O tom e a atitude de Pires de Lima

Vi agora o vídeo e as fotos do Ministro da Economia, Pires de Lima, no debate de hoje no parlamento.

Nao creio que aquele tom de voz (quando falava de António Costa e Lisboa) ou aquelas atitudes (o papelinho PT e Sócrates) sejam dignas de um Ministro, muito menos num debate na Assembleia da República.

Mas se calhar o problema é meu, que ainda acho que os Ministros de um país – mesmo que seja de uma república das bananas – deveriam ser pessoas sérias e dignas. E que o parlamento de um país – mesmo que esteja repleto de gente sem categoria – deveria ser respeitado, quanto mais nao seja por representar o povo e a democracia.

Cuspir no prato que lhe dá de comer

Há bons e maus sítios em todos os países. Há bons e maus hábitos em todos os países. Há boa e má gente em todos os países.

Provavelmente o João Mangueijo está a ter ou teve algumas más experiências – tal como todos nós ao longo da nossa vida, em muitos locais.

Resolveu escrever um livro onde aponta os defeitos dos ingleses. Poderia ter escrito o mesmo livro sobre qualquer outro povo.

O livro seria perfeitamente banal e não chamaria qualquer atenção se o João não exagerasse na caracterização. Foi o que fez certamente.

Conseguiu os seus 15 minutos de fama, e algum dinheiro também. À custa de satirizar um povo que certamente o acolheu bem.

Se assim não fosse não estaria a viver em Inglaterra há 25 anos nem diria que apesar de tudo Ingaterra é “um país interessante“.

Confrontado pela polémica diz que tudo tem de ser visto com o humor britânico. Esquece-se é que ele não é britânico, nem o humor britânico é insulto.

Aos que acham piada, aconselho que imaginem que um “bife” a viver no Algarve escrevia um livro sobre as nossas festas estudantis ou das mulheres das aldeias do interior.

Não sou advogado de defesa de ninguém. Mas vivo em Londres e considero que as criticas feitas são propositadamente injustas e exageradas.

Leitura complementar:
Observador: O português que está a incomodar os jornais ingleses
The Telegraph: Top Portuguese academic decries ‘filthy’ English

Porque me faz rir o Joaquim…

Dou por mim a sorrir, na verdade a rir, quando vejo o Joaquim (Presidente do Tribunal Constitucional) no Telejornal, a tentar justificar as decisões tomadas pelo colectivo de juízes.

Paro um momento e penso porque será que me divirto com isto. Assim de repente não sei se será egoísmo – por estar longe e não ser afectado directamente pelas consequências das suas decisões – ou se será por estar a olhar para o ridículo de ter um irresponsável a pintar o futuro de Portugal de negro, com a conivência da maioria da opinião pública e publicada, bem como o desinteresse de mais de metade da população.

Um inconsciente e o seus compagnons de route que, a cobro de um documento qualquer, cheio de alarvidades que nem no século passado faziam sentido, continua a cavar um buraco que já de si é bem fundo, e de onde Portugal provavelmente não irá saír a bem (leia-se, sem haver mortos e feridos, gente a passar fome e muitas dificuldades).

Documento aquele escrito há 40 anos por uma dúzia de pessoas com ideias políticas distorcidas por décadas de fascismo, e nunca alterado por falta de coragem dos diversos líderes políticos e por puro situacionismo e interesse partidário dos partidos representados na Assembleia da República.

E sinceramente não importa nada que decisão este bando de  loucos aprova ou chumba. Não importa nada que tipo de propostas foram apresentadas e desenhadas.  O que está em causa aqui é mesmo o facto de o país estar a ser governado por um orgão não eleito! Tal e qual como numa ditatura! E o povo gosta.

Mas já diz o ditado. Cada um tem aquilo que merece, e o país que escolheu e continua a preferir Sócrates, Seguros, Costas (Antónios e Marcos Antónios), Isaltinos, Loureiros… que continua a admirar Salgados, Zeinais, Berardos… que aplaude Joaquins e afins… só vai ter mesmo aquilo que andou a semear.

Zeinal, o melhor CEO do Universo, com amnésia

Cheguei a ter algumas saudáveis discussões com amigos meus, a propósito dos sucessivos prémios atribuídos a Zeinal Bava, de melhor CEO (da Europa ou do Mundo), na área das telecomunicações.

