Bloco de Esquerda nasce em Santo Tirso

Nascido em 1999 – da fusão de 3 partidos: UDP, PSR e Política XXI – o Bloco de Esquerda tem tido um crescimento tão assinalável como perigoso. Perigoso porque, para mim, qualquer extremo (direita ou esquerda) é mau, por ter falta de razoabilidade, de equilíbrio ou de sensatez. De qualquer forma é bom que exista, no espectro político português, uma grande pluralidade de partidos que representem mesmo a mais pequena minoria no seio da população.

Praticamente 11 anos depois de ter sido criado a nível nacional, o BE abre finalmente um núcleo no concelho de Santo Tirso, onde nasci, cresci e vivi durante 29 anos (e onde pretendo voltar). Isso será assinalado com um jantar que vai contar com a presença do Coordenador Distrital, João Teixeira Lopes – que será assim o padrinho da estrutura concelhia.

Desconheço as pessoas que vão fazer parte deste núcleo do BE. Não sei por enquanto se são pessoas mais ou menos recomendáveis, mais ou menos confiáveis, mais ou menos competentes. Só espero que, ao contrário das direcções do PS e PSD locais, pense mais nos interesses dos Tirsenses do que nos próprios proveitos. Ao contrário do CDS local, seja mais activo, interventivo e atractivo. Ao contrário do PCP local, seja menos demagógico e menos sindicalista.

O Povo casou com Sócrates

Se na legislatura anterior ainda havia dúvidas, na actual elas ficaram todas dissipadas em relação à (falta de) qualidade dos políticos que temos. Falo no Governo, no partido que suporta o Governo e também na oposição. Existem, como é natural, algumas excepções no seio do PSD, do CDS e do PCP. Não encontro nenhuma no PS ou no BE.

Os últimos doze meses (Set 2009 – Set 2010) só podem ser caracterizados por uma expressão: Annus horribilis. A rainha Isabel II de Inglaterra usou esta expressão no ano de 1992, em que 3 dos seus filhos se divorciaram. Aqui, os tugas podem pelo contrário dizer que o problema foi terem “casado” com José Sócrates.

Arranjaram um cônjuge que parecia o príncipe encantado, mas que se revelou o maior bêbado, mentiroso, preguiçoso, infiel, irresponsável e desonrado dos maridos. Casou com o tuga por interesse e por dinheiro, e acabou por esbanjar tudo o que ele tinha. Além disso sujou a sua imagem e o seu bom nome. Despiu-o, usou-o, abusou dele e deixou-o na sarjeta.

Só espero que o típico tuga tenha aprendido a lição, e que no futuro não eleja mais nenhum Sócrates. Espero que este seja o fim do chico-espertismo, da mentira, da habilidade e da falta de carácter. Que seja o fim da incompetência, da mediocridade e da irresponsabilidade. Que seja o fim da corrupção, do nepotismo, das mordomias e das benesses. Que seja o fim do facilitismo e da falta de exigência.

Precisamos de políticos responsáveis, sérios, honestos, capazes, competentes, sensatos e acima de tudo… com sentido de missão.

A farsa do 25 de Abril

Podem chamar-me o que quiserem, até fascista, pouco me importa. Sou um democrata incondicional mas acho que os festejos do 25 de Abril de 1974 são arcaicos e estão obsoletos. Enquanto não soltarmos estas amarras do passado não conseguiremos conquistar o futuro.

Em vez de estarmos permanentemente a viver (com saudosismo) o 25 de Abril de 1974, devíamos trabalhar e lutar para podermos viver (com felicidade) os 25 de Abril de 2010, 2011… 2050, etc.

É que além do mais somos todos uns hipócritas. O que festejamos é um sistema eleitoral conquistado em 25 de Abril de 1974, mas continuamos a não poder festejar a conquista da verdadeira democracia, da verdadeira liberdade, da verdadeira justiça social.

E os maiores culpados desta situação são os arlequins que neste dia fazem a maior festa de todas. Os políticos que durante 364 dias “comem o sono” e “tratam das suas vidinhas”, vêm neste dia falar de grandes valores na “casa da democracia” (a tal onde se insultam uns aos outros durante o resto do ano).

Para ler e reler…

A excelente entrevista de António Barreto ao jornal i de hoje:

Sobre a política e os políticos: “Porque se fala tanto, há cinco ou seis anos, de um crescendo da propaganda política? Porque a vontade não é que as pessoas participem, mas que se limitem a subscrever, e passivamente. Se se quiser participação, há que respeitar as pessoas, dando-lhes conhecimento, informação e manifestando respeito pelas opiniões contrárias. Participar é isso. Quando não se quer que as pessoas participem faz-se propaganda: exigindo obediência ou impassibilidade“.

Sobre a asfixia democrática na sociedade: “Prefiro, acho que é mais grave. Em Portugal quase toda a gente depende do Estado, do governo, das instituições públicas oficiais, dos superiores, dos empregadores. Não há verdadeiros focos de independência. Depende-se de muita coisa: do alvará, de ter autorização, de ser aceite, da boa palavrinha do bom secretário de Estado que diz ao bom banqueiro que arranje uns bons dinheirinhos para fazer o investimento. A dependência é enorme. Não é asfixia, uma vez mais, é dependência. As pessoas têm receio pelo seu emprego, pelo seu trabalho, pelo trabalho da família. Conheço algumas que até têm receio de falar…”

Sobre o país: “Entre 1960 e 1995 houve uma verdadeira cavalgada: fomos o país que mais cresceu e se desenvolveu na Europa, com uma mudança demográfica completa, outra nos costumes, algo de absolutamente fantástico! De repente chegámos a 90 ou 95 e percebemos que não tínhamos inovado nem criado muito… Fizemos auto-estradas – qualquer país com um cheque na mão as faz -, mas não fizemos novas empresas, novos projectos, novos produtos. E perdemos muito do que tínhamos: demos cabo da floresta, demos cabo da agricultura, demos cabo do mar. Três coisas imperdoáveis, três erros históricos. E não sei se ainda é possível voltar a prestar atenção à floresta, à agricultura, ao mar…”

Conclusões: “Se não houvesse a Europa e se ainda houvesse Forças Armadas, já teríamos tido golpes de Estado. Estamos à beira de iniciar um percurso para a irrelevância, talvez o desaparecimento, a pobreza certamente. Duas coisas são necessárias para evitar isso. Por um lado, a consciência clara das dificuldades, a noção do endividamento e a certeza de que este caminho está errado. Por outro, a opinião pública consciente. Os poderes só receiam uma coisa: a opinião dos homens livres“.

Góticas…

Não fazia ideia que as filhas do Zapatero (grande amigo do Sócrates) eram góticas… e a mulher está de preto porque Sócrates ganhou ontem as eleições?