Portugal também é indiferente aos ataques à liberdade nesses países

Moisés Naím é um dos colunistas mais conceituados e mais lidos em toda a América. Foi Ministro da Indústria e do Comércio da Venezuela nos anos 90, foi director do Banco Central da Venezuela e director executivo do Banco Mundial.

A sua coluna semanal no jornal espanhol El País é de leitura obrigatória. E o artigo de hoje não foge à regra. Resolvi partilhar por tocar num assunto importante e premente. Em algo que não pode ser esquecido e tem de ser denunciado.

Ao ler este artigo não posso deixar de pensar na quantidade de Governantes portugueses que compactuaram (e compactuam) com estas Ditaduras ou Autocracias disfarçadas de Democracias, ajudando a que elas existam.

O artigo de hoje do Moisés fala sobre “La cruel indiferencia de Brasil ante los ataques a las libertades en Venezuela es notable

A Turquia como exemplo?

Há cerca de 15 anos atrás a Turquia passou pela maior depressão económica da sua história. A crise económica e financeira destruiu o país. Passada década e meia, a imagem de uma Turquia falida foi substituída por um exemplo de estabilidade política e económica. De uma país desenvolvido com uma das economias mais fortes e em mais desenvolvimento do mundo.

A Turquia é hoje um dos principais produtores mundiais de produtos agrícolas, têxteis, automóveis, navios, materiais de construção, eletrodomésticos e electrónica de consumo. O sector privado tem cada vez mais peso na economia, apesar do Estado ainda ter o controlo de parte da indústria, banca, transportes e comunicações.

A maioria dos cidadãos turcos ainda se lembram de bancos falidos, empresas fechadas, milhões de desempregados, e do país a ser obrigado a vergar-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Depois disso, mais empresas foram à falência, mais pessoas ficaram desempregadas e houve manifestações nas ruas. O país passava por uma situação muito difícil.

Durante a crise financeira o sector bancário esteve no centro da crise. Muitos bancos foram absorvidos pelo Estado e alguns banqueiros foram presos. Mas aparentemente a crise fez bem ao sector. Levou à execução de reformas, a fecho de bancos cujo funcionamento era pouco claro, e a tomadas de decisão essenciais para enfrentar problemas económicos.

A crise foi um marco para a Turquia, pois levou a reformas radicais em todos os sectores da sociedade e do Estado. Mas isso só foi possível sobre a tutela de partido único, depois de as mais variadas coligações terem falhado no Governo e na recuperação do país. O partido único foi a garantida de estabilidade política e económica.

Mas a verdade é que a recuperação só veio depois de o programa de assistência (de 3 anos) proposto pelo FMI ter falhado. Os bancos eram como agiotas, o Governo não conseguia fazer as reformas necessárias, e não ouvia os empresários. Alguns dizem que a maior falha foram as políticas paternalistas do FMI e o facto de o Ministro das Finanças ser um “agente” seu.

No fim de contas, a Turquia reergueu-se sozinha. O povo turco meteu mãos à obra, fez sacrifícios, e lutou pelo seu futuro. Em menos de duas décadas conseguiu transformar o país. Em Dezembro passado Pedro Passos Coelho visitou a Turquia e disse que a deveriamos tomar como exemplo. Será que se referia a isto?

No UK como em Portugal, Ed Miliband = AJ Seguro

Passaram quase 2 anos e meio desde que o actual Governo entrou em funções no Reino Unido (UK), e a coligação que o sustenta já teve melhores dias. Forçado a ter de tomar algumas “medidas de austeridade”, o Primeiro-Ministro David Cameron vê por vezes o seu parceiro de coligação, e vice-Primeiro-Ministro, Nick Clegg a demarcar-se.

Este é o primeiro Governo de coligação no UK desde a 2ª Guerra Mundial. Conservadores e Liberais-Democratas juntaram-se para acabar com 13 anos de governação Trabalhista (Gordon Brown e Tony Blair). É perfeitamente natural que um Governo de coligação mostre brechas, como também é natural que a oposição aproveite isso mesmo.

A verdade é que o líder da oposição (e do partido Trabalhista), Ed Miliband não convence os britânicos. Apesar de o seu partido estar sempre na frente das intenções de voto, a maioria dos britânicos admite que ele não tem capacidade para ser Primeiro-Ministro, principalmente em épocas de crise, como aquela que se vive na Europa.

E quem segue a política do UK pode realmente comprovar isso mesmo. Miliband é um homem com discurso fácil e escorreito, mas sem qualquer conteúdo. É um bom parlamentar (pelos padrões actuais) mas apenas a criticar e a debitar sound bytes. Alternativas? Não tem. É isso que a maioria da opinião pública e publicada lhe aponta.

