José Sócrates versão 1.0 (parte V)

Se houve temas prioritários nos anos de governação Sócrates/PS foram os temas fracturantes. Porquê? Talvez para desviar as atenções do essencial, para o acessório. Vejamos o que pensava Sócrates em 4 Fev 2005 no debate com Santana Lopes:

O Dr. Santana Lopes quis introduzir na campanha estes temas a que ele chama os temas da civilização. Clonagem, casamento homossexual, eutanásia […] não são estes os temas da agenda política […] É por isso que o programa do PS não prevê nada no domínio do casamento homossexual, nem da adopção de crianças

[…] tudo isso é apenas para não querer discutir aquilo que se deve discutir. E aquilo que se deve discutir são os resultados desta governação […] Transformar esses pontos naquilo que é o centro de debate político, verdadeiramente parece-me ser um engano […] os portugueses não estão à espera que essas sejam as questões fundamentais

José Sócrates versão 1.0 (parte IV)

O debate foi em 4 Fev 2005 e colocou de um lado Santana Lopes do PSD e José Sócrates do PS. As eleições seriam dali a 15 dias e as sondagens davam maioria ao socialista que falava desta forma:

150 mil empregos. Isso é possível e está ao nosso alcance […] Vocês não acham que é o momento de o país olhar para o desemprego em vez de se pôr, confortavelmente, à espera que isso passe? Esperar que passe não é solução. Como é que se cria emprego? Bem sei que é nas empresas. Não é o estado que resolve isso, mas pode ajudar

A qualificação dos portugueses é a chave para que os portugueses possam ter mais oportunidades e para que possam obter um emprego na economia cada vez mais exigente e globalizada.”

Desta vez não resisto a fazer dois comentários: 1) Em 2005 a taxa de desemprego estava nos 6,5%, hoje está nos 11%. 2) É com as Novas Oportunidades que Sócrates queria prepara os portugueses para a “economia cada vez mais exigente“?

José Sócrates versão 1.0 (parte III)

E continua o discurso de Sócrates no debate que travou com Santana Lopes, a 4 Fev 2005, faltavam duas semanas para as Legislativas 2005:

Com o PS a pobreza vai voltar à agenda política. O combate à pobreza vai ser uma prioridade […] Não peçam a um socialista para virar a cara para o lado quando existe pobreza em Portugal

Tivemos congelamento de salários na Administração Pública nos últimos 3 anos. Isso não pode continuar. É socialmente insustentável e, aliás, injusto […] Eu aumento os salários públicos, com moderação

O que caracterizou estes 3 anos foi um divórcio total entre o Governo e a Administração Pública. Houve uma guerra ideológica a tudo o que era público, tentando denegrir os serviços públicos e denegrir a Administração Pública

José Sócrates versão 1.0 (parte II)

Transcrevo mais um excertos do que disse Sócrates a 4 Fev 2005, 15 dias antes das Legislativas 2005, no frente-a-frente com Santana Lopes:

O país tem de vencer esta onda de pessimismo e descrença em que caiu, e eu julgo que só poderá haver uma mudança para a confiança, que ajude a economia, que ajude o investimento, que ajude a criar mais oportunidades, se houver um novo Governo. Um Governo que estimule a confiança do país, um Governo sério, credível, capaz.”

Há aqui também um julgamento a fazer, um julgamento sobre estes últimos 3 anos. Esse comportamento de quem prometeu nas eleições baixar impostos e, quando chegou ao Governo, não os desceu, mas, ao contrário, subiu-os, tem de ser penalizado, porque é negativo para a democracia, é negativo para a confiança […] foi nesse momento que tudo começou a ruir. Foi no momento da falha dessa promessa eleitoral

José Sócrates versão 1.0 (parte I)

Depois de 2,5 anos de Governação PSD-CDS, Jorge Sampaio derrubava o Governo. Aproveitava umas “novelas” em torno de alguns ministros de Santana Lopes para abrir caminho a um “renovado” PS depois da fuga de Guterres. Em 4 Fev 2005, cerca de 15 dias antes das eleições, José Sócrates e Santana Lopes tinham um frente-a-frente, e Sócrates foi peremptório:

