conferências e participamos em várias outras actividades. Em 2006 integrei uma lista candidata à CPS do PSD concorrendo com Alírio Canceles. Perdi, mas ainda assim colaborei com a CPS vencedora. Organizamos sessões de esclarecimento, participamos em todas as actividades e estivemos envolvidos na campanha autárquica 2009 a 100%.

4 – Não fui eu que nada fiz pelo PSD. Nas eleições autárquicas de 2001 e 2005 dei o melhor de mim. Corri o concelho ao lado dos candidatos. Desde a sempre divertida colocação de cartazes pela noite dentro, conduzi carrinhas de som, distribui propaganda, ajudei na logística e finalmente conversei com as pessoas, mostrando-lhes o nosso programa. Tentando ser persuasivo e convincente para ganhar votos. Posso dizer que em certas alturas estive mais envolvido, e dei mais de mim do que provavelmente alguns dos que me atacam. Sublinhe-se que em nenhuma destas duas eleições eu fiz parte de qualquer lista. Trabalhei desinteressadamente em favor do PSD e de Santo Tirso.

5 – Não sou eu que depois de meia dúzia de dias de militância e 2 campanhas volvidas me acho o militante que mais fez pelo PSD (aliás isso soa-me mal, tal como quando Sócrates disse que ainda estava para nascer um PM que fizesse mais pelo défice. Viu-se!) Nem eu, que desde que me conheço ando em campanhas pelo país, me acho o mártir do PSD. Já andei em Presidenciais, Legislativas, Europeias, Autárquicas. Já passei por dezenas de distritos e concelhos. Já fiz de tudo, desde distribuir autocolantes até participar em sessões de esclarecimento. Tudo, desinteressadamente. Note-se, nunca integrei nenhuma lista. Alírio Canceles e companhia estão nestas andanças desde que a política é vista como um trampolim, e apenas deram o corpo ao manifesto quando eram candidatos. Não recebo, portanto, lições de militância destes senhores, posso é dá-las.

6 – Não fui eu que nas Autárquicas 2009 andei a ligar ao responsável da campanha a uma junta para exigir que colocassem fotos minhas no site da candidatura. Não fui eu que no dia da apresentação dessa candidatura armei uma “cena” porque, para me mostrar, queria discursar (graças a Deus que Zé Pedro Miranda não cede a pressões e essa pessoa não falou). Eu não tenho sede de protagonismo. Não existe nenhuma foto minha em sites de candidatura.

7 – Não sou eu o autista que odeia discussão ou diálogo. Não sou eu que não admito que haja pessoas a pensar diferente de mim, e que livremente se expressem com pluralidade construtiva. Nas reuniões que ao longo do tempo tive com os que me atacam, sempre fui respeitador. Sempre soube ouvir e compreender, apesar de não concordar. Educadamente contrapus e tentei expor o meu ponto de vista. Nunca rejeitei qualquer contacto com aqueles de quem politicamente discordava.

8 – Não fui eu que não tive a desvergonha de assumir diante de companheiros de partido que tinha como objectivo chegar ao cargo de vereador. Não fui eu que com todo o desplante assumi frontalmente que queria ser candidato nas próximas eleições. Eu não quero, e já o provei. Recusei convites para fazer partes de listas candidatas porque não tenho qualquer ambição política. Tenho uma vida profissional no privado que me preenche, realiza e onde sou bem sucedido. Não preciso da política para “ser importante” ou para “ganhar dinheiro”.

9 – Não fui eu que nem corei quando assumi na frente de outros militantes que queria “enganar” os estatutos ao recuar para o lugar de vogal de uma CPS, para poder ser presidente em 2012 e assim decidir quem é candidato e quem integra as listas. Não fui eu que reconheci querer manipular a pessoa que escolhi para me substituir temporariamente no lugar de presidente. Eu sempre respeitei as regras do jogo e os militantes do meu partido. Mesmo em eleições de lista única, para o núcleo da JSD, sempre segui todos os trâmites e nunca falhei sequer com a recolha das assinaturas necessárias.