Mas até certo ponto isso é compreensível. Recorde-se que Ed Miliband é líder de um partido que foi fundado no ano de 1900 por sindicatos. E actualmente ainda são os sindicatos que dominam o partido. Pelo que Miliband não pode ter um discurso realista e sério (onde obviamente teria de dizer que iria cortar em certos serviços).

Sem alternativas políticas ou rumo definido, Miliband tenta distanciar-se de Cameron e afirmar-se como alternativa através das características pessoais. Assim sendo, nos últimos dias, a escola onde estudou vem servindo de motivo para dizer que tem mais sensibilidade social e maior capacidade de resolver os problemas dos britânicos.

Já que não pode distinguir-se pela Universidade (ambos estudaram na conceituada Oxford), Miliband recuou ainda mais e foi ao que nós chamamos “liceu”, dizendo que ele estudou numa “Comprehensive School” (comparável á nossa escola pública, onde os alunos não são seleccionados) enquanto que Cameron frequentou uma escola selectiva e privada.

Miliband apresentou isto para justificar a sua maior aptidão para Governar. Porque teria andado “no meio do povo”. Algo que caiu ontem quando uma jornalista recordou que, numa entrevista em 2010, Miliband terá dito que foi um trauma andar naquela escola, que não a queria frequentar, e que muitas vezes se sentia isolado na mesma.

Goodbye Lisbon, hello London!

Recebi há dias uma proposta para trabalhar em Londres e… aceitei. Era algo que procurava há cerca de um ano, e que desejava desde o início da minha carreira profissional. Assim, a partir de meados de Março, a minha vida passará a ser no Reino Unido. O meu desejo por uma experiência profissional no estrangeiro, […]

Comunismo condenado ao fracasso

Nunca tive dúvidas de que o sistema comunista estivesse condenado ao fracasso, se o Ocidente se mantivesse firme e poderoso. A minha crença baseava-se no facto de o comunismo se instituir ao arrepio da natureza humana, pelo que, em última análise se tornava insustentável. Empenhado como estava na supressão das diferenças entre os indivíduos, não podia mobilizar os talentos individuais que são necessários ao processo de criação de riqueza. Em consequência, não só empobrecia os espíritos como a sociedade. Quando confrontado com um sistema livre que apela ao empreendedorismo e não promove a coacção, pelo que pode aproveitar o que há de melhor em casa um, o comunismo tinha inevitavelmente que se afundar“, Margaret Thatcher em “A Arte de Bem Governar”

O meu 11 Setembro 2001

Em 2008 escrevi um post que descrevia o meu dia 11 Setembro 2001. Transcrevo-o aqui novamente. Nunca me hei-de esquecer desse dia. Já lá vão 10 anos. Nessa altura estudava na FEUP e estava em casa, no Porto.

Aviões desviados batem no topo do World Trade Center em Nova York, e no Pentágono em Washington. Um quarto avião despenha-se numa floresta na Pensylvania. As operações em Wall Street param. Todos os aeroportos são fechados e os voos cancelados pela primeira vez em todos os EUA. O exército americano fica em alerta total e o presidente George Bush fala à nação dizendo que “vamos apanhar os responsáveis e trazê-los à justiça”. Centenas de policias e bombeiros enviados para socorrer os trabalhadores do World Trade Center ficam soterrados com a queda das torres. Por todo o mundo este ataque á condenado.

7:58 a.m. – Voo 175 da United Airlines parte de Boston com destino a Los Angeles, com 56 passageiros, 2 pilotos e 7 hospedeiras. O Boeing 767 é desviado e levado para Nova York.

7:59 a.m. – Voo 11 da American Airlines parte de Boston com destino a Los Angeles, com 81 passageiros, 2 pilotos e 9 hospedeiras. O Boeing 767 é também desviado e levado para Nova York.

8:01 a.m. – Voo 93 da United Airlines, um Boeing 757 levando 38 passageiros, 2 pilotos e 5 hospedeiras, parte de Newark para São Francisco.

8:10 a.m. – Voo 77 da American Airlines parte de Washington para Los Angeles, levando a bordo 58 passageiros, 2 pilotos e 4 hospedeiras. O Boeing 757 é desviado logo após descolar.

