Boas Festas da Senhora Deputada

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Um dos maiores problemas de Portugal está, na minha opinião, na frequência da Assembleia da República.

A começar pelo seu presidente, Eduardo Ferro Rodrigues, que por diversas vezes, ao longo da sua carreira política, demonstrou falta de integridade, competência ou dignidade, para ocupar tão alto cargo – segundo na hierarquia da República Portuguesa.

Mas principalmente nos deputados, que salvo raríssimas excepções (para as quais este escrito é injusto), demonstram todos os dias sofrer do mesmo mal. Falta de integridade, competência ou dignidade para ocupar tão importante lugar e desempenhar tal função.

A recente polémica da Lei do Financiamento dos Partidos é apenas mais uma prova disso mesmo. De que a Assembleia da República é mal frequentada. Por pessoas que não têm sentido de missão ou de responsabilidade, não têm honra ou brio, não têm respeito ou vergonha.

Sim, sei que foram eleitos, e ainda bem que assim foi. Sou um acérrimo defensor da democracia representativa e participativa. Infelizmente, por razões que não vale a pena dissecar neste post os Portugueses conseguiram eleger para seus representantes o pior que a sociedade tinha para oferecer.

A fotografia acima é apenas mais uma, muito pequena, prova. Andreia Neto, minha conterrânea, deputada do PSD eleita pelo círculo do Porto (não por mérito mas para cumprir a Lei da Paridade nas listas) enviou para minha casa dois postais de “Boas Festas”.

Uma hipocrisia. Andreia Neto tem liderado um cacique no PSD Santo Tirso, que tem por único objectivo servir-se do partido e dos lugares que consegue para proveito próprio. Eu tenho sido um dos maiores críticos da sua acção política. Como fracos políticos profissionais Andreia e o seu cacique levam as coisas para o campo pessoal.

No entanto Andreia envia não um, mas dois postais, e atreve-se a assinar “com amizade“. Quando sabe perfeitamente que nunca fomos, nem somos, amigos – independentemente da vida partidária ou diferenças políticas. Quando ela sabe, que eu sei, que estes postais não são de todo sinceros.

Um desperdício. De papel e de dinheiro dos contribuintes. Se Andreia Neto, os seus colegas deputados, ou a Assembleia da República tivessem um mínimo de respeito pelos Portugueses (e já agora pelo ambiente) enviavam um email (estamos no séc. XXI) que não tinha custos ou, no limite, uma carta por agregado familiar.

Pus-me a pensar. Será que todos os 230 deputados enviaram estes postais de “Boas Festas”, em duplicado ou triplicado, para todos os Portugueses? Para todos os eleitores? Para um grupo restrito de pessoas que alguém, por eles, escolheu? Quantos postais e envelopes? Milhões? Centenas de milhar? Dezenas de milhar? Milhares? Quanto custou?

A verdade é que estas coisas, por pequenas (postais de “Boas Festas”) ou grandes (Lei do Financiamento dos Partidos) que sejam, nem sequer lhes passam pela cabeça. Porque na sua maioria sofrem de Dunning-Kruger Effect, e o poder sobe-lhes à cabeça de tal maneira que pensam que são iluminados ou enviados. Que podem dizer e fazer tudo. Sem nunca se questionar a si próprios, quanto mais serem questionados – os donos deste país.

Raríssimas. Esta gente não chega lá sozinha II

Quando ontem escrevi que gente como Paula Costa “só chega a estas posições se for ajudada ou empurrada” e que chegando lá, só se mantêm, roubando cada vez mais, se outros forem incompetentes e irresponsáveis” estava longe de saber que o Ministro Vieira da Silva, o Secretário de Estado Manuel Delgado, ou a Deputada Sónia Fertuzinhos não eram os únicos políticos a chafurdar neste lamaçal.

Foi o artigo da Visão “Como a política, a banca e os negócios apadrinharam Paula, a Raríssima” que nomeou outros, da auto-denominada elite portuguesa. Entre eles vários políticos e ex-governantes. Leonor Beleza, Graça Carvalho, Maria de Belém ou Roberto Carneiro, todos eles ex-Ministors. Fernando Ulrich, Teresa Caeiro, Isabel Mota ou António Cunha Vaz.

