Benfica e Porto não merecem dirigentes que têm

No futebol como na política os clubes foram “assaltados” por gente medíocre e sem qualquer tipo de nível ou estatura intelectual. Se dantes havia Jorges de Britos e Josés Roquettes (do FCP nem vale a pena falar), hoje só se vêem Filipes Vieiras e afins.

O que se passou ontem no Estádio da Luz foi demonstrativo da falta de classe, de respeito, de civismo e de bom senso que impera na actual direcção de uma das maiores instituições do país. Já para não falar no tão propalado fair play desportivo.

A atitude da direcção do SL Benfica não colocou apenas em causa a segurança de adeptos e polícia. Colocou em causa o próprio clube, que leva mais uma machadada na sua grandiosidade. Depois das finanças e dos resultados, é na ética e na moral.

Fartam-se de dizer que o SL Benfica é “grande”, mas como pode um clube com estas atitudes (que correram mundo) ser “grande”? Eu, que sou portista, acho que a instituição SL Benfica não merece ter uma direcção destas, que todos os dias a destrói mais um pouco.

Não basta ter estádios com muita capacidade ou uma lista extensa de sócios não pagantes. Não basta vender muitos jornais ou ter filiais em várias cidades. Para um clube desportivo ser grande é necessário que dê o exemplo, na hora de vencer ou perder.

Da mesma forma, os dirigentes do FC Porto não contibuem em nada para a grandiosidade do seu clube e do desporto quando, ao invés de abordarem sériamente estas questões, respondem com tom irónico, de gozo e de desdém. Não saber ganhar é um grande defeito.

Futuro de Jorge Costa passa pelo Dragão

Quando soube da notícia do abandono de Jorge Costa da Associação Académica de Coimbra – OAF pensei que tudo estava relacionado com resultados desportivos. No entanto sabia que não era porque os resultados globais tivessem sido assim tão maus até agora. Muito pelo contrário, o objectivo da AAC é não descer, e antes de chegarmos a metade do campeonato, já tem 18 pontos (precisa de 30 pts) e ocupa o 9º lugar.

Pensei que estava relacionado com os resultados, porque Jorge Costa é um homem de palavra. Na semana passada, depois da derrota por 5-1 com o Marítimo, ouvi-o dizer “Esta é uma derrota pesada. Perdemos bem, nada a dizer. Mas agora deixo uma garantia: Isto não vai voltar a acontecer“. O facto é que aconteceu, contra o SC Braga. Perdeu 5-0.

Vai daí, conhecendo o carácter do ex-capitão do FC Porto, pensei logo que seria o assumir da responsabilidade depois de ter proferido tais palavras. Mesmo sabendo que o trabalho que estava a desempenhar era bom e meritório. Ao contrário de outros, ele não faria de conta que nada tinha dito e assobiaria para o lado, tentando quiçá arranjar bodes expiatórios.

Afinal não será só isso. Disse Jorge Costa que abandona não a AAC-OAF mas o futebol… “Por motivos estritamente pessoais que não me permitem continuar a actividade profissional que mais me realiza“. Espero que não seja nada grave e que volte depressa. A passagem pelo SC Braga, pelo SC Olhanense e pela AA Coimbra provam que o seu futuro pode passar pelo banco do Dragão.

Jorge Jesus. A desonestidade não tem limites

Portugal está, cada vez mais, transformado na República das Bananas. Vale tudo, mesmo tudo. A desonestidade intelectual de certas pessoas não tem limites. Veja-se as recentes declarações de Jorge Jesus, treinador do Benfica.

Jorge Jesus disse hoje que não vê diferenças de valor entre FC Porto e SL Benfica que justifiquem os 8 pontos de avanço no campeonato. Diz o “novo rico do futebol” que essa diferença advém apenas dos erros dos árbitros, nomeadamente nos penaltys assinalados a favor do FC Porto.

É preciso ter muita lata para dizer isto depois de: 1) Ter levado um baile de bola na final da Supertaça em que perdeu 2-0. 2) Ter levado outro baile de bola no jogo do campeonato em que perdeu 5-0. Recorde-se que foram 2 jogos sem casos e sem qualquer tipo de dúvida.

Até o comentador da Antena 1 disse, logo a seguir à declaração de JJ, que esta época a diferença dentro de campo entre as duas equipas é abismal. E lembrou que este ano o Benfica joga mal não só contra o Porto, mas também contra outras equipas mais fracas do campeonato e da liga dos campeões.

De resto, como é possível que a Antena 1 passe estas declarações de Jorge Jesus, á Benfica TV (!!), no fim de um jogo da Taça de Portugal entre FC Porto e Juv. Évora (4-0) entre as flash interviews e os comentários ao jogo. E qual o interesse?