Muitos, por interesse político ou provincianismo, embandeiravam em arco. Esquecendo quem era e o que fazia Zeinal Bava, desde que tinha chegado à presidência executiva de uma empresa monopolista.

Eu não esqueço. Da sua defesa incansável a José Sócrates (numa entrevista a Judite de Sousa na RTP). De, entre outros, ter cozinhado com o ex-PM a compra da TVI para calar um meio de comunicação social incómodo.

Também não esqueço, na minha terra, em Santo Tirso, a forma como abriu um contact-centre da PT, para fazer um favor político a José Sócrates e ao PS, que precisava de show-off antes das Legislativas/Autárquicas 2009.

Agora, o grande e competentíssimo CEO, vê-se envolvido nas falcatruas do BES. E em mais um caso de amnésia. Foi Oliveira e Costa, depois Ricardo Salgado e agora Zeinal Bava.

Todos eles se esquecem, ou não se lembrarm, de operações das suas empresas que envolveram cerca de mil milhões de euros (em alguns casos, mais do que isso). É fantástico, não é?

O objectivo não foi tirar os títulos, foi dá-los!

A Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo decidiu “abolir os títulos académicos das suas sessões”. Acabaram com o “Sr. Doutor”, o “Sr. Engenheiro”, o “Sr. Professor”, o “Sr. Arquitecto” quando se dirigem uns aos outros em plenário.

Portugal praticamente acordou com esta notícia na crista da onda. E muitos se apressaram a partihá-la nas redes sociais, como se se tratasse de um grande feito. Um exemplo a ser seguido pelo resto do país (organizações e pessoas).

Ora eu acho que mais valia envergonharem-se…

Primeiro, porque estamos em pleno século XXI, e em Portugal embandeira-se em arco com uma coisa que já deveria ter sido adoptada há muitos anos.

Segundo, porque ao invés de (como escrevi no parágrafo anterior) adoptarmos esta maneira de ver as pessoas, sem títulos, ela tem, mais uma vez, de nos ser imposta.

Terceiro porque a intenção da decisão é má. A A.M. Torre de Moncorvo decidiu acabar com o “Sr. Doutor, Engenheiro, Professor, Arquitecto” mas substituiu-o pelo “Sr. Deputado” e “Sr. Vereador”.

Disse o presidente da Assembleia Municipal que “não há maior condição do que ser deputado municipal“. Ou seja, o objectivo não foi tirar o título a quem já o tinha, mas dar um título a quem não tinha.


Post Scriptum 1 – Sou Engenheiro Electrotécnico, formado numa das melhores escolas de engenharia do mundo, a FEUP. Tenho orgulho na minha licenciatura, na minha formação, na minha especialidade. Mas o meu nome é Luís. Compreendo que por vezes, por ser mais fácil, tratemos certas pessoas por “Sr. Doutor” ou “Sr. Engenheiro”, também o faço. Mas não confundamos as coisas. O problema é que em muitos meios portugueses (especialmente na política) os títulos são abusivamente utilizados como uma maneira de as pessoas se superiorizarem às outras.

Post Scriptum 2 – Este é um tema que tenho abordado muitas vezes, quando se trata da política Tirsense. Em Santo Tirso, os políticos gostam muito dos seus títulos, porque os fazem sentir superiores ao próximo. Apesar de se conhecerem há anos, tratam-se uns aos outros, em público, por “Sr. Doutor” ou “Sr. Engenheiro” e assinam documentos com o título em prefixo/sufixo (ex. “António Alberto Castro Fernandes, Eng°.). Um conhecido vereador, candidato derrotado e ex-presidente do PSD até chegou a confessar em privado que iria tirar um curso nocturno num universidade privada, para poder subir na hierarquia do partido.

O spin da trupe laranjinha do PSD

A política em Portugal tem destas coisas. O que é verdade hoje passa a ser mentira na próxima semana. O que é bom hoje passa a ser mau amanhã. O que é conveniente agora passa a ser inoportuno daqui a bocado.

Quando os resultados eleitorais foram divulgados no domingo a carneirada militante do PSD (infelizmente uma grande parte dos militantes que são activos) amochou. O seu clube (leia-se partido) tinha sido derrotado.

Mas pouco tempo passou até que os Spin Doctors conseguissem transformar uma derrota histórica do PSD/CDS numa tempestade para o partido vitorioso, o PS (e os socialistas caíram que nem patinhos, para ajudar).

