Málaga é fraco para quem percebe pouco de futebol

Hoje, no twitter, lá tive mais um tête-a-tête depois do sorteio da Liga dos Campeões. Tudo porque depois de se saberem os adversários a maioria dizia que o FC Porto tinha tido sorte, porque o Málaga CF era o mais fraco de todos.

Todos os anos, em todas as eliminatórias das competições europeias é a mesma conversa. Ou sai Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Bayern de Munique ou então o FC Porto teve sorte. Os outros são todos clubes muito fracos.

Só pode ter este tipo de avaliação quem não percebe nada de futebol. Vossas excelências têm de entender uma coisa: A valia das equipas dentro de campo não se mede pelo historial, número de sócios ou tamanho/capacidade do estádio.

O Málaga CF classificou-se em 4° lugar do Campeonato Espanhol em 2011/2012 atrás de Real Madrid, Barcelona e Atlético. E nesta altura ocupa exactamente a mesma posição. Isto diz algo! Que o Málaga CF está forte e em grande forma!

Lembre-se que o Málaga CF se qualificou para esta fase da Liga dos Campeões em primeiro lugar e sem derrotas. Num grupo com o colosso AC Milan e o milionário e experiente Zenit, só cedeu empates depois de estar qualificado.

Quem percebe e acompanha o futebol sabe que neste momento o Málaga é mais forte do que o Milan, o Bórussia é mais forte que o Man Utd, o Shakhtar é mais forte que o Valência e o Schalke 04 é mais forte que o Arsenal.

Nunca se devem subestimar os adversários. Fazê-lo é meio caminho andado para a derrota. E há muita gente que ainda não percebeu isso. Por isso é que ao invés de viverem com as glórias do presente, vivem com as do passado.

Pinto da Costa não desceu ao balneário


Não foi ontem, no jogo frente ao Zenit, que o FC Porto falhou a qualificação para os 8avos-de-final da Liga dos Campeões. A qualificação foi comprometida nos 2 jogos com o Apoel, um empate e uma derrota, indesculpáveis.

Mas ontem, tal como nos mais recentes jogos, viu-se um FC Porto com garra, com competência, com vontade, com ambição. Dominou por completo o jogo, criando variadíssimas oportunidades de golo (infelizmente falhadas).

Disse-se que Pinto da Costa terá “descido” ao balneário e intervindo. Especula-se sobre a forma como o presidente terá “dado um murro na mesa” e feito um “ultimato” aos jogadores da equipa. Abstive-me de falar disso até agora.

Fi-lo porque efectivamente não pude ver os jogos mais recentes, e apesar de tudo, através da rádio não dá para ter uma percepção perfeita de como a equipa estava a jogar. Ontem vi o jogo todo, como sempre, com atenção.

Confirmei portanto a minha convicção: Pinto da Costa não “desceu” ao balneário. Ele “desceu”, isso sim, ao gabinete do treinador. Até há pouco tempo o FC Porto não tinha uma ideia de jogo (o chamado fio de jogo), agora tem.

Nos jogos que compuseram a “crise” o FC Porto não tinha uma estratégia bem definida. Não jogava em posse ou em contra-ataque. Não pressionava. Jogava como calhasse. Agora voltou ao que tem sido nas últimas épocas.

Nos últimos tempos cansei-me de dizer: “contem as vezes que a bola passa nos pés de Moutinho, antes e depois de Vítor Pereira”. O facto é que nos últimos jogos voltou a passar, e veja-se a diferença. Moutinho é enorme!

Dirão que os jogadores também não ajudavam. É verdade. Mas imaginem uma enfermeira, contratada por um hospital privado, que passado 1 ano, com novo director, é colocada como assistente ao dentista. É obviamente desmotivador.

Mas se o aspecto técnico-táctico foi ultrapassado, mantêm-se os problemas de liderança/carisma. Vítor Pereira não é Mourinho, nem Villas-Boas. Pode ser suficiente para competições internas, mas nunca nos levará ao topo da Europa.