10 – Não sou eu que avalio as pessoas em função da sua ligação politica, de amizade, ou de outros interesses. No trabalho pelo partido, sempre fiz os possíveis para aproveitar as melhores competências de todos os meus companheiros. Se o sr.A é eficaz a colar cartazes, venha ele. Se o sr.B é politicamente capaz, venha ele. Ao contrário de outros nunca rejeitaria pessoas comprovadamente capazes de ajudar o partido e o concelho, por puro sectarismo. Algo que Alírio Canceles fez, quando tentou boicotar algumas iniciativas que o núcleo de Sto Tirso teve e que, segundo ele, poderiam ofuscar o trabalho da CPS. Algo que voltou a fazer quando boicotou os 2 nomes indicados pelo núcleo para a lista candidata à Assembleia Municipal 2009. Se Alírio reconhecesse, como diz, o mérito das pessoas, aproveitava quem revitalizou 2 dos mais importantes núcleos do PSD, de quem organizou actividades sobre temas importantes com o intuito de mobilizar o partido e esclarecer a população, de quem dá credibilidade ao partido junto da sociedade civil.

11 – Não sou eu que preciso do cacique para chegar ou me manter no poder. Sempre que me apresentei a eleições no PSD concorri honestamente com um plano de estratégia política e com um plano de actividades. Dei conhecimento da minha candidatura a todos os militantes e esperei que votassem em mim pelo projecto. Nunca fiz, nem farei o que outros fazem. Apresentar-se a eleições sem programa, só porque sim, e depois andar a cacicar e a trazer os famosos autocarros com militantes para votar.

12 – Não fui eu que andei a inscrever como militantes pessoas que não se reviam no PSD, e nem sequer se interessavam por política. Não fui eu que lhes prometi “favores” quando um dia estivesse no poder. Não fui eu quem não teve vergonha sequer de assumir: “Tenho amigos que até são de esquerda, mas fi-los militantes só para eles votarem em mim. Depois quando puder retribuo o favor, ou não… haha“. Jamais faria uma coisa destas ao meu partido. Jamais me aproveitaria de amigos ou de pessoas intelectualmente menos capazes. Jamais até, gastaria dinheiro do meu bolso para pagar quotas seja a quem for.

13 – Não fui eu que me envergonhei um pouco, mas mesmo assim disse na frente de outras pessoas, que queria tirar um curso superior para que pudesse “subir” no aparelho partidário, na política. Eu tirei o meu curso superior na altura devida e com o objectivo de me valorizar pessoal e profissionalmente, pois o mercado de trabalho é exigente. Não o fiz para que pudesse ser chamado de “doutor” ou “engenheiro” em qualquer debate político, ou para poder ser considerado “superior” numa estrutura partidária. Não tenho esse tipo de complexos de inferioridade.

14 – Não sou eu que ando pelos congressos nacionais, assembleias, reuniões ou campanhas a bajular dirigentes distritais do PSD. Portando-me como um “yes man” para os agradar, fazendo-lhes vénias. Eles é que me fazem vénias quando passam por mim, não por eu ser importante, mas pelo respeito mútuo que existe. De qualquer maneira, ao nível partidário, e tal como já tive oportunidade de dizer num plenário concelhio, são eles que precisam de nós para estarem naquele lugar, e não o contrário. Nós é que somos as bases, os donos do partido. Nós é que os elegemos.

15 – Não sou eu que sonho um dia poder privar com dirigentes nacionais do PSD que endeuso, e vou para os congressos de máquina em riste, ou tentando aparecer por trás deles quando estão a ser filmados pelas televisões. Já tive a oportunidade de privar com vários e não fiz disso nenhum troféu. Nem sequer registei essas alturas, é uma coisa normal, são pessoas como outra qualquer. E não preciso de andar a tentar fazer-me passar por amigo de algum deles. Efectivamente conheço pessoalmente alguns, e por outros até tenho mesmo amizade. Mas não me vanglorio por isso.