Vai daí a trupe militante social democrata rejubilava. Afinal de contas o resultado tinha sido como uma vitória para o PSD. Nas redes sociais cavalgavam a crise no PS e a queda de António José Seguro.

Mas de repente alguém no PSD, com mais calculismo e sentido da realidade, alertou para um facto que normalmente acontece no futebol. Se o treinador da equipa adversária é mau, mais vale que ele fique para continuarmos a vencer.

Ora então o contentamento da canalha militante laranja pela demissão de António José Seguro transforma-se em indignação contra António Costa e os seus compagnons, e em defesa do actual e “legítimo” líder socialista.

Claro que segundo eles nada tem a ver com o facto de afinal se terem apercebido que com Seguro no PS, o PSD tinha talvez hipótese de vencer as Legislativas 2015, e que com Costa o PS podia renovar-se e ganhar nova força.

Portugal está primeiro, dizem, e o país “não precisa de uma crise política“. Além do mais, Seguro venceu as eleições internas há 1 ano, e “é preciso respeitar a democracia e as instituições”. Tão preocupados que eles estão com o PS.

Eu tenho muita pena que o meu partido esteja cheio de gente menor, que não pensa pela própria cabeça e que vive a política como se de futebol se tratasse. É por isso que o PSD está, neste momento, a anos-luz de Sá Carneiro.

Valha-nos (ao PSD) alguns – infelizmente muito poucos – militantes, figuras influentes e dirigentes que têm bom senso, sentido de missão e honestidade. Só espero que esses possam, a partir de dentro, renovar o partido.

Em Santo Tirso não se assumem responsabilidades

Há 8 meses atrás, o PSD Santo Tirso perdia as eleições Autárquicas. Uma derrota sem precedentes. A diferença para o PS foi de 5.000 votos.

A direcção do partido, liderada pelo auto-nomeado candidato à Câmara, fez de conta que nada se tinha passado. Não tirou ilações nem assumiu responsabilidades.

Este fim-de-semana, o PSD Santo Tirso perdia mais umas eleições, as Europeias. Desta vez coligado com o CDS/PP. Baixaram de 10.300 para 6.500 votos. O PS teve 9.700 votos.

Passaram já 3 dias sobre o acto eleitoral. Por esse país fora tiram-se consequências dos resultados. Em Santo Tirso, como sempre não há responsáveis.

A presidente do PSD anda desaparecida. Em silêncio absoluto. A ver se a poeira assenta e ela consegue passar incólume. No CDS idem aspas.

O mandatário da candidatura anda pelas redes sociais a “cavalgar” a situação no PS Nacional. Se ele se enxergasse olhava para a sua própria casa.

É que isto de ser mandatário é muito bonito quando se ganha e se vai buscar os louros. Mas quando se perde também se deve dar a cara e uma justificação.

Estar na política não é só pavonear-se em eventos sociais e políticos. É trabalhar, fazer escolhas e assumir responsabilidades por elas, perante os militantes e eleitores.

De resto é triste ver os militantes mais influentes e activos, também eles, todos em silêncio. A pactuar com esta desresponsabilização e este branqueamento.

Ao menos no PS Nacional haja quem tenha coragem de assumir diferenças, levantar a voz contra o fracasso da actual direcção e antever catástrofes.

Sim porque a derrota que por exemplo o mandatário do PSD prevê para o PS nas Legislativas de 2015, vai ser a mesma que, por este andar, ele vai ter nas próximas Autárquicas.

Algo que deveria ser fácil perceber já que, nas Autárquicas 2013, a derrota histórica apareceu, e não foi por falta de aviso ou premonição de alguns militantes.

O feriado do 25 Abril é patético e hipócrita

Artigo de opinião publicado na edição de Maio 2014 do jornal Notícias de Santo Tirso

O 25 de Abril de 1974 foi há 40 anos! Mas Portugal continua a ter um gigantesco lastro da revolução dos cravos, que impede o país de andar para a frente e se desenvolver. Uma âncora enorme e bem enterrada. Umas amarras ao passado que não permitem ao país conquistar o futuro.

O que se pretende festejar no feriado do 25 de Abril? Um sistema eleitoral conquistado em 1974? Só se for isso porque continuamos a não poder festejar a conquista da verdadeira Democracia, da verdadeira Liberdade, da verdadeira Justiça Social.

E os maiores culpados são os arlequins que neste dia fazem a maior festa. Os políticos que durante o ano inteiro, na sua maioria, tratam das suas vidinhas, neste dia falam de grandes valores na casa da democracia. A mesma que serve para os seus negócios e jogos partidários.