Sobre a corrupção no futebol

O futebol é um desporto e deveria ser tratado como tal. Infelizmente para quem gosta de futebol (do jogo em si) tornou-se num negócio muito próspero, onde falta regulação, e portanto é terreno fértil para actos ilícitos. É um negócio onde vale quase tudo, ainda que esteja supostamente sujeito às regras de mercado – consequência dos clubes serem agora empresas (SAD). Digo supostamente porque assistimos em Portugal, a episódios de clara violação das regras do mercado, sem que haja penalizações. Recentemente assistimos, por exemplo, ao anúncio da OPA ao Benfica por parte de Joe Berardo que apenas serviu para valorizar as acções do clube na bolsa de valores, e o que aconteceu? Nada! A CMVM e outras entidades reguladoras ficaram caladas e quietas.

A transformação do jogo em negócio, e da paixão em ganância, fez com que começasse a proliferar a corrupção na modalidade. Essa corrupção aparece encarnada em senhores vestidos de preto com apito na boca, denominados árbitros, a quem são pagas determinadas quantias para beneficiar este ou aquele clube. Esses senhores de preto deveriam ser como os juízes de direito, profissionais sérios e absolutamente independentes na sua actividade, porque só isso garantiria a sua isenção. Mas como, pelo contrário, eles dependem de orgãos que são controlados pelos clubes, é normal que coisas menos próprias aconteçam.

No futebol, tal como nos mercados sem regulação, a única lei existente acaba por ser a “lei do mais forte”. Esta lei determina que, quem tem mais dinheiro (para corromper) e mais poder (para ameaçar/mandar), é que controla e vence. Em Portugal é mais do que evidente que os 3 clubes grandes se sobrepõem aos outros pelo simples facto de terem mais dinheiro e mais poder. Isto é facilmente comprovado com alguns acontecimentos bem recentes: as prestações do Vitória SC e do SC Braga. Um adepto minimamente atento sabe que há 2 anos “tiraram” ao clube de Guimarães a possibilidade de se qualificar directamente para Champions League e na época passada “tiraram” a possibilidade aos Arsenalistas de lutar pelo título.

Note-se que estas são duas situações flagrantes e que, pela dimensão, podem ser mais facilmente identificadas pelo leitor. Mas o facto é que outras mais pequenas acontecem todos os fins-de-semana. Todas as santas jornadas há clubes “pequenos” que são prejudicados e injustiçados, sem que alguém responsável faça algo para repôr a verdade dos resultados, que os protagonistas desses clubes (com tanto esforço, dedicação, trabalho e mérito), conseguiram. Note-se que no caso do Vitória SC além de ter sido “roubado” dentro de portas, foi-o também na Europa do futebol (jogos com Basileia, clube suíço. Curiosamente país onde está sediada a sede da UEFA).

Tudo isto tem a conivência daqueles que, por princípio (à falta das entidades oficiais que para isso têm competência), deveriam fiscalizar: a comunicação social. Infelizmente, os jornais, TVs e rádios deste país, parecem ter um acordo pecaminoso com os 3 clubes grandes conseguindo com isso abafar os pedidos de socorro e as denúncias feitas pelos adeptos, jogadores, técnicos e dirigentes dos outros clubes. Honra seja feita a alguns orgãos de comunicação social que são a excepção – confirmando a regra – e dão voz (ainda que não com dimensão nacional) aos mais “pequenos”.

Também a maioria dos adeptos dos chamados 3 grandes (digo a maioria porque há gente de bem, como eu próprio que sou adepto do FC Porto) pactua com esta situação e nada diz ou faz. O egoísmo, a falta de respeito e de fair play, entre outros factores, faz com que esta gente se esteja a borrifar para a forma como o seu clube vence. Os fins justificam os meios, e por isso toca de votar em candidatos às direcções que possam, ser mais corruptos que o corrupto do lado. Vencer a qualquer custo é a palavra de ordem, mesmo sabendo que se atropelam todos e quaisquer princípios e valores de ética e moral.

Porque perdeu o SL Benfica

Passados dias sobre o clássico FC Porto vs SL Benfica, as coisas já estão mais calmas e já se podem emitir opiniões mais ponderadas. Durante estes dias que se seguiram ao recital de futebol dado no Estádio do Dragão pelo FCP, milhões de palavras foram ditas e escritas. Como é hábito em Portugal, a maioria foi para apontar o que de negativo se fez ao invés de apontar o que houve de positivo.