Tudo gente que, repito, tinha obrigação de ter mais responsabilidade quando ajuda ou promove alguém. Quando se involve e aceita fazer parte de alguma coisa. Parece-me evidente que todos lá estiveram, ou ainda estão, porque fica bem, e não por se interessarem, o mínimo que seja, pela actividade da tal instituição. Como foi possível isto passar-se debaixo dos seus narizes?

Todos eles fizeram parte dos orgãos da instituição. Fosse no Conselho Consultivo ou na Assembleia Geral. Está bem à vista que apenas fizeram figura de corpo presente. Sendo incompetentes nas suas funções de fiscalização. Se tivessem o mínimo de vergonha, ou respeito pelo dinheiro dos contribuintes, viriam imediatamente a público retratar-se, pedir desculpa, e cooperar com a investigação em curso.

Contorcionismo Político

Li no Observador de hoje: “Miguel Albuquerque refere que a monitorização das árvores faz parte da área da autarquia e não do Governo Regional “Eu, como presidente do governo, assumo as minhas responsabilidades. Quem tem outras de jurisdição, tem as suas”.

Isto não soava tão mal se o Miguel Albuquerque não tivesse sido presidente da Câmara do Funchal durante quase 2 décadas! – entre 1994 e 2013.

Acho absolutamente incrível a forma como os actuais políticos da nossa praça se apressam a fugir às suas responsabilidades, políticas e de outra natureza.

Também acho muito curiosa a habilidade que todos eles demonstram a sacudir a água do capote, em exercícios de contorcionismo dignos do Cirque do Soleil.

Como o Miguel Albuquerque, outros (com o primeiro ministro António Costa à cabeça) foram politicamente responsáveis pela morte de 64 pessoas no Pedrogão, mas passados 2 meses sobre essa tragédia, não se vislumbra nem um pingo de vergonha, nenhum sinal de mea culpa, ou a mais pequena aceitação de responsabilidade.

Uma vergonha de país, este Portugal, governado por gente menor, a caminhar a passos largos para o abismo. E desta vez, sem retorno.

Cacique. Primeira razão pela qual Portugal está moribundo

Alguns ainda se deixarão surpreender por notícias como a que o Observador (e bem) publicou hoje: Carrinhas, listas e cacicagem. Todos os detalhes da guerra pelo poder no PSD/Lisboa

Outros, já não só, não se deixam surpreender como admitem o cacique como práctica corrente e, ainda pior, como prática aceitável e incontornável.

Já muito escrevi neste blog sobre caciques. E sobre aqueles que o praticam. Nomeadamente no PSD Santo Tirso – que é o exemplo que conheço mais de perto.

Um exemplo foi o de Abril de 2014, onde num artigo para um jornal local escrevi que o PSD Santo Tirso teria sido “atacado por várias doenças” nomeadamente um “fatal Cancro do Cacique“.

Esta é, na minha opinião, a primeira razão pela qual Portugal está moribundo, e a caminho do abismo. Que acabará, mais tarde ou mais cedo, em forma de ditadura (comunista ou fascista).

E é, porque o estado do país se deve em muito à má estratégia, às más políticas, às más decisões, tomadas pelas pessoas que estão à frente do governo de Portugal.

Não só as que estão no Governo da República mas também aquelas que estão nos lugares de liderança de outros orgãos (políticos, empresariais, judiciais), nomeados pelos primeiros.

Esses que na esmagadora maioria dos casos, emergiram dos partidos políticos, nos quais a única forma de chegar às lideranças e lugares de decisão, parece ser o tal cacique.

Da maneira como os partidos estão organizados, são os tais que promovem e controlam os caciques, que decidem quem será o candidato à Junta, à Câmara, à Assembleia da República.

E serão depois os mesmos a decidir quem será o nomeado para a Direcção Geral, o Governos Civil, a CCDR, e muitas outras instituições e orgãos que governam o país.

A verdade é que não há cacique sem “carneiros”. Se quem promove e controla o cacique tem falta de carácter, o que dizer daqueles que se deixam levar em carrinhas para votar.

Esses são, para mim, tão maus ou piores. É preciso ser-se muito invertebrado para deixar que outros pensem pela sua própria cabeça. Para se vender por “um prato de lentilhas”.

Da mesma forma, aqueles que são coniventes com o cacique, ou que se aproveitam dele sem “sujarem” as mãos, são também gente muito pouco recomendável.