Sei distinguir as coisas, sei o que é democracia, sei o que é pluralismo, sei viver em sociedade. Tenho princípios, valores, carácter e personalidade. Sei discutir livremente, sei ouvir, sei respeitar os concorrentes, e também sei dar-me ao respeito. Tenho coragem para dizer o que penso, seja a quem for, e penso pela minha própria cabeça. Sou moderado e tenho bom senso. Conheço a história, os ideais e a dimensão cívica do PSD. Sei reconhecer o mérito e dar valor a quem está na política desinteressadamente e com sentido de serviço à população.

Não compactuo com gente sem carácter, gente desonesta intelectualmente, gente que não tem coragem de falar na frente, gente que foge ao confronto de ideias. Não posso deixar passar em claro situações em que pessoas se tentam aproveitar das outras, em que usam o partido como instrumento para atingir objectivos pessoais. Pessoas que só pensam na promoção pessoal, com calculismo, e com a irresponsabilidade de arrastarem o Partido nessa ânsia de poder egoísta. Não me associo a ditadorzinhos.

Para finalizar, dizer apenas que não desejava isto. Pelos vistos, tudo nasceu de um mal entendido que poderia ter sido resolvido entre dois homens. Mas infelizmente um deles é “menino”. Dois dias antes de Alírio Canceles fazer circular o mail – a que respondo com este texto – esteve no mesmo local do que eu. Passou por mim e fez de conta que não me viu. Se fosse um homenzinho adulto dirigia-se a mim e esclarecia as coisas. Em vez disso resolveu “fugir” e, pelas costas, fazer um ataque tão baixo. Hoje, 6ª feira 5 Fevereiro, telefonei-lhe pelas 19h50 para lhe dar conhecimento desta minha resposta antes de a publicar. Não me atendeu o telefone. Nada que eu já não estivesse à espera.

Já agora, para os interessados, o meu mail é luismelo78@gmail.com e o meu website é www.luismelo.org (nada parecido com aqueles que aparecem nas “investigações” do Sherlock Alírio Holmes).

O PSD é das bases. Venha o congresso!


O PSD encontra-se numa situação dificil, não por causa da sua direcção – que tem feito um excelente trabalho na coordenação das acções da bancada parlamentar – mas por causa das sucessivas tentativas de assalto de que tem sido vítima. Tentativas essas que são protagonizadas por “gente de dentro”. Algo parecido com um gestor de um banco, roubar o próprio banco, pensando apenas no proveito pessoal.

Felizmente que ainda há gente com bom senso no partido. Pedro Santana Lopes é, surpreendentemente ou não, um deles. A proposta de um congresso extraordinário, não se prende com nenhum desejo pessoal de chegar novamente a presidente do partido, mas sim com uma vontade de discutir o que querem os militantes para ele.

Claro que a comunicação “dita” social quer fazer crer que PSL quer novamente ser presidente. É isso que vende jornais e faz aberturas de noticiários, mas não se trata disso. Quem o conhece sabe. Trata-se de não deixar desvirtuar o PPD/PSD que foi fundado por Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Magalhães Mota.

Vozes já se levantaram, mesmo dentro do PSD, dizendo que os congressos não servem para nada, nem vão decidir nada. Ora, quem diz isso não sabe o que é realmente o PSD. O PSD são os militantes de base, os “anónimos e desinteressados” que aos “milhares caboucaram, por todo o país, os alicerces do partido, que tinha por si apenas a força de uma ideia de paz, pão, povo e liberdade” como diziam os fundadores Eurico de Melo e Ribeiro da Silva num artigo publicado esta semana no “Público“.

Eu sei que isto custa a ouvir e a entender aos senhores da elite de Lisboa, que pensam que o futuro do partido e do país se decide em tertúlias de acesso reservado. Onde é que os dirigentes podem ouvir as bases e discutir com elas o programa do partido? No conselho nacional não estão as bases. Nem na CPN. Nem mesmo nas CPDs.