Mais grave do que isso é ver que nem a imprensa desportiva parece ter conseguido ler o jogo tal como se exigia a alguém que se supõe ser entendedor da modalidade. Honra seja feita à excepção (que confirma a regra) que foi o Miguel Guedes, vocalista da banda Blind Zero e comentador no programa da RTP “Trio de Ataque” e da Antena 1 “Grandes Adeptos”.

É incrível ver como, no meio de tantos especialistas da bola – jornalistas, ex-treinadores, ex-jogadores, comentadores – não há ninguém que se interesse por, honestamente e com competência, analizar as incidências do jogo, das tácticas e dos desempenhos. O que importa (porque vende junto do povo estupidificado) é a acusação, a crítica destrutiva fácil e os casos.

Se querem ir aos erros de Jorge Jesus, e torná-lo bode expiatório da derrota, vão. Mas vão com seriedade. O erro não foi ter tentado travar o ponto forte (Hulk), mas não ter aproveitado o ponto fraco do FCP. Colocando Saviola em campo (em detrimento p.ex. de Salvio) o SLB poderia ter descontrolado o frágil Guarín, desiquilibrando o meio-campo do FCP ao nível defensivo e ofensivo.

Além disso, Saviola é móvel, rápido, criativo e não se dá às marcações (ao contrário de Kardec). Poderia assim, ter confundido os centrais do FCP, que estavam desapoiados devido a Sapunaro se encontrar ocupado com Coentrão, e Álvaro Pereira balanceado no ataque. Com Kardec no meio dos centrais, Salvio perdido, e o inconsistente Aimar no bolso do voluntarioso Guarín, sobrou apenas o pobre Coentrão.

O SLB não perdeu porque defendeu mal. Perdeu… 1º porque o FCP lhe é muito superior como colectivo; 2º porque o André Villas-Boas inovador e inteligente é superior ao Jorge Jesus retrógrado e tacanho; 3º porque, apenas com Coentrão, não tinha como atacar.

Laurentino conivente com des(por)truição

neste post eu tinha abordado a questão do desporto em Portugal, do desprezo pelas modalidades ditas amadoras, e das mais valias e vantagens que estas têm em relação ao futebol (essa paixão doentia do povo português).

Nesse post chamei a atenção para a falta de consideração e respeito das autoridades – nomeadamente o Secretário de Estado do Desporto – em relação a qualquer modalidade que não o futebol.

Dei como exemplo a atenção dada ao “Caso Queirós” no futebol por oposição ao “Caso Regulamento” no atletismo. Afirmei que “O novo regulamento pode acabar com vários clubes e baixar o nível competitivo nacional. Isto, aliada à diminuição das já pequenas bolsas de alta competição, terá repercussões no futuro da modalidade

Não sou profeta, mas confirma-se agora o que vaticinei: “O FC Porto vai fechar a sua secção de atletismo como resposta ao novo regulamento aprovado pela FP Atletismo […] Ao todo serão cerca de 90 atletas” que ficarão sem clube. Além disso “deverá abster-se de representar Portugal na Taça dos Campeões Europeus“.

É absurda a regra que rejeita a inscrição de atletas estrangeiros que tenham competido no último ano pelas suas selecções. Além de objectivamente baixar o nível de competitividade, a decisão desrespeita a “legislação comunitária, nomeadamente quanto a direitos de mobilidade e de livre escolha associativa no âmbito do desporto“.

No meio disto o FC Porto acusa a Federação de ter alterado o regulamento a pedido, como consequência de o “ter conseguido quebrar a longa invencibilidade do Sporting em termos de campeonatos de clubes, que se estendeu por 15 anos

É assim que se vai destruindo o desporto e as modalidades. Mas nos entretantos, Laurentino Dias continua apenas preocupado com o seu futuro no seio da máquina (de fazer dinheiro fácil) que é o futebol. Ele não é Secretário de Estado do Desporto, nem da Juventude, é o “capo” do futebol.

Villas-Boas e o prometido que é devido

É assim que os homens ganham crédito e geram confiança, cumprindo promessas. André Villas-Boas ainda tem muito para provar como treinador, mas num curto espaço de tempo já provou que é um homem de princípios, exigente com ele próprio (e com quem trabalha) e diferente da maioria a que estamos habituados no futebol.

Uma das primeiras promessas de Villas-Boas foi fazer de Fernando um médio mais completo. Não porque tivesse algum fétiche com o médio do FC Porto, mas porque sabia que era uma das maneiras de potenciar a equipa. Fazer isto, ao invés de mudar tudo, revela desde logo inteligência. Mas também carácter e personalidade.

