Interesse Nacional é uma coisa que não lhe assiste

Há certo tipo de coisas na política portuguesa, e na mentalidade de certos sectores da sociedade (nomeadamente na comunicação “dita” social) que me chateia e me deixa extremamente revoltado.

Teixeira dos Santos (ex-Ministro das Finanças do Governo PS/Sócrates) veio hoje apelar à aprovação do OE2012, afirmando que este não é momento para tirar dividendos políticos.

Eu pergunto: apela à aprovação do OE porque este não é o momento de tirar dividendos políticos?! Mas então quer dizer que há momentos em que é legítimo tirá-los em detrimento do interesse nacional?

Um dos maiores responsáveis pelo descalabro a que chegou o país e pelo facto de termos de recorrer a ajuda externa, diz uma aberração destas, e publicam-no como se fosse uma declaração de grande dignidade?

Esta é mais uma prova de que estes senhores andaram na política, a gerir os dinheiros públicos, sem qualquer tipo de preocupação com o povo português, mas apenas com foco no interesse pessoal e partidário.

E depois de tudo o que fizeram – depois de tantas asneiras, mentiras e perversões – nem sequer têm vergonha na cara. Não desaparecem ou se reduzem à sua insignificância. Continuam a mandar “postas” deste nível.

Taxar mais os “ricos” sim. Mas quais e como?

O português é muito curioso, quiçá até estranho. Ainda há pouco tempo atrás só falava de medidas do Governo para a Despesa, e de repente só fala de medidas do Governo para a Receita. E porquê? Porque agora não lhe toca a ele! Só aos “ricos” (os tais que odeia, apenas por inveja).

Defendo o equilíbrio das contas públicas cortando a Despesa. Mas sei que ele não é (infelizmente) possível sem aumento da receita. Daí aceito sem alarde o imposto especial sobre o subsídio de Natal, e o aumento do IVA na electricidade e gás (apesar de achar exagerado).

É necessário subir alguns impostos (ainda que temporariamente) e faz sentido que quem tem mais, pague mais. Mas vejamos: quem é abrangido pelo último escalão já paga 46,5% de IRS! Será justo fazê-los pagar mais? Não acho. Até porque os milionários não “vivem do ordenado”.

O que seria mais correcto era taxar o património: casas, terrenos, barcos, carros, jóias, obras de arte, acções, obrigações, etc. Mas não era apenas de pessoas individuais. Deveria também ser taxado o património de outras entidades, como Fundações, por exemplo.

Mais do que alguns milionários, há por aí muitas Fundações (algumas delas fundadas por, ou com o nome de, gente bem conhecida) que além de servir para objectivos não muito claros, beneficia de muitas benesses e grandes apoios do Estado.

Consumo caiu? Excelente notícia!


A notícia dizia que o consumo das famílias caiu 3,4%. E o tom do jornalista fazia passar um sentimento de catástrofe. Ora, isto é uma boa notícia! É exactamente isto que é preciso! Andamos tantos anos a viver acima das nossas possibilidades, pode ser que agora ganhemos juízo.

Entrevistado, um comerciante de electrodomésticos dizia que as pessoas “já não compram por impulso”. Uma comerciante de roupa dizia que “dantes compravam 2/3 peças que gostavam e agora pensam 2 vezes e esperam pelos saldos”. O dono de um restaurante dizia que “trazem a comida de casa”.

Serei só eu a pensar que era isto que as pessoas deviam ter feito não só estes últimos meses, mas durante toda a vida? O consumismo e o crédito levou o tuga a comprar o que não gostava, o que não precisava e o que não queria. É também essa uma das razões de estarmos na bancarrota.

Sou independente não há muitos anos, mas já o sou desde antes da “crise financeira”. Desde que sou independente que não compro nada por impulso, não desperdiço dinheiro em roupa, e sempre que posso (se a empresa tem copa, micro-ondas, etc.) levo o almoço para o trabalho.

Obviamente que não é preciso ser radical. Detesto extremos. Também tenho os meus “gadgets”. Mas só compro quando preciso mesmo, e nunca por impulso. Antes de comprar qualquer dispositivo electrónico procedo a um exaustivo estudo de mercado (qualidade-preço).

Quem me conhece sabe que gosto de vestir bem, mas não ando a dar de comer a pançudos. Ninguém me vê a usar marcas caríssimas (Gant e afins), e normalmente só compro em época de saldos. De preferência marcas portuguesas de boa qualidade-preço (Giovani Gallli, Quebramar).

