Festejou-se os 100 anos da República…

Mas o que acho engraçado é que a república nasceu em Lisboa (agora está moribunda) e vai morrer em Lisboa sem sequer ter chegado ao resto do país.

Em 1910 alguém perguntou aos transmontanos, alentejanos, beirões, madeirenses, açorianos, algarvios, minhotos ou nortenhos, se queriam a república?

Estes, que nunca beneficiaram nada com todas as alterações do sistema político, raramente são consultados, mas depois são os que mais sofrem com as asneiras dos “cérebros” de Lisboa.

Uma questão de “moeda”

Pedro Santana Lopes (PSL) vem criticando o PR Anibal Cavaco Silva (ACS) e não é de agora. Todos se lembrar, por exemplo, da recente “pancada” que PSL deu em ACS no discurso que proferiu no penúltimo congresso do PSD. A critica de PSL a ACS nada tem que ver com a questão da promulgação do casamento gay, esse foi só o último motivo que arranjou.

Todos nos lembramos da “boa e má moeda”, artigo de opinião no qual ACS criticava PSL em plena campanha para as Legislativas 2005. Por causa disto – e também por nunca o ter promovido a Ministro nos seus governos – PSL tem um problema pessoal com ACS (e vice-versa). Problema esse que recentementee também se tornou político, dadas as diferenças de pensamento entre os dois.

PSL está assim a vingar-se, fazendo ACS pagar “na mesma moeda”. Isso, aliado à vontade de se posicionar como futuro candidato (do PSD e do CDS) à PR.

O estranho é esta relação ter começado bem, ao ponto de ACS recomendar PSL no governo de Sá Carneiro, e de ter trabalhado de perto com ele nos seus governos. Nas famosas reuniões do “núcleo duro” (em que estavam ACS, EM, FN e JMDB) às tantas começou a participar também PSL, a pedido de ACS.

A seguir vem o “Lelo Marmelo”


Fernando Nobre vai apresentar a sua candidatura à Presidência da República. Faz ele muito bem. Atrás dele virá com a mesma intenção Manuel João Vieira.

Ou então, a intenção deste anúncio de Fernando Nobre é desviar as atenções das borradas que o Governo tem feito. Ou então, a intenção desta candidatura é mesmo derrotar Manuel Alegre.

DesConsolo de Estado

A lista do PS e do PSD que vai ser votada no Parlamento na 6ª feira propõe para membros do Conselho de Estado António de Almeida Santos, Francisco Pinto Balsemão, Manuel Alegre, António Capucho e José Joaquim Gomes Canotilho.

Ou seja, o Conselho de Estado – órgão político que deverá servir para aconselhar o PR em situações delicadas, e que para isso deve ser extremamente isento – terá na sua composição os mesmos nomes. Entre outros estão: Jaime Gama, José Sócrates, Carlos César, Alberto João Jardim, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, João Lobo Antunes, Marcelo Rebelo de Sousa, Anacoreta Correia, Leonor Beleza, Almeida Santos, Manuel Alegre, Pinto Balsemão, António Capucho e Gomes Canotilho.

Reparem bem nos que estão a bold (negrito). Que isentos, equilibrados, imparciais que eles são. Homens racionais, de bom senso, sem interesses pessoais ou corporativos na situação política do país… ou então não!… Enfim… é isto que temos, é um desconsolo.

Pessoas educadas chegam a horas

Sócrates chega à audiência com Cavaco com cerca de 20 minutos de atraso

É assim que Sócrates demonstra o respeito institucional pelo PR e o respeito pessoal por Cavaco Silva.

Depois de ter feito esperar a plateia inteira de uma ópera (por sua causa e da sua namorada) Sócrates faz agora esperar o PR.

Isto é uma República das Bananas, onde não há respeito entre instituições e é um país de mal-criados (a começar pelo próprio PM) onde não há respeito pelo próximo.