É também por isso que sempre defendi, que a responsabilidade do estado do país não é exclusiva dos políticos. Mas de todos os portugueses. Nomeadamente dos acima mencionados.

Mas também daqueles que se deixam vencer por estas práticas e estas pessoas. Aqueles que, ao saber do cacique, desistem de lutar e deixam a coisa acontecer. Também esses são culpados.

É por isso que, apesar de me doer muito, nunca deixei de me fazer ouvir, e de agir. Não só a nível nacional, mas acima de tudo na minha localidade, em Santo Tirso.

Candidatei-me várias vezes contra os caciques. Perdi sempre. Testemunhei os autocarros. Dei de caras com muitos “carneiros”. Provei a desfaçatez e falta de vergonha de quem promove e controla os caciques.

Tenho muita pena que o meu partido, o de Francisco Sá Carneiro, se tenha tornado nisto. E é por isso que não apoio candidatos que, tenho a certeza, sairam deste lamaçal.

Trump vs Obama – a opinião de um Cubano

São 23:00 em Las Vegas, no estado de Nevada, Estados Unidos da América. Chamo um Uber para me levar ao hotel, e o Rodolfo aparece em 2 minutos. O Rodolfo é simpático, diz que nos vai levar pela “strip”, apesar de o GPS aconselhar a auto-estrada (interstate 15), porque afinal de contas estamos de visita e é sempre bonito ver as luzes e o buzz.

Depois de responder que somos de Portugal, devolvo a pergunta. O Rodolfo é cubano. Está nos EUA há 20 anos, e tem a mulher, filhos, irmãos e sobrinhos em Vegas. Pergunto se visitou Cuba desde que chegou aos EUA. Rodolfo diz que sim, um par de vezes. Mas que não quer voltar, nem gosta muito de lá ir.

Pede para não confundir. Diz que é um orgulhoso cubano, que Cuba é linda e que deviamos mesmo lá ir. A comida, as praias, o mar, as cidades. Diz que tudo é lindo e vale a pena visitar. Mas para viver… “Não sou comunista. O comunismo não é bom para as pessoas“.

A minha mulher pergunta então o que acha de Donald Trump e acho que ambos esperávamos uma onomatopeia e um torcer de nariz. Mas… “Trump has not messed with us. I have no complaint”… e mais “Obama was the one who passed a law which would not allow cubans from coming to the USA and stay“.

O feriado do 25 Abril é Arcaico, Obsoleto, Patético e Hipócrita

Vou voltar a repetir o que já escrevi variadíssimas vezes, desde a criação deste blogue, a propósito do 25 de Abril.

Já passaram 43 anos desde o 25 de Abril de 1974, mas Portugal continua a ter um gigantesco lastro da revolução dos cravos, que impede o país de andar para a frente e se desenvolver. Uma âncora enorme e bem enterrada. Umas amarras ao passado que não permitem ao país conquistar o futuro.

No feriado do 25 de Abril o que se pode assinalar é apenas a conquista de um sistema eleitoral. Nada mais. Porque continuamos a não poder assinalar a conquista da verdadeira Democracia, da verdadeira Liberdade, da verdadeira Justiça Social.

E os maiores culpados disso são os arlequins que neste dia fazem a maior festa. Os políticos que durante o ano inteiro, na sua maioria, tratam das suas vidinhas. Na Assembleia da República, nas Câmaras Municipais, nas Assembleias de Freguesia. E que depois, neste dia, falam de grandes valores nas “casas da democracia”. As mesmas que servem para os seus negócios e jogos partidários.

E depois, todos os anos é a mesma conversa, quando se aproxima o feriado do 25 de Abril. Certos sectores querem apoderar-se da data e deixar o resto da sociedade portuguesa de fora, como se o tal “dia da Liberdade” fosse só deles. Como se fossem donos da tal Liberdade.

Ora, como bem disse a JSD há uns anos atrás “se a liberdade tivesse dono, era uma ditadura”. O feriado do 25 de Abril é um dia em que não se trabalha. Um dia em que basicamente se comemora a altura em que se começou a ter direito a tudo, sem ter de se fazer nada por isso.