Nestes primeiros jogos do FC Porto já se nota bem que Fernando anda mais subido no terreno, tem mais a bola nos pés, faz passes de ruptura e até aparece mais vezes na cabeça da área. André prometeu e cumpriu, merece por isso o meu total respeito e confiança.

Aproveito o tema para deixar uma nota sobre o balneário do FC Porto, que mesmo sem referências da casa como João Pinto, Jorge Costa ou Bruno Alves continua coeso e forte. Note-se o festejo do golo de Falcão mostrando a camisola de Hulk. Já num jogo da época passada, os titulares aqueceram com camisolas 12 e 21 de Hulk e Sapunaru (depois dos castigos por causa do caso do túnel).

Activo de 100 M€ parado. E se fosse a EDP?

Depois de uma farsa que durou quase 100 dias, Hulk voltou aos relvados no jogo de ontem com o Belenenses. A princípio pensei que com a vontade de mostrar serviço (típica de um jovem com 23 anos que se sente injustiçado) iria fazer um jogo mediocre, mas enganei-me. Fez um jogaço.

Concentrado, calmo e consciente, Hulk deu dois golos a marcar e encarregou-se de pintar mais uma obra de arte com um golão. Isto prova que no FC Porto não se brinca. Ao invés de andarem a apaparicar o atleta, trabalharam-no ao longo destes 3 meses e conseguiram fazer dele ainda melhor do que já era. Assim continue, espero.

A comunicação “dita” social e a opinião publicada em conjunto com alguns adeptos menos realistas do FC Porto (há-os em todos os clubes) vão agora encarregar-se de criar um argumento cinematográfico que rodará à volta da possibilidade de o FC Porto ser campeão se Hulk não tivesse sido (injustamente) castigado.

Isso será, no mínimo, patético. Ninguém poderá dizer se com Hulk disponível o FCP ganharia os jogos que perdeu, tal como poderia perder os jogos que ganhou. O FCP não está tão forte como nos últimos anos enquanto que Benfica e Braga estão mais fortes. Além do mais, o FC Porto teve perturbações como já não tinha há muitos anos (veja-se a recente situação de ter os extremos todos lesionados). Não vem mal ao mundo. Ninguém pode vencer sempre.

Mas uma coisa é certa: o FC Porto teve o seu maior activo (avaliado em 100 M€) parado durante 100 dias. O que sería se a Autoeuropa tivesse uma das suas linhas de montagem paradas durante 100 dias? O que sería se a PT tivesse a sua rede de telecom parada durante 100 dias? O que sería se a EDP tivesse as linhas de transporte cortadas durante 100 dias? Alguém vai ter de indemnizar o FC Porto.

Obviamente demito-o!!

No dia 2 de Novembro de 2008 escrevi este post em que – depois de 3 derrotas consecutivas, e uma goleada em Londres – pedia a demissão de José Gomes, mas defendia a manutenção de Jesualdo Ferreira. Dizia eu que “Um clube como o FC Porto não pode perder 3 jogos seguidos. Sejam eles contra o Man Utd, Real Madrid e Milan ou contra o Din.Kiev, Leixões e Naval. As melhores equipas da Europa não sofrem goleadas de 4-0 como a sofrida em Londres

Hoje tenho um posicionamento ligeiramente diferente. Reafirmo que um clube como o FC Porto não pode sofrer goleadas como as sofridas em Alvalade, Londres ou Loulé. Reafirmo que José Gomes deve ser demitido. Mudo de opinião em relação a Jesualdo Ferreira. Ele também deve ser demitido. Não tem mais margem de manobra no FC Porto. Aliás, já no início desta época pensava isso, mas confesso que na altura não imaginei ter um Benfica e um Braga tão fortes. E portanto achava que mais uma vez era suficiente para sermos campeões.

Estou convencido…

Não sou como os benfiquistas, que contratam um qualquer desconhecido e no dia seguinte já é o maior craque, ou futuro craque, do mundo. As páginas de jornais enchem-se de comentários e entrevistas a gente do futebol que confirma ser essa contratação o próximo Pelé, o novo Maradona ou uma cópia de Ronaldo.

Quando o FC Porto contratou Falcão, fiquei na mesma. Apesar de alguma excitação de outros adeptos, a mim não me aqueceu nem arrefeceu. Sempre que me perguntaram “e o Falcão… que craque hein?” respondi “para mim é uma merda até marcar 20 golos numa temporada e fazer exibições como Lisandros, McCarthys, Jardeis e afins“.

O facto é que perante este início de época, as exibições nos últimos jogos, os golos marcados, a vontade demonstrada, a atitude em campo… e depois do golo de ontem… estou convencido. Falcão é craque !!

Venha mais um fino para festejar a vitória de ontem.