Por razões óbvias não pude estar presente no plenário do PSD Santo Tirso que decorreu na semana passada, e no qual se pretendia discutir o resultado das eleições Autárquicas 2013. Ao que sei, foi um plenário animado e até divertido. Com muita emoção e até murros na mesa.
Já aqui tive a oportunidade de dar a minha opinião sobre o resultado, as suas causas e as suas consequências. Escuso-me portanto a repetir. Está tudo escrito e bem explícito neste post e neste também. Estava curioso por saber o que tinha a comissão política a dizer.
Ao que parece, e segundo o próprio presidente – e candidato copiosamente derrotado à Câmara – a derrota tem duas dimensões. A primeira prende-se com o estado do país e a governação de Passos Coelho. A segunda está ligada a um grupo de militantes detractores.
Quanto à primeira, dizer o seguinte. O estado do país e a governação de Passos Coelho são uma desculpa esfarrapada, fácil e recorrente. Pergunto: se ela é assim tão válida, como conseguiu o PSD vencer na Trofa? E em Braga? (Para citar apenas dois concelhos aqui tão perto).
Quanto à segunda, quero começar por dizer o seguinte. Por entre afirmações e acusações mais ou menos claras, e apresentações com print screens tirados das redes sociais, Alírio Canceles culpou, entre outros, Carlos Valente e eu próprio pela pesada derrota.
Não sou advogado de Carlos Valente, mas apraz-me relembrar que além de ter sido um excelente presidente de Junta de Vila das Aves – onde deu várias vitórias ao PSD – foi também ele o motor e mentor da vitória de Elisabete Faria e do PSD nestas eleições.
Carlos Valente é um dos mais destacados militantes do PSD Santo Tirso e já fez mais pelo partido do que todos os elementos da Comissão Política juntos. Além do mais, muito antes da auto-nomeação de Alírio, tentou a bem levar a que a Comissão Política escolhesse o melhor candidato e estratégia.
Quanto a mim, apenas dizer: objectivo cumprido. Fiz tudo o que estava ao meu alcance para que Alírio Canceles não vencesse as eleições. O facto de ele concorrer pelo PSD foi uma infeliz coincidência que não me fez desviar um milímetro dos meus valores e princípios.
Primeiro Santo Tirso, depois o partido. Era esse o lema de Sá Carneiro, que tantos gostam de citar (e pelos vistos mal, como parece que foi o caso da deputada Andreia Neto, prontamente corrigida por Gonçalves Afonso) mas que muito poucos sabem quem era e no que acreditava.
Sinceramente não sabia que a minha pessoa era assim tão importante e influenciadora para merecer tal destaque: ser considerado pela Comissão Política como um dos maiores culpados pela derrota. Estou convencido que não sou merecedor de tal título. Sou apenas mais um bode expiatório.
Agora venha de lá esse processo disciplinar. Essa proposta de expulsão. Essa queixa ao Conselho de Jurisdição. Será muito divertido ser “julgado” por Manuel Mirra e seus pares. Sim, porque ele faz orgulhosamente parte desse orgão distrital, como muitas vezes faz questão de sublinhar.
De resto, anotar também a falta de dignidade de Alírio Canceles e da restante Comissão Política. Não se demitem. Outros, por esse país fora, com derrotas bem menos pesadas, demitiram-se e convocaram eleições. Naturalmente. Em Santo Tirso assobia-se para o lado.
Pior, em tom de quase ameaça, Alírio Canceles ainda tornou implícito que poderia ser candidato novamente em 2017. É preciso não ter noção nenhuma da realidade, ter muita falta de dignidade, e ser muito autista, para depois do que se passou, ainda ter o descaramento de dizer isto.
Sacudiu a água do capote, atirou as culpas para cima de uns quantos bodes expiatórios, e depois disse “sou o responsável máximo”. Não porque saiba – como facilmente se comprova – o significado desta afirmação, mas porque é o que vem nos manuais do político profissional.
Carlos Pacheco, ciente da derrota, demitiu-se. Uma atitude bem mais digna. Apesar de, a meu ver, ser também ela calculista, tendo em vista a demarcação desta direcção, no sentido de se candidatar à presidência do PSD assim que haja eleições (como se também ele não fosse responsável).
Cabe agora aos militantes – aos que pagam as quotas ou que vão pagar o que têm em atraso; aos mais activos ou menos activos que agora querem definitivamente fazer parte da vida interna do partido e participar na decisão – reflectir e escolher o que querem num futuro próximo.
Deverá estar ligado para publicar um comentário.