Um governo com sabor agridoce

Ao conhecer o novo Governo tive um sentimento agridoce. Isto porque, se por um lado me agradaram muito algumas escolhas, outras desiludiram-me na mesma proporção. Apesar de tudo, penso que o saldo é positivo (aliás, muito positivo) porque as boas escolhas estão nas pastas cruciais.

Os nomes de Vitor Gaspar (Finanças), Álvaro Santos Pereira (Economia), Paulo Macedo (Saúde) e Nuno Crato (Educação) são tão surpreendentes quanto agradáveis. Em 4 pastas chave, Passos Coelho consegue ir buscar 4 grandes “técnicos”. Era isso o necessário e essencial nestes sectores.

E se alguns acham que serão Ministros frágeis por não serem “políticos”, eu penso que essa poderá ser uma vantagem. Ao invés de estarem preocupados em agradar a interesses, lobbies ou ao povo, irão com toda a certeza concentrar-se nos problemas do país e trabalhar em prol do mesmo.

As questões políticas que poderão ser levantadas no âmbito destas 4 pastas, deverão ficar a cargo do Primeiro-Ministro, que deverá dar aos Ministros cobertura total. Só assim poderá garantir que terão o espaço e as condições necessárias para implementar as políticas que se impõem.

Do lado do CDS espera-se que Paulo Portas tenha nos Negócios Estrangeiros, tão bom ou melhor desempenho do que teve na Defesa. Portas é um “político” competentíssimo, e por isso escolhe, e bem, pastas para as quais é necessário e suficiente ter capacidades estritamente “políticas”.

Os outros dois nomes centristas – Pedro Mota Soares (Segurança Social) e Assunção Cristas (Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento) – são duas agradáveis surpresas. Mostraram bom trabalho nos respectivos sectores. Têm capacidades políticas, e acima de tudo parecem ser competentes.

Para o final fica a parte má. Não estava à espera que Passos Coelho cedesse à “máquina” do partido. Era um forte e importante sinal que tinha dado. E para piorar são nomes tão fracos e pouco consensuais como Paula Teixeira da Cruz (Justiça) e Miguel Relvas (Assuntos Parlamentares).

Estas duas figuras “de proa” (vá-se lá saber porquê) do PSD são daquelas que, a cada 5 minutos em que aparecem na televisão em representação do partido, tiram 100 votos. Em cada frase proferida, na defesa de qualquer política, tiram credibilidade à mesma, por melhor que seja.

Já Miguel Macedo (Administração Interna) está uns furos acima. Mas está nitidamente conotado com a máquina partidária, e isso por si só já é mau. Se Passos Coelho o colocasse nos Assuntos Parlamentares, seria compreensível, dadas as funções recentemente desempenhadas.

Sei que os Assuntos Parlamentares e Administração Interna não são duas pastas fulcrais, mas a entregá-las ao “militantes”, preferia que Passos Coelho tivesse escolhido nomes mais reputados e credibilizados, como Marques Mendes, Fernando Negrão, Nuno Magalhães ou Nuno Melo.

#e2011pt Um Governo com 10 + … 26

A dada altura da campanha, Passos Coelho disse que estava “preparado para construir um Governo com não mais do que 10 ministros” mas advertiu para o facto de falar “da possibilidade do PSD ter uma maioria absoluta e poder responder por esse resultado“.

Penso que mesmo com a coligação PSD-CDS será possível e desejável manter esta vontade. Para dar o exemplo na contenção de custos, porque algumas junções de ministérios fazem todo o sentido e também no sentido de implementar algumas reformas no sistema.

Penso que nos 10 Ministérios deveriam manter-se 7:

  • Finanças e Administração Pública;
  • Economia, Inovação e Turismo;
  • Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações;
  • Defesa Nacional;
  • Negócios Estrangeiros;
  • Saúde;
  • Trabalho e Segurança Social.

Os outros 3 Ministérios deveriam ser as seguintes fusões:

  • Justiça e Administração Interna;
  • Agricultura, Pescas, Ambiente e Ordenamento do Território;
  • Educação, Ensino Superior, Ciência e Tecnologia.

Sob o gabinete do Primeiro-Ministro, deveriam esta as Secretarias-de-Estado:

  • Juventude e Desporto;
  • Cultura;
  • Presidência;
  • Assuntos Parlamentares.

Com estas minhas contas, chego ao número de 10 Ministros e 26 Secretários-de-Estado (versus 10 + 25 que falava Passos Coelho), como sendo necessários e suficientes para a governação do país. Sendo que muito trabalho deverá ser confiado às Direcções-Gerais.