Esta campanha tem de ser centrada nos problemas dos portugueses e de Portugal […] E deve responder a duas questões fundamentais. Uma, um juízo sobre os últimos 3 anos. Como é que chegamos a este ponto? Quais foram as políticas que motivaram a situação do país? […] No meu ponto de vista. a escolha nestas eleições, a opção que está de cima da mesa, é esta: escolher entre a continuidade e a mudança”

Eu acho que o país tem de mudar fundamentalmente porque as políticas que foram dirigidas pelo Governo, nos últimos 3 anos, conduziram a maus resultados. Maus resultados na economia, no emprego, na condição de vida dos portugueses

Crise: Não tenhamos memória curta ou selectiva

A incoerência, a desfaçatez, a hipocrisia, a desonestidade intelectual e a demagogia dos actuais dirigentes do PS é atroz. Depois de 15 anos de governação socialista a culpa do estado a que isto chegou não é deles. É da oposição e dos “factores externos”.

Nos próximos tempos ouvir-se-á que os juros da dívida pública estão a subir devido à irresponsabilidade do PSD. Que a vinda do FMI e do FEEF (como se fosse sacrilégio) é culpa do PSD. Que o aumento dos combustíveis tem de ser imputado a PPC.

A partir de agora, do preciso momento em que José Sócrates se demitiu, qualquer parâmetro que piore a situação do país e da população, deixou automáticamente de ser consequência da “crise internacional” e dos “ataques dos mercados” para ser culpa do PSD.

Relembro que no verão de 2010 os juros da dívida pública estavam nos 5% e dizia-se que o OE2011 teria de ser aprovado para “acalmar os mercados”. O PSD viabilizou o OE2011 e no dia seguinte os juros atingiram o máximo histórico de 6,5%.

Gorado o argumento do OE2011, o problema passou a ser a falta de interessados em comprar a Dívida Pública. De repente apareceram Venezuela e a China como potenciais interessados, e os juros subiram para perto dos 7%.

Daí para cá tem sido uma escalada que só tem comparação com o inédito feito do alpinista João Garcia que subiu ao cume do Everest. Tal como os juros, os combustíveis, os impostos e o corte nos benefícios fiscais também têm sofrido uma subida vertiginosa.

Isto acontece essencialmente por duas razões: o défice excessivo das contas públicas, e a elevada dívida pública. Obviamente que nas “contas” finais também entram variáveis como a falta de produtividade e competitividade da economia.

Quem foram os responsáveis pelo esbanjamento dos dinheiros públicos em estádios, auto-estradas, pontes, parcerias público-privadas, empresas públicas e consultorias que desaguaram num défice excessivo e na elevada dívida pública?

Há muita gente que tem memória curta, e outros têm memória selectiva, mas há que relembrar que esta foi a realidade dos 15 anos, e neste período a governação foi exclusivamente da responsabilidade do PS de Guterres e de Sócrates.

Sócrates na SIC: Entrevista ou Tempo de Antena?

A entrevista de José Sócrates ontem na SIC, foi uma repetição daquela que já tinha feito com Ana Lourenço em Junho de 2009. Lembre-se que nessa altura o PM vinha de uma entrevista na RTP com Judite de Sousa, em que ficou tão à rasca que até insultou a jornalista.

O que a SIC transmitiu ontem pareceu um tempo de antena e não uma entrevista. Isto porque Ana Lourenço fazia perguntas excelentes para Sócrates discorrer sobre o que lhe convinha, e dava-lhe liberdade para o fazer durante largos minutos sem interrupção, mesmo quando mentia descaradamente.

Por falar em mentir, das duas uma, ou Ana Lourenço estava muito mal preparada e não conhecia os temas, ou então não teve coragem (ou ordem?!) para confrontar Sócrates com várias mentiras e incoerências que este proferiu durante todo o programa.

Pude no entanto rir um pouco com algumas das tiradas do líder do PS. A certa altura Sócrates disse “Não estou agarrado ao poder” e logo de seguida “para mim a consequência de uma crise política é que o país não se pode comprometer com parceiros internacionais“. Demitir-se? Nunca!