8:46 a.m. – Voo 11 da American Airlines despenha-se contra a torre norte do World Trade Center. (Acordo uns minutos depois e ligo a CNN. Fico sem reacção, a minha irmã e tia estão em Nova York)

9:03 a.m. – Voo 175 da United Airlines despenha-se contra a torre sul do World Trade Center. (Se a preocupação era muita, desmesurou-se, multiplico-me em telefonemas que não chegam nem a casa, nem a Nova York)

9:21 a.m. – Todas as pontes e túneis que levam a Nova York são fechados. (Alguem já conseguiu falar com elas, estão bem. Estavam numa excursão fora de Manhattan.)

9:25 a.m. – Todos os voos, são obrigados a aterrar pela Administração de Aviação Federal. (O meu telefone não para de tocar. Todos os amigos que sabem, ligam a perguntar pela minha irmã)

9:45 a.m. – Voo 77 da American Airlines despenha-se contra o Pentágono. (Elas estão “presas” fora de Manhattan e estão a ser levadas para um motel)

10:05 a.m. – A torre Sul do World Trade Center cai. (Nem quero acreditar no que vejo. Nunca pensei que caíssem as torres. Alguns especialistas na TV diziam que era impossível)

10:10 a.m. – Voo 93 da United Airlines despenha-se numa floresta da Pensylvania. (Graças ao esforço e coragem de alguns passageiros que confrontaram os terroristas)

10:28 a.m. – A torre Norte do World Trade Center cai. (Foi o fim de um espectáculo horrível. Ver pessoas a atirarem-se das janelas… é o desespero)

(Depois de uns dias fora de Manhattan com a “roupa do corpo”, a minha irmã e tia voltaram ao hotel em Manhattan, e logo depois o retorno à Europa. Horas passadas e estavam em casa. Em Portugal. Fica o susto. E algo mais… tinham bilhete para subir ao World Trade Center na noite do dia 11. Tudo porque a minha tia já tinha estado em NY e tinha subido de dia)

Líbia e os imbecis portugueses

Gostava que as TVs passassem novamente as imagens de uma célebre manifestação que decorreu há uns tempos atrás em Lisboa. Eram uns imbecis portugueses que se manifestavam a favor do regime de Kadahfi e contra os ataques da NATO.

Não. Não queria ver quem foram os manifestantes e marca-los de alguma maneira. Queria apenas que eles se vissem a si próprios e pudessem agora – depois das atrocidades que o ditador, os seus filhos e as suas tropas têm feito – envergonhar-se.

Esclarecimentos sobre o vídeo dedicado à Finlândia

Não tenho a mania que sou diferente, nem sou daqueles que está sempre “do contra”. Mas sempre fui reticente (algumas vezes até avesso) em relação àquelas coisas que toda a gente tem, que toda a gente gosta, que toda a gente pensa.

É a minha maneira de ser. Não tenho nenhum defeito. Simplesmente acho que tenho sentido crítico. Ou seja, não aceito algo como certo, como bonito, como verdadeiro, só porque toda a gente o acha. Mesmo que me digam que sou o único a pensar assim.

Ontem tinha esta discussão com uma pessoa a propósito da capa de uma revista “côr-de-rosa” cujo título dizia que Kate Midleton estava abandonada, sem marido, amigos e família uma semana depois do casamento. Pronto! Toda a gente acredita. Mas alguém de bom senso? É pura mentira para vender revistas.

Até à semana passada ela era a pessoa mais feliz e popular do mundo. Viam-se nas revistas fotografias dela rodeada de amigas, família e acompanhada pelo noivo, o príncipe William. E agora, de repente, querem que acredite que está infeliz e sozinha fechada num castelo. Enfim, basta ter 2 dedos de testa.

É por estas e por outras que, quando me falaram do popular vídeo – com recados à Finlândia – que circula nas redes sociais, logo tive reservas a vê-lo. Por mais amigos e conhecidos que o postassem no Twitter e Facebook, não o vi. Até hoje. Porquê? Porque descobri alguns esclarecimentos.

Podem vê-los aqui e aqui, no blogue do Mr. Steed. Se quisessem fazer algo para dar a conhecer Portugal aos Finalndeses (ou a outros povos quaisquer) podiam fazê-lo desta maneira, tal como também sugere o mesmo Mr. Steed.

#Dilma e #Lula devem-no a Fernando Henrique

Infelizmente, o mundo hoje é feito de radicalismos. Ou muito acima ou muito abaixo, ou muito à esquerda ou muito à direita, ou besta ou bestial. Não há equilíbrio, o que curiosamente é o que faz com que o planeta subsista e seja possível haver vida.

Em democracia todos devem estar representados, mas governa-se para a maioria. Deve portanto ser-se equilibrado, razoável e ter-se bom senso, não entrando em extremismos. É este o comportamento que se deve ter em política (políticos e eleitores).

