Estará o PSD “entregue” a parasitas?

O congresso do PSD deixou bem evidente o nível (ou falta dele) a que chegaram os quadros do partido. Desenganem-se aqueles que pensam que estou a falar de Elina Fraga (por quem não morro de amores, muito pelo contrário) que acabou por ser o bode expiatório que a comunicação “dita” social e a oposição interna procuravam. Refiro-me aos parasitas que militam no partido e andam na política, com um foco apenas – o seu interesse pessoal.

Também deixou evidente a cada vez mais gritante inutilidade dos congressos. Desenganem-se aqueles que pensam que estou a falar no formato ou competência do Congresso Nacional, a quem compete a definição da estratégia política. Refiro-me à sua desvirtuação, consequência da falta de nível dos quadros do partido, que transformaram o órgão supremo do PSD num circo e num desfile de vaidades e vontades. Onde se fala de tudo menos de estratégia e ideias.

Para mim, militante do PSD, deixa-me triste ver o meu partido neste estado lastimoso, onde o destaque é dado aos tais parasitas que só pensam em si mesmos, nos seus interesses e em jogos de dinheiro e poder. Tudo branqueado, e até aproveitado, por uma comunicação “dita” social subordinada, e uma opinião publicada indigente e vendida, que se aproveitam da cavalgante ignorância e desinteresse da sociedade para influenciar e enviesar opiniões e resultados.

Também me entristece, ver o foco da discussão e da notícia ser cada vez menos nas ideias e convicções, e cada vez mais fulanizado e centrado nas pessoas. De uma maneira extremamente selectiva, interesseira e desavergonhada. Veja-se como, dadas as circunstâncias, uma pessoa como Miguel Relvas passa de maior cacique e fraude, a senador capaz de lançar putativos candidatos. E como Salvador Malheiro passa de respeitado Professor Universitário e competente Presidente da Câmara, a cacique.

É desconcertante ver um congresso ser dominado por gente como Miguel Pinto Luz ou Luís Montenegro. Quem?! Isso mesmo, parecem ser estas as “referências” e as “reservas” do PSD. Dois parasitas a quem já se vê a saliva a cair pelo canto da boca, a pensar em como minar a actual direcção com vista a um “assalto ao poder” depois das legislativas de 2019. É desesperante ver que não é brincadeira, nem eles estão sozinhos, e constatar que já têm seguidores e tropas.

Também é revelador ver que no jogo mediático e de notoriedade (que parece ser o único que interessa, capaz de eleger parasitas como José Sócrates ou Donald Trump), aqueles conseguem até ultrapassar outros que também se posicionam para a liderança do PSD, e que têm definitivamente mais méritos e experiência. Como Pedro Duarte ou Carlos Moedas, que não só têm a decência de o fazer com mais discrição, como também o fazem através do contributo de ideias.

Os quadros do PSD têm de se renovar, obrigatóriamente. Sem Miguel Veiga haja alguém que exalte o congresso, arranque aplausos da plateia, e faça o partido pensar. Sem Montalvão Machado haja alguém que saiba oferecer palavras sensatas e impôr algum equilíbro. Alberto João Jardim já não devia ter obrigação de fazer o congresso ouvir a região autónoma e pensar ideológicamente o partido. Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes e até Pedro Passos Coelho abriram espaço.

Mas é absolutamente essencial que os novos quadros sejam, ou tenham potencial, para ser da mesma qualidade e competência, ou mesmo superior. É o mínimo que se exige. A fasquia deve ser sempre posicionada mais acima. Só assim o partido poderá inovar e contribuir para o desenvolvimento do país. Daí que teria sido essencial ver outros nomes em destaque. E há tantos no PSD. Eu conheço muitos. Infelizmente os militantes (e os portugueses) têm deixado que os parasitas tomem o partido de assalto.

Váriaz vezes cito Platão: “O preço a pagar por não te interessares por política, é seres governado pelos teus inferiores

De mim, Rui Rio e a sua direcção, contam com todo o apoio e toda a força. Estou disponível (dentro das minhas possibilidades) para ajuda a mudar e transformar o partido, a partir de baixo, das bases.

Votar contra nos congressos do PSD

Confesso que não segui o XXXV Congresso Nacional do PSD como queria, ou como me é habitual, com toda a atenção. Por falta de tempo, por falta de vontade, por dificuldade em aceder aos canais de notícias a partir do estrangeiro.

Mas vi algumas notícias, e consegui assistir a algumas das intervenções mais importantes – em directo nas rádios, no site do congresso ou mesmo em vídeos posteriormente publicados em sites de partilhas de vídeo (p.ex. Youtube).

Nada de muito relevante se passou. Os congressos servem cada vez mais para ratificar o nome do líder – Sim, o nome. Porque a estratégia pouco imteressa – e para distribuir os lugares de mais ou menos poder nos órgãos partidários.

Já não se ouvem intervenções políticas de fundo sobre o rumo do partido e do país. Já não se ouvem criticas às políticas do Governo, ou às propostas caso se esteja na oposição. Apenas se vêem tentativas de posicionamento pessoal.

E depois passa-se a correr sobre a apresentação das Moções e Propostas Temáticas, que ao invés de trazerem estratégias e propostas políticas para o partido e para o país, servem apenas para ajudar ao tal posicionamento pessoal.

A prova disso é que ninguém as lê. O que fica bem demonstrado pela votação das mesmas. São todas aprovadas. Ninguém vota contra. Mesmo que nelas estejam escritas as maiores barbaridades. Coisas que, por vezes, vão contra a matriz do partido.

Recordo-me dos dois congressos da JSD em que fui delegado. O XVI Congresso (Setembro 2002, Póvoa de Varzim) e o XVIII Congresso (Dezembro 2004, Fundão). Li com atenção todas as Moções e Propostas Temáticas. Votei contra algumas.

Não me esquecerei dos olhares dos delegados que se sentavam à minha volta. Pasmados, com cara de quem pensa “Mas o que é que estás a fazer? Isto não se vota contra! Somos todos do PSD!“. Pois, mas para mim a política não é futebol.