As diferenças entre o Governo PS e o FMI

Em Outubro 2010 num post intitulado “Venha daí o FMI“, defendi a vinda deste organismo para Portugal como única solução para saírmos do buraco em que estavamos. E note-se que nessa altura o buraco não era tão fundo como é agora. Neste momento estamos ao triplo da profundidade.

Era mais do que óbvio que o Governo que nos levara àquela situação seria totalmente incapaz de nos tirar dela. Aliás, alguns (entre eles, eu) suspeitavam que, pelo contrário, o Governo poderia até agravar a coisa dada a sua incompetência e falta de credibilidade.

Os evidentes sinais não foram suficientes para muitos entendidos na matéria. Personalidades como Silva Lopes, entre outros, rejeitavam a vinda do FMI diabolizando-a. Isso levou a que fosse criada a imagem do “papão”. Os mesmos vêm dizer hoje que é única salvação.

Como já foi dito, o FMI é uma entidade que Portugal integra. É um organismo que serve precisamente como “seguro” em situações de aflição. Ao invés de Portugal se endividar nos mercados a ~10% poderá ter à disposição, no FMI, o dinheiro que precisa por ~3%.

Existe um preconceito em relação às medidas que o FMI possa tomar. Acredito que a prioridade seja cortar nas despesas ao nível das benesses, consultorias, obras públicas megalómanas, etc. – onde sabemos que nunca os partidos tocarão – porque isso afecta os boys.

Ainda assim admito que também seja necessário aumentar impostos, cortar nos benefícios sociais, reduzir salários da função pública ou tirar subsídios férias/natal. Mas qual é a novidade? A única coisa que o Governo PS ainda não tinha feito era tirar subsídios férias/natal.

E qualquer pessoa minimamente esclarecida, consegue perfeitamente perceber que essa medida não tardaria. Se não viesse no PEC 4 viria no PEC 5 ou no OE 2012. Portanto, e sendo assim, é melhor termos um Governo PS ou o FMI a governar? Eu não tenho dúvidas.

Finanças: qq cidadão com 9º ano fazia o mesmo

Hoje acordei com o Governo a vangloriar-se e a fazer um grande alarde dos resultados obtidos na execução orçamental de Fevereiro. Obviamente estes resultados são, como sempre, a comparação que convém. Neste caso compara-se com Fevereiro 2010.

Para obter estes resultados não é preciso ser-se licenciado em Economia e doutorado em Finanças. Qualquer cidadão com o 9º ano era capaz de obter estes “resultados históricos”. Como? Fazendo o que fez Teixeira dos Santos: aumentando impostos, reduzindo salários e congelando pensões.

Aliás, numa altura em que o Governo tem os dias contados, salta à vista que o PS e Sócrates já andam em campanha. E ao que é que nos habituaram em campanha eleitoral? A mentiras! Ora, sendo assim, quem garante que estes números agora são verdadeiros?

E há outra conclusão que podemos tirar. Por melhores números que o Governo PS apresente, os juros da dívida pública continuam a subir. Isto demonstra bem que o problema não é o défice ou a dívida. É, isso sim, a falta de credibilidade do Governo e do Primeiro-Ministro.

Sócrates vai-se demitir?!

Há uns anos, o meu avô contou-me uma vez uma história (que disse ser verdadeira) de um senhor que todos os dias ia ao quiosque, olhava para a 1ª página do jornal, voltava-o a pousar na banca, e ia-se embora.

O dono do quiosque achava aquilo muito estranho, além de que lhe fazia espécie o senhor nunca comprar o jornal. Um dia ganhou coragem e aproximou-se do senhor para o abordar:

– “O senhor desculpe. Todos os dias o vejo aqui. Olha a 1ª página do jornal, pousa-o e vai embora. O que procura?
– “Eu procuro a Necrologia.
– “Mas o senhor sabe que a necrologia não vem na 1ª página, mas sim nas últimas?
– “O morto que procuro vem de certeza na 1ª página.

Isto passou-se nos anos 60, e a morte que o senhor procurava era a de Salazar. Ora eu há muito que estou como ele, já não compro jornais ou vejo telejornais, a não ser que me digam que Sócrates se demitiu.