E qual a Liberdade que tantos bradam? Será Liberdade uma pessoa não poder ir sozinha ao Estádio da Luz com um cachecol do FC Porto (e vice-versa) para ver um jogo de futebol, sem correr o risco de ser insultada ou agredida?

Será Liberdade não poder saír de noite em segurança, sem correr o risco de ser assaltado, violado ou até assassinado? Será Liberdade não poder discordar do patrão, do director ou de qualquer outro superior hierárquico na empresa, sem correr o risco de ser ostracizado ou despedido?

Será Liberdade não conseguir emprego e ser discriminado por causa da idade, género, cor, religião ou deficiência? Será Liberdade um doente ir de Amarante ao Porto numa ambulância, em apenas 30 minutos e depois chegar ao Hospital São João e esperar horas num corredor?

Será Liberdade existirem meios de comunicação social controlados por governos, partidos políticos e outros interesses? Será Liberdade um homem matar (ou mandar matar) pessoas e não só ficar impune como, para além disso, ser condecorado e sustentado por aqueles que aterrorizou?

Será Liberdade milhões de portugueses trabalharem o ano inteiro e verem metade do seu rendimento ir para impostos, que depois são esbanjados por políticos irresponsáveis, ao invés de os ver investidos em Educação, Saúde, Justiça, Segurança?

E todos os anos é a mesma conversa quando se aproxima o feriado do 25 de Abril. Certos sectores querem apoderar-se da data e deixar o resto da sociedade portuguesa de fora, como se o tal dia da Liberdade fosse só deles. Como se fossem donos da tal Liberdade.

Ora, como bem disse a JSD há uns anos atrás “ se a liberdade tivesse dono, era uma ditadura“. O feriado do 25 de Abril é um dia em que não se trabalha. Um dia em que basicamente se comemora a altura em que se começou a ter direito a tudo, sem ter de se fazer nada por isso.

Um país que não celebra a conquista da sua própria independência (24 Junho 1128) e que deixou de celebrar a sua própria reconquista (1 Dezembro 1640), continua agarrado àquilo que foi apenas uma saudável mudança de regime, e que é agora, claramente, uma pedra na engrenagem.

Podem chamar-me o que quiserem, até fascista, pouco me importa. Sou um democrata incondicional e acho que os festejos do 25 de Abril de 1974 são arcaicos e estão obsoletos. Mais, este permanente saudosismo é patético e hipócrita.

Curiosidades políticas: Capucho e RAP

Tenho muita pena que, em certa medida, António Capucho se esteja a tornar no Mário Soares do PSD. Perdeu a noção e o bom senso. E não tem ninguém em casa que lhe diga que só se prejudica a si mesmo. Está a perder toda a credibilidade que conseguiu acumular numa grande carreira política.

Ainda me lembro de Francisco Louçã, há muitos anos no programa do Herman, dizer que nunca se iria tornar político. O mesmo fez demasiadas vezes Ricardo Araújo Pereira. São de facto todos iguais estes falsos moralistas de esquerda (e de direita, já que Paulo Portas fez o mesmo).

PSD 40 anos. Sá Carneiro sentiria vergonha

Hoje, 6 de Maio de 2014, o PSD faz 40 anos.

Sá Carneiro deu continuidade à sua luta por uma verdadeira democracia com a fundação do PPD em 6 de Maio de 1974.

Não conheci Sá Carneiro. Os meus pais e avós dizem-me que ele me pegou ao colo numa das visitas lá a casa.

Morreu quando eu tinha 3 anos. Mas o que ele defendia e idealizava politicamente ficou lá em casa, e foi cultivado.

Não tenho a menor dúvida que hoje Sá Carneiro estaria muito triste com aquilo em que o seu partido se tornou.

Creio mesmo que sentiria vergonha alheia por alguns dos dirigentes do PSD, e das suas atitudes e opções políticas.

E a coisa está de tal forma que por vezes me parece impossível recuperar o que foi o PPD/PSD de Sá Carneiro.

Na verdade, quem está mais perto dele, em termos de pensamento e acção política, é Rui Rio e Pedro Santana Lopes.

Dirão que não são perfeitos. Com certeza que não. Nem Sá Carneiro era. Mas regem-se por valores e princípios.

São homens com carácter e grande personalidade. E é também e acima de tudo isso que faz falta hoje em política e nos políticos.