O Luís Cirílo, no seu blogue Depois Falamos, foi assertivo há uns anos atrás, num post sobre o tema. Um país que não celebra a conquista da sua própria independência (24 Junho 1128) e que deixou de celebrar a sua própria reconquista (1 Dezembro 1640), continua agarrado àquilo que foi apenas uma saudável mudança de regime, e que é agora, claramente, uma pedra na engrenagem.

Podem chamar-me o que quiserem, até fascista, pouco me importa. Sou um democrata incondicional e acho que os festejos do 25 de Abril de 1974 são arcaicos e estão obsoletos. Mais, este permanente saudosismo é patético e hipócrita.

Portugal ainda não bateu no fundo

É verdade que José Miguel Júdice – um dos que toda a vida comeu da gamela do Estado, e cujo escritório de advogados foi muito provavelmente dos que fez (e faz) leis à medida – disse em directo na TVI que…

“A mentira, na Política, é inevitável. Sejamos sérios.”

… mas alto, que ainda falta muita merda para chegarmos ao actual estado da Venezuela. Esta gente ainda está a aquecer.

Os Boys… tal e qual

Recentemente tropecei, literalmente, na série Os Boys da RTP. Vi o primeiro episódio e fiquei vidrado.

Durante duas semanas vi um episódio por dia. A série tem apenas 13 episódios ao todo e está na RTP Play.

Vou escusar-me de qualquer comentário para evitar algum spoiler. Recomendo ver para crer.

Tenho alguns amigos e muitos conhecidos na política. Reconheço que nem todos são iguais ou maus.

Mas que me perdoem. Esta série pretende ser uma sátira, mas a verdade é que a realidade é tal e qual.

Infelizmente…

 

Subvenções Vitalícias. Os hipócritas.

Numa altura destas, com o país ainda falido e a tentar recuperar de uma bancarrota, naturalmente que é uma vergonha que a maioria dos deputados da AR, aprove e tente re-estabelecer as subvenções vitalícias dos políticos, após 3 mandatos (ou seja, 12 anos) em funções.

Não é só uma questão de razoabilidade ou de injustiça. É uma questão de timming. Os portugueses estão a passar por imensas dificuldades. É preciso reformar e consertar o país. E a prioridade destes senhores e senhoras, que têm um vencimento 4 ou 5 vezes superior à média, é re-estabelecer as suas próprias benesses? Revela uma enorme falta de vergonha.

Mas pior do que os deputados que proposeram ou do que os deputados que aprovaram, é a contínua hipocrisia daqueles que vociferam contra porque lhes convém ou porque querem fazer passar uma certa imagem, mas que não fazem absolutamente nada para que isto seja revogado, ou melhor, nem sequer seja posto em prática. É insultuoso, porque nos tentam fazer de parvos.

Entre eles estão membros do Bloco de Esquerda, incluindo a sua candidata a PR, Marisa Matias. Aparecem na comunicação dita social em grande indignação, mas nada fazem sobre o assunto. Ou afinal já não é deles que o Governo do PS, e a AR, estão dependentes para fazer passar leis no parlamento?

Também Maria de Belém Roseira, candidata indicada pelo PS para PR, dependente da política há decadas, vem indignar-se e pedir a fiscalização do diploma, só porque anda na caça ao voto. Ora, chegue-se à frente e diga frontalmente se sendo PR reprovaria o diploma sem pestanejar, ou deixaria passar com uma “ficalização sucessiva”.

Com ou sem bancarrota, Portugal continua na mesma. Os mesmos de sempre a servirem-se da gamela do Estado, onde se acumulam os impostos dos poucos portugueses que os pagam, e que não tarda nada verão o país caír para nova bancarrota e novo resgate – a não ser que seja desta que o Euro nos expulse.

Eleições no Reino Unido. A minha opinião e paralelo

Cheguei a Londres em Março de 2012. Desde essa altura que todas as sondagens davam a vitória (mais ou menos folgada) a Ed Miliband, líder to Partido Trabalhista. Um homem que não foge ao padrão do político do século XXI. Iniciou-se na política com 25 anos. Antes disso estudára na University of Oxford e na London School of Economics, seguindo-se uma curta passagem no Channel 4, como apresentador de um programa sobre política.

A verdade é que o perfil, e o histórico pessoal e profissional não era muito diferente de David Cameron, líder do Partido Conservador e Primeiro-Ministro. Também ele se iniciou na política com 20 e poucos anos, juntando-se ao Partido Conservador logo após concluír a sua licenciatura na University of Oxford. Sendo que o único emprego fora da política que se lhe conhece é como Director de um grupo de média que detinha vários canais de TV.