Porque hei-de gastar 40 € por mês em tv cabo se apenas vejo tv 1 ou 2 horas por dia? Porque hei-de gastar 500 € num iPhone se apenas o uso para fazer chamadas? Porque hei-de gastar 50.000 € numa BMW sw diesel se vivo sozinho e faço 15.000 km/ano?

Não quero que sejamos todos franciscanos. Apenas acho que cada uma deve viver conforme as suas possibilidades. Há que ter bom senso quando o assunto é gastar dinheiro. E isto aplica-se não só às pessoas, mas também às empresas e ao Estado. Só assim fugiremos a crises e aos aumentos de impostos para as pagar.

Ignorantes surpreendidos pelo aumento do IVA na electricidade

Quem leu o Memorando de Entendimento (assinado por PS, PSD, CDS e BCE, UE, FMI) não se surpreende com estas medidas. Custa-me a crer como muitos “especialistas do comentário” e “jornalistas” dão estas notícias com espanto estampado no rosto. Eles que deveriam ser os mais informados.

Da mesma maneira também não entendo como o Português “médio” (que é quem vai pagar a crise) acha isto inesperado. Ele à partida é formado e informado. Ele opina sobre todos os temas com uma convicção e autoridade enormes. Mas afinal será que não leu o MoU? Será que só leu as parangonas dos jornais?

O MoU tem escrito no capítulo “1. Política Orçamental” > “Receitas” > ponto 1.23:
Aumentar as receitas do IVA para conseguir pelo menos 410 M€ para um ano inteiro, por meio de:

ii. Mover categorias de bens e serviços dos escalões reduzido e intermédio para os escalões mais altos do IVA;

Da mesma forma está bem explícito no ponto 1.24 do mesmo capítulo:
Aumentar os impostos sobre o consumo em 250 M€ em 2012. Em particular através de:

iv. Introduzir impostos sobre o consumo de electricidade de acordo com a directiva da EU 2003/96
(esta directiva versa sobre a reestruturação do quadro comunitário de tributação dos produtos energéticos e da electricidade).

Também no capítulo “5. Mercados de bens e serviços” > “Mercados de Energia” > “Instrumentos de política energética e taxação” > ponto 5.15 diz:
Aumentar a taxa de IVA da electricidade e do gás (actualmente em 6%), bem como os impostos sobre o consumo de electricidade (actualmente abaixo dos mínimos exigidos pela legislação da UE). (4T 2011)

Está lá tudo bem escrito e bem explícito. Mas só para quem se interessa, para quem realmente quer estar informado sobre o estado do país, que tem como consequência o seu próprio futuro. Já o “Tuga” ignorante, que apenas gosta de mandar uns bitaites…

Cumprir ou mesmo antecipar estas medidas é meio caminho andado para não acontecer em Portugal o que está a suceder na Grécia. É assim que vamos provar que Portugal não é igual à Grécia. Não é com palavras da boca para fora como fazia outro PM.

BPN, BIC, Totta, Santander… curiosidades

Não entendo o alarido que aí vai por causa da venda do BPN por 40 M€ ao BIC. Lembro-me bem de, por uma ou duas vezes, ter ouvido o Min. das Finanças de Portugal dizer que o Estado não tinha posto 1€ no BPN.

Fazendo fé nas palavras de Fernando Teixeira dos Santos (para os mais distraídos, era ele o Min. das Finanças do Governo liderado por José Sócrates) quer dizer que no final de contas o Estado lucrou 40 M€.

A propósito de bancos e da sua venda veio-me à memória outro episódio. Lembro-me de há uns anos atrás ter havido muito alarido à volta da venda do Banco Totta aos Espanhóis do Santander. Estávamos a ser invadidos.

Hoje, os governantes (tanto os do Governo PSD/CDS como os do anterior Governo PS) andam em tour a tentar vender as maiores empresas portuguesas (ditas até “Estratégicas”) aos Angolanos e Brasileiros.

Sobre a seriedade e credibilidade de tais investidores. Sobre a verdadeira fonte dos dinheiros desses senhores. Nada a dizer. Nem uma palavra. Estaremos a ser invadidos por eles? Oh não! Que parvoíce!

As diferenças entre o Governo PS e o FMI

Em Outubro 2010 num post intitulado “Venha daí o FMI“, defendi a vinda deste organismo para Portugal como única solução para saírmos do buraco em que estavamos. E note-se que nessa altura o buraco não era tão fundo como é agora. Neste momento estamos ao triplo da profundidade.

Era mais do que óbvio que o Governo que nos levara àquela situação seria totalmente incapaz de nos tirar dela. Aliás, alguns (entre eles, eu) suspeitavam que, pelo contrário, o Governo poderia até agravar a coisa dada a sua incompetência e falta de credibilidade.