A realidade mostra-nos o contrário. Cada vez mais a vida política é feita de extremos. Vejamos o exemplo do Brasil. Endeusaram Lula e agora endeusam Dilma Roussef. Mas se perguntarmos porquê, ninguém sabe dizer mais do que umas banalidades.

As pessoas deixam-se levar pelo que diz a comunicação social, e nem sequer pensam pela sua cabeça ou procuram informar-se. Depois admiram-se quando acontecem casos como o de Barack Obama. Foi o endeusamento total, e depois a desilusão.

O facto é que Dilma e Lula são considerados heróis, mas o mérito tem de ser dado em grande parte à governação anterior, de Fernando Henrique Cardoso. Foi este que definitivamente soltou o Brasil e o lançou para ser um dos países mais fortes do mundo.

Fernando Henrique acabou com os monopólios, criando concorrência. Tratou do déficit brasileiro, atacando os “cancros” do Estado e privatizando empresas e bancos, que contribuiam muito para ele. Reformou o Estado e a Constituição, facilitando a atracção de empresas estrangeiras.

Foi com ele que foram aprovadas leis para crimes financeiros, tortura policial e também um novo código para diminuir os acidentes nas estradas. Aprovou uma lei de responsabilidade fiscal, que exigia rigor na execução dos orçamentos públicos (p.ex. limitava o endividamento dos estados e municípios).

A Educação foi uma grande aposta de Fernando Henrique, criando um programa social destinado aos mais pobres (Bolsa Escola), e também fomentou o investimento privado em educação superior. Com isto conseguiu um crescimento notável ao nível da qualificação.

As infraestruturas não foram esquecidas criando rodovias, dignas desse nome, nos eixos mais importantes para a economia. Ligou não só cidades brasileiras mas também o Brasil a outros países da América Latina.

Foi por causa de tudo isto que o Brasil foi considerado uma potência emergente e hoje é uma das maiores economias do mundo. Isso não se deve a Lula nem a Dilma, que apenas “surfaram a onda” que Fernando Henrique criou.

#Wikileaks, agora a sério!

Depois de vários posts a brincar com o Wikileaks, finalmente houve alguém que me questionou sobre o que eu de facto (e seriamente) achava da organização de Assenge. Em resposta ao Miguel Cizeron (aka Kuka) dei a minha explicação, que replico aqui para todos.

Sou daqueles que acha que nada é por acaso. Não acredito que haja, nas acções de Assenge, uma réstia de boa intenção. Não sei se o activista Australiano foi pago por terroristas, ou simplesmente sabia que desta forma iria tornar-se um dos homens mais poderosos e famosos do mundo.

Creio pouco em coincidências, e obviamente não será uma delas o facto de o alvo ser preferencialmente os EUA. O país que, bem ou mal, tem garantido a segurança e a democracia em várias zonas do Mundo. Não tenhamos memória curta, e lembremo-nos que se não fossem os EUA, teriamos sucumbido a Adolf Hitler.

1. Não vejo nenhuma vantagem na revelação de documentos que contêm comentários de uns políticos sobre outros. Só um ingénuo não sabe que políticos são homens e mulheres como nós. Se nós somos maledicentes e fazemos comentários jocosos dos nossos vizinhos, conhecidos e colegas, também eles farão dos seus. Estas revelações servem apenas para achincalhar e desestabilizar.

2. Não vejo nenhuma vantagem na revelação de documentos que contêm informações secretas, que mexem com a segurança das nações (sejam os EUA, a Rússia, a França ou Portugal). Sabemos que existem pessoas e organizações que apenas querem lançar o pânico e o mal (terroristas) e portanto para quê dar-lhes estas abébias? Para lhes ser mais fácil chacinar inocentes? (como fizeram em Nova York, em Madrid ou em Londres?)

3. Já outros documentos, como aqueles que denunciam corrupção política/económica, podem trazer proveitos ao ser publicados. A divulgação de escândalos que envolvem governantes tem a vantagem de dar a conhecer ao povo o verdadeiro carácter dos seus políticos. Tem a vantagem de abrir os olhos a alguns cegos que não querem ver. Com essa informação podem abrir-se investigações, processos e quiçá fazer-se justiça.

De qualquer modo, se houvesse alguma boa intenção no Wikileaks, a organização aproveitaria para revelar estes últimos documentos, mas nunca publicaria os primeiros (que não têm interesse absolutamente nenhum) ou os segundos (que podem provocar actos terroristas com consequências letais).