O Primeiro-Mentiroso… perdão, Ministro é tão cara de pau que diz partilhar o sofrimento dos manifestantes. Eu gostava de saber o que é que ele tem em comum: também está desempregado? também trabalha a recibos verdes? também ganha o ordenado mínimo?

Para terminar em grande, Ana Lourenço dá a novidade do acordo com os camionistas. Essa não lembrava a ninguém, mesmo que estivessemos a ver o canal “Sócrates TV” com Sócrates a ser entrevistado pelo próprio Sócrates. Porque não puseram José Gomes Ferreira como entrevistador?

Sócrates vai-se demitir?!

Há uns anos, o meu avô contou-me uma vez uma história (que disse ser verdadeira) de um senhor que todos os dias ia ao quiosque, olhava para a 1ª página do jornal, voltava-o a pousar na banca, e ia-se embora.

O dono do quiosque achava aquilo muito estranho, além de que lhe fazia espécie o senhor nunca comprar o jornal. Um dia ganhou coragem e aproximou-se do senhor para o abordar:

– “O senhor desculpe. Todos os dias o vejo aqui. Olha a 1ª página do jornal, pousa-o e vai embora. O que procura?
– “Eu procuro a Necrologia.
– “Mas o senhor sabe que a necrologia não vem na 1ª página, mas sim nas últimas?
– “O morto que procuro vem de certeza na 1ª página.

Isto passou-se nos anos 60, e a morte que o senhor procurava era a de Salazar. Ora eu há muito que estou como ele, já não compro jornais ou vejo telejornais, a não ser que me digam que Sócrates se demitiu.

Sócrates = Madaíl = Carlos Silvino (Bibi)

Podem achar o título deste post absurdo, despropositado ou insultuoso, mas não é. É uma simples constatação de factos. Quantas vezes José Sócrates disse uma coisa, e o seu contrário passados uns dias? Quantas vezes Gilberto Madaíl disse que não se recandidatava à presidência da FPF, e passados uns dias era candidato? E ambos fizeram isto tal e qual como Carlos Silvino (Bibi), com a maior cara de pau. Impávidos e serenos.

A única questão que pode suscitar algumas dúvidas, é se o fazem conscientes. E aqui, quanto a mim, Carlos Silvino leva vantagem. É que eu não duvido que o casapiano tenha graves problemas mentais provocados pelo seu percurso de vida (principalmente por também ter sido abusado em pequeno). Já Sócrates e Madaíl, não passam de uns escroques sem carácter, integridade, honradez ou um pingo de vergonha na cara.

Facilitismo nas Novas Oportunidades?

José Sócrates deslocou-se no passado sábado a Santo Tirso, a minha terra natal. Fê-lo pela… não sei, já perdi a conta… talvez 10ª vez (nenhum governante foi tantas vezes a Santo Tirso em visita oficial). Graças ao presidente da CMST, Castro Fernandes (bajulador desmedido de JS), a cidade tornou-se terreno preferido para campanha socialista.

O PM foi a Santo Tirso para mais um circo montado à volta da entrega dos diplomas das Novas Oportunidades, esse espectacular programa que, segundo ele, vai qualificar o país. Na cerimónia o PM, a Ministra da Educação, e também o presidente da CMST deram os parabéns e disseram estar muito orgulhosos de todos os formandos que se esforçaram imenso para ter os diplomas de 9º e 12º anos.

Castro Fernandes pediu mesmo permissão para citar José Sócrates, e repetir que neste programa não há facilitismos. Ora depois de ouvir esta mentira pela 1000ª vez, quero perguntar o seguinte. No programa das Novas Oportunidades está incluído o cálculo de probabilidades, a estatística, as funções exponenciais e logarítmicas, o cálculo diferencial, a trigonometria ou os números complexos?

É que tudo isto se estuda (programa oficial de matemática) no 12º ano. Ora se os formandos das Novas Oportunidades, não sabem o que é um seno, um co-seno, uma tangente, um logarítmo, um número complexo, uma derivada… se não sabem a porra do Teorema de Bolzano-Cauchy… então vão-me desculpar mas não deveriam ter qualquer diploma que lhes concedesse o 12º ano.