O “sistema” do Consulado de Portugal em Londres

Quarta interacção

Tal como eu suspeitava, a história não ficou por ali. Consegui – Deus sabe como – marcar um agendamento no consulado para ontem, de maneira a tirar o passaporte e tê-lo em tempo útil.

Cheguei ao consulado à hora marcada 8h30. Disseram-me que o pedido do passaporte era no Piso 2. Subi e num gabinete encontrei uma menina muito simpática e solicita, que me fez o registo e pediu para assinar dois formulários. Tirei foto e registei impressões digitais. Estava terminado em 5 minutos!

Pediram-me para descer e pagar no piso 0. Ao chegar ao piso 0 dirigi-me ao caixa que me disse para aguardar. Que me chamaria quando o processo chegasse “cá abaixo”. Aguardei. Ao fim de 30 minutos perguntei se ainda demorava muito. Disse-me que tinham tido um problema no “sistema” e o processo ainda não tinha chegado.

Depois de 45 minutos de espera perguntei ao caixa se já estava resolvido o problema no “sistema”, e se não podia pagar – já que o preço do passaporte está na tabela. Disse-me que não, que tinha de ter o processo com ele para cobrar. Mas que estavam a tentar arranjar o “sistema” rapidamente.

Passada 1 hora insisti. Disse-lhe que não podia perder a manhã toda ali. Que queria pagar e ir-me embora. Respondeu-me: “Eu vou ver o que posso fazer. É que o senhor teve mesmo azar. O papel ficou entupido no “sistema” e não conseguimos resolver“. O quê? Entupido no sistema, pensei eu?

O “sistema” é um tubo. Um cano basicamente. Com cerca de 10 cm de diâmetro. Onde a menina do piso 2 coloca os papéis, que devem escorregar pelo cano abaixo até ao piso 0. A verdade é que além de o cano ter alguns “S”, se os papéis não forem enrolados e colocados com um elástico, abrem-se e ficam presos.

Ora é este o “sistema” do Consulado para trazer os formulários do piso 2 ao piso 0. É absolutamente inacreditável, anedótico e patético. De tal forma que eu nem tive palavras para criticar. Simplesmente paguei – depois de a menina do piso 2 ter imprimido novos papéis e descido pelo elevador para os trazer – e fui embora.

Perdi 1 hora (!) do meu dia – ainda por cima dia de semana – por causa de uma imbecilidade inacreditável. Algo que se resolvia muito facilmente – mesmo deixando o preguiçoso funcionário público tuga sentado na sua cadeira – dando os papéis à própria pessoa e pedir-lhe para descer e os entregar no caixa, para pagar.

O “brilhante” Consulado de Portugal em Londres

Primeira interacção

Fiquei à porta. O segurança perguntou-me se tinha fotografia tipo passe. Não tendo, aconselhou-me a ir a um mini-mercado ali perto. Deu as indicações exactas. Disse que teria de entrar, ir à caixa e pedir para tirar fotos. Assim fiz, na minha inocência e boa fé. Ao chegar mandaram-me para a cave. Lá estava um senhor – cipriota nos seus 60s – com uma máquina e uma impressora piores do que as minhas. Perguntou se vinhamos do consulado de Portugal. Cobrou 10£ por 4 fotografias paupérrimas tiradas contra uma parede. Claramente tinha um “acordo” com o segurança. Talvez uma comissãosinha em cada cliente. No consulado não fizeram a inscrição alegando falta de “papéis”.

Segunda interacção

O objectivo era votar para umas eleições em Portugal e o diálogo desenrolou-se assim…

Eu, com cara simpática: “Boa tarde, eu venho saber como posso votar nas próximas eleições
Segurança, muito seguro de si: “O quê? Votar naquela gente? Eles mereciam era que os deitassem todos ao rio!
Eu, com cara séria: “É um dever cívico!
Segurança, com o rabo entre as pernas: “Pois, eu estava a brincar… hehe… É assim mesmo, gosto é de gente como o senhor!

A verdade é que os cadernos eleitorais já estavam fechados e não consegui votar, mas ao menos – já que ia prevenido com toda a documentação (os famosos papéis) e fotos – pude aproveitar a visita para finalmente fazer a inscrição no consulado. Não sem antes ter tido um tête-á-tête com o rude funcionário que dizia “Não” a tudo antes de perguntar, e acabava por aceder depois da minha resposta.

Terceira interacção

O objectivo era tirar o passaporte. Por motivos profissionais precisava de viajar para fora da Europa. Depois de um telefonema a funcionária enviou-me o link para fazer o agendamento online. O diálogo desenrolou-se ao telefone assim…

Eu: “Bom dia, daqui fala Luis Melo novamente. Eu estava a tentar marcar o agendamento online mas não me está a ser possível. A opção para escolher o posto consular não tem qualquer valor. E não posso prosseguir sem isso preenchido
Funcionária: “Já fez a pré-inscrição?
Eu: “Eu já estou inscrito no Consulado
Funcionária: “Pois, mas tem de fazer a pré-inscrição, novamente
Eu: “Hum… mas se eu já estou inscrito no Consulado, não creio que faça muito sentido fazer a pré-inscrição novamente
Funcionária: “Pois, mas tem de ser porque o sistema não funciona muito bem
Eu: “Ok, mas eu tento clicar no botão “pré-inscrição” e não acontece nada
Funcionária: “Pois, o site por vezes não funciona muito bem, tente noutro browser
Eu: “Já tentei. No Chrome, no Firefox e no Internet Explorer. Em nenhum funciona
Funcionária: “Pois, o site vai muito abaixo ou é lento porque há muita gente a tentar aceder. Tente noutra hora
Eu, já um pouco acossado: “Hum… e qual acha que é então a melhor hora?
Funcionária, um pouco rude: “Pois, não sei. Eu não faço a mínima ideia de quando as pessoas estão a tentar aceder ao site
Eu: “Hum… Ok. Muito obrigado então. Tenha um bom dia.

Passadas umas horas…

Eu: “Bom dia, daqui fala Luis Melo novamente. Eu fiz o que me disse, a pré-inscrição. Depois disso já consigo avançar mais um pouco. Escolhi o acto consular, mas agora que me aparece o calendário para escolher a hora, isto não funciona novamente
Funcionária: “Já tentou com outros browsers?
Eu: “Já tentei com todos os browsers que tenho. No Chrome, no Firefox e no Internet Explorer
Funcionária: “Pois, então é melhor tentar noutra hora
Eu: “Eu posso tentar. Não me parece que vá funcionar. E na verdade tenho urgência e não passar o dia todo nisto
Funcionária: “Pois, mas eu não posso fazer mais nada
Eu: “Mas não há outra forma de fazer o agendamento? Por mail p. ex. Ou posso passar por aí a marcar presencialmente
Funcionária: “Pois, não há outra forma. Tem de ser online
Eu: “Mas se online há tantos problemas e não funciona, devia haver uma forma alternativa…
Funcionária: “Pois, mas não há
Eu: “Ok, sendo assim tenha um bom dia

(tenho a certeza de que a história não fica por aqui e que vai continuar…)

Goodbye Lisbon, hello London!

Recebi há dias uma proposta para trabalhar em Londres e… aceitei. Era algo que procurava há cerca de um ano, e que desejava desde o início da minha carreira profissional. Assim, a partir de meados de Março, a minha vida passará a ser no Reino Unido. O meu desejo por uma experiência profissional no estrangeiro, […]