Os evidentes sinais não foram suficientes para muitos entendidos na matéria. Personalidades como Silva Lopes, entre outros, rejeitavam a vinda do FMI diabolizando-a. Isso levou a que fosse criada a imagem do “papão”. Os mesmos vêm dizer hoje que é única salvação.

Como já foi dito, o FMI é uma entidade que Portugal integra. É um organismo que serve precisamente como “seguro” em situações de aflição. Ao invés de Portugal se endividar nos mercados a ~10% poderá ter à disposição, no FMI, o dinheiro que precisa por ~3%.

Existe um preconceito em relação às medidas que o FMI possa tomar. Acredito que a prioridade seja cortar nas despesas ao nível das benesses, consultorias, obras públicas megalómanas, etc. – onde sabemos que nunca os partidos tocarão – porque isso afecta os boys.

Ainda assim admito que também seja necessário aumentar impostos, cortar nos benefícios sociais, reduzir salários da função pública ou tirar subsídios férias/natal. Mas qual é a novidade? A única coisa que o Governo PS ainda não tinha feito era tirar subsídios férias/natal.

E qualquer pessoa minimamente esclarecida, consegue perfeitamente perceber que essa medida não tardaria. Se não viesse no PEC 4 viria no PEC 5 ou no OE 2012. Portanto, e sendo assim, é melhor termos um Governo PS ou o FMI a governar? Eu não tenho dúvidas.

Crise: Não tenhamos memória curta ou selectiva

A incoerência, a desfaçatez, a hipocrisia, a desonestidade intelectual e a demagogia dos actuais dirigentes do PS é atroz. Depois de 15 anos de governação socialista a culpa do estado a que isto chegou não é deles. É da oposição e dos “factores externos”.

Nos próximos tempos ouvir-se-á que os juros da dívida pública estão a subir devido à irresponsabilidade do PSD. Que a vinda do FMI e do FEEF (como se fosse sacrilégio) é culpa do PSD. Que o aumento dos combustíveis tem de ser imputado a PPC.

A partir de agora, do preciso momento em que José Sócrates se demitiu, qualquer parâmetro que piore a situação do país e da população, deixou automáticamente de ser consequência da “crise internacional” e dos “ataques dos mercados” para ser culpa do PSD.

Relembro que no verão de 2010 os juros da dívida pública estavam nos 5% e dizia-se que o OE2011 teria de ser aprovado para “acalmar os mercados”. O PSD viabilizou o OE2011 e no dia seguinte os juros atingiram o máximo histórico de 6,5%.

Gorado o argumento do OE2011, o problema passou a ser a falta de interessados em comprar a Dívida Pública. De repente apareceram Venezuela e a China como potenciais interessados, e os juros subiram para perto dos 7%.

Daí para cá tem sido uma escalada que só tem comparação com o inédito feito do alpinista João Garcia que subiu ao cume do Everest. Tal como os juros, os combustíveis, os impostos e o corte nos benefícios fiscais também têm sofrido uma subida vertiginosa.

Isto acontece essencialmente por duas razões: o défice excessivo das contas públicas, e a elevada dívida pública. Obviamente que nas “contas” finais também entram variáveis como a falta de produtividade e competitividade da economia.

Quem foram os responsáveis pelo esbanjamento dos dinheiros públicos em estádios, auto-estradas, pontes, parcerias público-privadas, empresas públicas e consultorias que desaguaram num défice excessivo e na elevada dívida pública?

Há muita gente que tem memória curta, e outros têm memória selectiva, mas há que relembrar que esta foi a realidade dos 15 anos, e neste período a governação foi exclusivamente da responsabilidade do PS de Guterres e de Sócrates.

Finanças: qq cidadão com 9º ano fazia o mesmo

Hoje acordei com o Governo a vangloriar-se e a fazer um grande alarde dos resultados obtidos na execução orçamental de Fevereiro. Obviamente estes resultados são, como sempre, a comparação que convém. Neste caso compara-se com Fevereiro 2010.

Para obter estes resultados não é preciso ser-se licenciado em Economia e doutorado em Finanças. Qualquer cidadão com o 9º ano era capaz de obter estes “resultados históricos”. Como? Fazendo o que fez Teixeira dos Santos: aumentando impostos, reduzindo salários e congelando pensões.

Aliás, numa altura em que o Governo tem os dias contados, salta à vista que o PS e Sócrates já andam em campanha. E ao que é que nos habituaram em campanha eleitoral? A mentiras! Ora, sendo assim, quem garante que estes números agora são verdadeiros?