Quando cheguei ao Reino Unido, em 2012, as semelhanças com Portugal eram enormes (apesar de os problemas e as dificuldades serem de dimensões completamente diferentes).

  1. Dois anos antes, um Governo do Partido Trabalhista tinha deixado o país em mau estado.
  2. O líder da oposição, Ed Miliband, tinha sido Ministro desse Governo (de Gordon Brown).
  3. O Governo em funções era de coligação – Partido Conservador e Liberais-Democratas.
  4. O Primeiro-Ministro David Cameron via-se forçado a aplicar medidas de austeridade.
  5. Apesar de ter sido cúmplice e co-responsável, Ed Miliband bramava contra a actuação do Governo.
  6. O resto da oposição e os média aliavam-se ao protesto e indignação dos trabalhistas.

A verdade é que os sinais positivos iam aparecendo aos poucos, mas a grande velocidade. Todos os índices estavam a ir na direcção desejada. Emprego a crescer, défice a estabilizar, serviços a melhorar. E como bónus os impostos sobre o rendimento desciam (o Personal Allowance subiu de £8,000 para £10,000 em 3 anos).

O Primeiro-Ministro ia cumprindo algumas promessas, batendo o pé à UE ou avançando com o referendo por uma Escócia independente. E ia avisando sobre medidas que intencionava implementar, como o fim do turismo de saúde (estrangeiros que entram no Reino Unido apenas para se aproveitar do NHS – serviço nacional de saúde) e do equivalente ao rendimento mínimo garantido, para qualquer pessoa (nacional ou estrangeira) que vivesse no país.

Naturalmente que muitas outras promessas foram quebradas e medidas esquecidas, mas a verdade é que David Cameron e o Partido Conservador se centraram naquelas que sabiam ter mais impacto na sociedade e aceitação no eleitorado.

Chegados à campanha eleitoral…

  1. Ed Miliband e o Partido Trabalhista, resolveram radicalizar ainda mais o seu discurso (talvez a reboque de Syrizas, Podemos e afins). Adoptando um discurso demagógico e fazendo promessas populistas.
  2. Nick Clegg e os Liberais-Democratas, parceiros de coligação no Governo, resolveram culpar David Cameron e o Partido Conservador pela austeridade e erros do Governo, e ao mesmo tempo reclamar para si os louros das boas decisões.
  3. David Cameron optou por manter a postura de responsabilidade e sentido de Estado. Reconhecendo a austeridade e afirmando que era um mal necessário, que começava a dar frutos. Poucas ou nenhumas vezes acusando o Partido Trabalhista de ser o responsável pela situação que encontrou.

Mas acima de tudo, a mensagem que David Cameron tentou passar aos eleitores foi a de deixarem o Partido Conservador, no Governo, terminar o trabalho que iniciou. Foram 5 anos difíceis para endireitar o país. E agora, quando as coisas começavam a tomar o caminho certo, não deitar tudo a perder, desperdiçando os sacrifícios feitos ao longo de tanto tempo.

Contra todas as expectativas o Partido Conservador de David Cameron venceu as eleições com uma confortável maioria absoluta. Só precisava de 323 deputados (porque o Sinn Fein normalmente não ocupa os seus lugares de deputados em Westminster) e obteve 331, mais 24 do que nas últimas eleições.

O Partido Trabalhista de Ed Miliband pagou caro pela demagogia e populismo adoptados. Perdeu 26 deputados. Os Liberais-Democratas pagaram ainda mais caro por tentarem desmarcar-se das decisões impopulares e de austeridade que o governo, do qual eram parceiros, teve de tomar. Perdeu 49 deputados.

Em Portugal, o resultado das eleições Legislativas 2015 poderia também ser semelhante. Mas provavelmente não será. Primeiro porque o parceiro minoritário no Governo (o CDS) não é tão estúpido como foram os Liberais-Democratas (aliás já se sabe que a coligação PSD/CDS se mantém para as eleições), e depois porque o povo português tem provado até hoje ser um bocadinho mais estúpido (a exercer o seu voto) do que o povo do Reino Unido.

Oxalá eu esteja enganado…