Sócrates = Madaíl = Carlos Silvino (Bibi)

Podem achar o título deste post absurdo, despropositado ou insultuoso, mas não é. É uma simples constatação de factos. Quantas vezes José Sócrates disse uma coisa, e o seu contrário passados uns dias? Quantas vezes Gilberto Madaíl disse que não se recandidatava à presidência da FPF, e passados uns dias era candidato? E ambos fizeram isto tal e qual como Carlos Silvino (Bibi), com a maior cara de pau. Impávidos e serenos.

A única questão que pode suscitar algumas dúvidas, é se o fazem conscientes. E aqui, quanto a mim, Carlos Silvino leva vantagem. É que eu não duvido que o casapiano tenha graves problemas mentais provocados pelo seu percurso de vida (principalmente por também ter sido abusado em pequeno). Já Sócrates e Madaíl, não passam de uns escroques sem carácter, integridade, honradez ou um pingo de vergonha na cara.

Profissão… ministro ou sales rep?

Já há dois anos eu tinha perguntado se não haveria incompatibilidades no desempenho simultâneo das funções de Ministro e de Delegado Comercial de Vendas. Isto a propósito de José Sócrates ter ido para a Cimeira Ibero-Americana 2008 vender computadores à JP Sá Couto.

Não obtive resposta. Mas tendo em conta as últimas notícias, parece-me que não há qualquer problema. Aliás, Delegado Comercial de Vendas deve ser a única profissão que se pode acumular com outros cargos.

Vejam-se os exemplos de Sócrates, que continua a vender computadores Magalhães na América do Sul; de Teixeira dos Santos, que anda a vender dívida pública na China; ou de Santos Ferreira que anda a vender informação do Irão nos EUA.

Imorais e ilegais não são os dividendos

Cabe na cabeça de alguém (pelo menos na cabeça de alguém com bom senso) que o Governo e o PS andem aí a insurgir-se contra as empresas cotadas em bolsa que vão pagar os dividendos aos seus accionistas já em 2010? Até parece que estão a fazer algo ilegal ou imoral.

Irá o Primeiro-Ministro, o Ministro das Finanças ou o líder da bancada do PS, da próxima vez que aumentarem os combustíveis, insurgir-se também contra os portugueses que no dia anterior irão à bomba de gasolina encher o depósito do seu automóvel? Havia de ser bonito, o povo a fazer-lhes manguitos.

Estas atitudes demonstram o desnorte, o carácter e a desonestidade dos membros do Partido Socialista. Principalmente depois de terem andado a fazer as figuras tristes (essas sim ilegais e imorais) a que todos pudemos assistir na questão do negócio PT-Telefónica-Vivo.

Luís Amado… a vingança serve-se fria

Será que as palavras de Luís Amado na entrevista ao jornal Expresso não terão nada que ver com as imagens que se podem ver neste vídeo?… já diz o ditado: “A vingança serve-se fria”.

Governo “prostitui-se” para pagar dívida

Até agora eram França e Alemanha, entre outros, que nos davam dinheiro e permitiam que vivessemos acima das nossas possibilidades. Era mau porque tínhamos uma dependência financeira, mas ao menos sabíamos que lidavamos com gente de bem, que tem bom senso, valores e princípios. Sempre é melhor depender do patrão honesto do que do patrão déspota. É que um é solidário e o outro, numa mudança de humor, despede-nos.

Deparamo-nos neste momento com o Governo português a “baixar as calças” a países como Angola, Venezuela e China. É engraçado e até irónico que nesta altura do campeonato – em pleno século XXI e pertencendo ao grupo de países do denominado 1º mundo – o Governo de Portugal venha agora “prostituir-se” junto de países do denominado 2º e 3º mundo, na ânsia de conseguir algum dinheiro para pagar as suas dívidas e não morrer de fome.

Alguns perguntarão “qual é o problema?“. Para começar é uma questão de princípio. Não acho correcto que o Governo português ande de braço dado com ditadores (mais ou menos camuflados). Todos sabemos que Angola, Venezuela e China são países que têm falsas democracias, onde as eleições são manipuladas. São países onde a repressão e miséria do povo contrasta com o livre arbítrio e a luxuosa vida dos seus líderes.

Por outro lado sabemos (e temos provas recentes) que as acções destes países dependem do humor e vontade de um homem só, o que por si só é péssimo. Podemos ter a sorte de num dia o “Querido Líder” acordar bem e estar disposto a ajudar-nos, como o azar de no dia seguinte ele acordar chateado, com um notícia qualquer que saiu na comunicação social portuguesa (e que não abona a seu favor), e cortar a ajuda que prometeu.