E há outra conclusão que podemos tirar. Por melhores números que o Governo PS apresente, os juros da dívida pública continuam a subir. Isto demonstra bem que o problema não é o défice ou a dívida. É, isso sim, a falta de credibilidade do Governo e do Primeiro-Ministro.

Ganhou totoloto e teve final infeliz

Em meados dos anos 80 um amigo meu ganhou o Totoloto. O prémio foi de cerca de 100.000 contos (500.000 €). Naturalmente que, se comparado com o euromilhões pode parecer pouco, mas recorde-se que nessa altura o dinheiro valia mais. Por exemplo, havia automóveis que custavam menos de 1.000 contos.

Ele não tinha grandes qualificações, nem especialização profissional, pelo que a foi aconselhado a investir nisso mesmo e também a poupar. A qualificação garantia-lhe emprego no futuro próximo e sucesso a médio prazo. A poupança dava-lhe segurança no futuro mais longínquo.

Como qualquer bom portuga deslumbrado, inconsciente e sem formação (não necessáriamente académica, mas de vida), esse meu amigo – que ainda era um jovem – borrifou-se nos conselhos dos mais sábios (julgando que agora não precisava de ninguém) e começou a desbundar o dinheiro.

Não comprou nada que lhe fizesse realmente falta ou que fosse um bom investimento. O que fez foi comprar uma casa em frente à praia, um carro descapotável, um rolex e roupa de marca. Além disso perdeu-se em jantaradas, saídas à noite e putaria. Resumindo, começou a “armar-se aos cágados”.

Pouco tempo depois viu que o montante da sua conta vinha diminuindo, e que o dinheiro gasto ou parado não se multiplicava. Ficou preocupado e mudou de estratégia. Começou a gastar a crédito (ou fiado) “encostado” à sua reputação de “rico” e bom pagador.

Com o pouco que lhe sobrava poderia ter feito investimentos seguros que lhe garantissem retorno, mas ao invés resolveu tentar ganhar dinheiro de forma rápida e fácil. Comprou computadores e telemóveis com o objectivo de os vender mais caros e multiplicar o dinheiro.

A coisa correu mal porque, como comprou à pressa não o fez pelo melhor preço. Além disso as dívidas que já tinha eram em montantes tais, que um lucro pequeno nas vendas não era suficiente. Queria vender caro, mas ninguém comprava caro.

Um familiar sugeriu-lhe pedir ajuda aos pais. Recusou. Além de orgulhoso e casmurro, tratou mal a família e tinha agora vergonha de pedir ajuda. Entretanto o pouco dinheiro que restava ia-se esvaindo no dia-a-dia, na manutenção do carro e afins.

Passado algum tempo a situação tornou-se insustentável. Foi obrigado a vender tudo o que tinha ao desbarato, e nem sequer conseguiu pagar as dívidas que tinha. Entrou em depressão, tentou matar-se, foi internado e agora vive com uma pensão, em casa dos pais.

Foi um final infeliz.

Legenda:
Amigo = Portugal
Totoloto = Fundos da União Europeia
Casa de praia = Estádios Euro 2004
Carro descapotável = Expo 98
Rolex e roupa = Benesses de políticos e boys
Jantaradas = Isso mesmo, para políticos e boys
Saídas à noite = Isso mesmo, para políticos e boys
Putaria = Isso mesmo, para políticos e boys
Computadores e Telemóveis = TGV e Aeroporto
Pais/Família = FMI, Alemanha, etc.

#BPN e os gestores + competentes que Cadilhe

Cavaco Silva fez o negócio lícito das acções da SLN em 2003 quando não recaiam nenhumas suspeitas sobre o BPN, nem sequer por parte do regulador (Banco de Portugal, presidido por Vitor Constâncio) que todos os anos lhe certificava as contas.

Em 2008 o Governo PS decidiu nacionalizar o BPN depois de rejeitar uma proposta do competentísimo Miguel Cadilhe – à época presidente do BPN escolhido pelos accionistas para salvar o banco – que dizia ter plano de recuperação.

O Ministro Teixeira dos Santos rejeitou proposta de Miguel Cadilhe – que pedia 600 M€ – com base numa carta de Vitor Constâncio que dizia ser um absurdo a quantia pedida. Escreveu Constâncio que 400 M€ eram mais do que suficientes.

Até hoje, depois da nacionalização, foram enterrados no BPN 5,5 mil M€, consequência da gestão dos competentes(?) gestores públicos que foram escolhidos para implementar o plano de salvação desenhado pelo Governo (e pela CGD?).