O futuro é risonho… num país destes… venha mais um fino para esquecer

País a saque

Este país está realmente a saque. Não se trata só da crise financeira, económica, social e de valores. Trata-se de uma crise política criada pela corja que coabita à volta do poder. Inclua-se nessa corja dirigentes partidários, governantes e até comunicação “dita” social.

Cavaco Silva, o político mais íntegro e impoluto em actividade neste país, falou esta noite incriminando objectiva e claramente dirigentes do PS e de orgãos de comunicação “dita” social pelo caso das escutas.

No entanto, todos os comentadores políticos e a maioria dos dirigentes dos partidos resolveram atacar o PR, em vez de crucificarem o PM e o seu partido pela farsa que montaram.

Onde vai parar este país, em que se dá mais credibilidade a um homem como Sócrates (com todos os problemas pessoais e políticos que são conhecidos) do que a outro como Cavaco (desde sempre limpo pessoal e profissionalmente).

E agora? irá Cavaco demitir Sócrates? ou irá Cavaco convidar outro para formar Governo?… Não acredito que seja possível um país aguentar com um Governo minoritário e uma crise institucional entre PR e PM. É instabilidade a mais.

O caso que faria a diferença

Cavaco Silva disse objectivamente que todo este caso foi orquestrado pelo PS com o objectivo de daí tirar partido para as eleições legislativas. Segundo ele tudo teve 2 objectivos: colar a imagem do PR ao PSD e desviar as atenções dos portugueses do que realmente importava na campanha.

O PR disse que a acusação do PS, de que os acessores de Cavaco participavam no programa do PSD, era mentira. E mesmo que fosse verdade, que mal teria? Concordo. Qualquer cidadão tem liberdade para participar civicamente na construção de projectos políticos.

A demissão de Fernando Lima ficou bem justificada. Realmente era insustentável, numa sociedade como a nossa em que as suspeitas são provas confirmadas, deixar a dúvida na opinião publica.

Conclusão: Quem saiu beneficiado com o caso das escutas foi Sócrates. O PS ganhou as eleições porque, numa campanha de casos, os portugueses quiseram lembrar-se dos casos “Preto” e “Escutas”, e esquecer os casos “Freeport” e “TVI”. Não ficam dúvidas de que, se Cavaco tivesse falado antes das eleições o resultado poderia ser diferente.

A verdade é esta

Só em Portugal uma mentira dita muitas vezes se torna verdade. Durante a campanha eleitoral, todos os dirigentes do PS (com destaque para Sócrates e Santos Silva) disseram que foi Manuela Ferreira Leite que trouxe o assunto das escutas ao PR à baila quando falou em asfixia democrática.

Ora, Ferreira Leite disse uma única coisa sobre as escutas: “não comento porque não tenho dados suficientes“. A asfixia democrática a que se referia tinha que ver com os empresários que não podem falar contra governo por correrem risco de perder negócios; com os professores que não podem falar mal do governo, mesmo em privado, correndo o risco de serem denunciados; com os médicos que não podem ter opiniões diferentes do governo, porque senão são castigados; com o caso PRISA – TVI – Moura Guedes; com os directores de jornais que recebem telefonemas do PM a pressioná-los; e muitos outros.

Recorde-se que foi Francisco Louçã que trouxe o assunto para a campanha eleitoral, e que foi o PS que se aproveitou desse caso para o ligar à tal asfixia democrática de que falava (e bem) o PSD. Sabendo que o PR nunca iria falar sobre isso durante a campanha, o PS ganharia em fazer essa ligação e desacreditar as acusações de Ferreira Leite.

Por mais que queiram, esta é a verdade dos factos. E pode ser confirmada em qualquer jornal, consultando o arquivo on-line. Ainda assim, parece que em Portugal, uma mentira dita muitas vezes – por homens com a cara-de-pau de Santos Silva ou Sócrates – se torna verdade.

Olhe, desculpe… era mais um fino para esquecer.