O congresso é o orgão máximo do partido onde se deve “definir a estratégia política do Partido, apreciar a actuação dos seus órgãos e deliberar sobre qualquer assunto de interesse para o Partido“. Ouviram senhores?! Não é em escritórios da capital ou em estúdios de TV, é no congresso. E as pessoas que o devem fazer são os delegados eleitos pelas Secções (sim, essas coisas incomodativas que alguém recentemente, na 1ª conferência do IFSC, sugeriu extinguir) e não os auto-proclamados “iluminados”.

O PSD é das bases. Venha esse congresso. Eu já assinei a petição. Mas nem precisava… como diz Pedro Pestana Bastos.

Encomendas blogosféricas


Paulo Marcelo, Jurista e comentador político (mais um), no Diário Económico e no blogue Cachimbo de Magritte tomou a liberdade, tal como Miguel Morgado, de escrever sobre o que deverá ser o PSD. E logo foi elogiado pelos opositores de sempre de MFL que gostam muito da política espectáculo e pouco da política que serve o povo.

Diz o senhor que MFL “não conseguiu (ou não quis?) promover a renovação interna do PSD. Não soube aproveitar uma nova geração de quadros profissionais que colaboraram activamente no Gabinete de Estudos do partido e no Instituto Sá Carneiro” e que “mais do que ideologia, as pessoas querem ouvir propostas concretas para os seus problemas“.

Será que Paulo Marcelo entende por renovação interna o chamamento de Pedro Passos Coelho ou Ângelo Correia, homens que estão no PSD desde a fundação, ou quase? E também gosto da referência ao IFSC. É engraçado como agora, depois do amigo Miguel Morgado ter participado numa iniciativa do IFSC, já todos se referem ao instituto. Dantes nem sabiam que existia. Sou capaz de apostar que mais de metade dos que estavam na 1ª conferência não estarão amanhã na 2ª. Porque eles não foram lá para pensar Portugal e o PSD, foram lá para ver o amigo “brilhar”

Quer este senhor que o PSD “se assuma como o partido da liberdade de escolha na educação e na saúde. O partido do mérito e da igualdade de oportunidades. O partido da sociedade civil, da família e da subsidiariedade. Que defenda um Estado menos intervencionista na economia e nas nossas vidas. Só assim o PSD pode reconquistar a sua base social de apoio, ocupando o seu espaço político natural à direita do PS

Lembro-lhe o que vinha escrito no programa eleitoral do PSD nas últimas legislativas: “Alargaremos progressivamente a liberdade de escolha pelo utente dos prestadores de serviços de saúde […] Discriminaremos positivamente as famílias de menor rendimento e com maior número de filhos […] Valorizaremos o papel das instituições privadas de apoio social […] Criaremos incentivos ao voluntariado na área social, com a valorização, em termos a definir, do respectivo tempo de apoio para efeitos de segurança social“. Paulo Marcelo também se esquece do que MFL vem apregoando há mais de 1 ano sobre o excessivo intervencionismo do Estado e sobre a forma errada de o governo combater a crise, com base em obras públicas.

Começo a ficar farto destas encomendas blogosféricas que apenas vêm desestabilizar ainda mais o PSD, logo num momento em que o país mais precisa de um PSD forte, coeso e atento. Mas pior do que isso é que estas encomendas vêm de dentro do próprio PSD. Vêm daqueles que o querem tomar de assalto. E como sempre são entregues pelos “boys” que “jogam em todos os tabuleiros” à procura de um “job”.

A mesma “receita” – parte III


Parece que o Pedro Lomba (8 Dezembro no jornal Público) concorda comigo quanto à incoerência de Pedro Passos Coelho. Aplica-lhe a mesma “receita” que lhe apliquei no post anterior, baseado na entrevista daquele no JN.