Educação: o paradigma mudou na Tutela

Em 2008 eu escrevia: “Exige-se uma mudança na maneira de pensar de todos os intervenientes no processo educativo (Tutela, Professores, Alunos e Encarregados de Educação). É preciso dar à Educação o valor que esta realmente tem na vida de um jovem“.

Parece que finalmente há um dos intervenientes que alterou a sua maneira de pensar: a Tutela, liderada pelo Ministro Nuno Crato. Desde que tomou posse mostra ser uma lufada de ar fresco nas palavras e também nas acções que tem levado a cabo.

É verdade que o Estado tem a obrigação constitucional de proporcionar a todos o acesso à Educação, como forma privilegiada de ingresso numa carreira promissora, e acima de tudo de uma salutar inserção social. Mas é apenas e só isso que diz a lei fundamental.

Não pode ser o Estado a limitar a escolha ou a obrigar as pessoas a seguir certo caminho. Aos pais cabe a função de guiar os filhos (até serem conscientes) nas suas escolhas. Mediante os padrões que cada um tem e para os quais foi educado.

Os nossos filhos merecem ter algo mais do que uma mochila carregada de livros ou um computador. É necessário criar condições que assegurem a todos, o desenvolvimento integral das suas potencialidades, de acordo com os seus desejos e as necessidades comunitárias.

É necessário elevar os níveis de educação e conhecimento, voltar a colocar os patamares de exigência, voltar a dar condições aos professores, remodelar e actualizar algumas escolas, passar á sociedade uma nova cultura de mérito, combater o insucesso escolar.

Tudo isto, aliado ao fim do facilitismo vigente nos últimos anos (que servia para os Governos terem estatísticas agradáveis) poderão definitivamente mudar o rumo das coisas e evitar que se continue a minar a Educação, hipotecando o futuro.

Há muitas medidas que podem ser tomadas para corrigir esta situação. Algumas maiores e outras mais pequenas. Umas mais dolorosas e outras menos. A avaliação dos professores é uma delas. A escolha livre da escola para os filhos é outra.

Opinião: Política (des)educativa da CMST

Artigo de opinião que escrevi para a edição de Setembro 2011 do jornal “Notícias de Santo Tirso”.

Saiu há dias a notícia de que no próximo ano lectivo irão fechar cerca de 300 escolas, sendo que aproximadamente metade pertencem à Direcção Regional de Educação do Norte. As restantes estão distribuídas pelas DRE do Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e Alentejo.

Esta medida, já teria sido estudada e tomada pelo Governo PS de Sócrates, e foi reanalisada e implementada pelo Governo PSD de Passos Coelho. Era necessária mas apenas foi avante porque imposta pelo Memorando de Entendimento que Portugal assinou com o FMI-BCE-UE.

Efectivamente há escolas que, por força das circunstâncias, não estão a prestar um bom serviço aos alunos. Na generalidade os fechos acontecem dado o reduzido número de crianças inscritas. E é essa a circunstância que coloca em desvantagem um número considerável de alunos.

Numa escola com uma dúzia de alunos, apenas se contrata um professor, ainda que os alunos sejam de anos distintos. Assim, o professor tem de se desdobrar e dar 1º, 2º, 3º e 4º ano na mesma aula. Tarefa hercúlea, senão impossível, pelo que quem sai prejudicado é o aluno.

Naturalmente que, para um professor nestas condições, é impossível abordar a matéria, fazer exercícios ou dar a atenção necessária a um aluno de um determinado ano, se comparado com um professor de outra escola, que tem uma turma de 20 ou 30 alunos do mesmo ano.

Obviamente que, nestas condições, um aluno do 4º ano estará nivelado por baixo, porque os seus colegas não podem competir ou mesmo puxar por ele. Da mesma maneira, o aluno do 1º ano ver-se-á frustrado por estar “atrasado” em relação aos demais.

Ao todo vão fechar escolas em 100 dos 308 concelhos portugueses, e obviamente Santo Tirso é um dos infelizes contemplados. Algo a que já nos habituamos. Se o ranking é pela positiva Santo Tirso está na cauda. Se o ranking é pela negativa Santo Tirso está no topo.

Serão 10 as escolas a fechar no nosso concelho. Um número que nos coloca no “pódio” deste ranking. Guimarei, Roriz, São Tomé Negrelos, São Mamede Negrelos, São Martinho do Campo e Monte Córdova são as freguesias afectadas. Em São Tomé fecham 5 escolas.

Não surpreendem estes fechos. Eles acontecem porque as escolas não têm alunos suficientes. Mas porque será que Santo Tirso tinha 52 escolas das quais agora fecharão 10? A resposta é fácil e já a abordei no último artigo de opinião. A população está a diminuir em Santo Tirso.

Isto acontece porque os Tirsenses encontram melhores condições de vida noutros concelhos, e abandonam Santo Tirso. Principalmente os casais mais jovens. Aqueles que têm filhos em idade de frequentar as escolas do 1º Ciclo – Ensino Básico, que agora encerram.

Curioso é ver como o executivo camarário é um cego que não quer ver. Apesar de todas as evidências, a Câmara Municipal de Santo Tirso gastou nos últimos anos, centenas de milhares de euros, dos nossos impostos, nestas escolas que agora fecham.

Há tempos, num infomail sob o título “Educação, uma prioridade” a CMST divulgava os investimentos feitos no parque escolar que agora fecha: 254.000€ na ampliação da EB1 de Redundo; 157.000€ na beneficiação da EB1 da Rechã; 50.000€ na beneficiação da EB1 da Costa.

Três exemplos de escolas que vinham a perder alunos, e que naturalmente teriam o seu destino traçado, dadas as políticas educativas anunciadas pelos últimos 4 governos. Ainda assim a CMST desperdiçou quase meio milhão de euros em obras.

Diga-se que esse dinheiro dava para pagar (contas da própria CMST no programa de Acção Social Escolar) a alimentação de todos os alunos, ou metade do transporte escolar durante um ano inteiro. Dava para pagar livros, material escolar, prolongamento de horários e prémios de mérito durante 2 anos.

Então porque desperdiçou a CMST tanto dinheiro? Para atirar areia aos olhos dos pais dos alunos? Se o executivo tivesse capacidade e visão, teria antecipado e prevenido estes fechos, criando condições para que os alunos frequentassem outros estabelecimentos.

Seria bom que todos os alunos e pais, que agora se deparam com uma mudança brusca e inesperada, tivessem tido condições para uma transferência mais suave e planeada. A CMST podia ter avisado e preparado todos, ao invés de ir prometendo o que sabia que não ia cumprir.

Novas Oportunidades: “uma trafulhice de A a Z”

Aproveito o facto de ter voltado à baila o assunto das Novas Oportunidades para transcrever parte de dois posts que publiquei em 9 Dez 2009 e 13 Dez 2010.

[…] fui ver os conteúdos desse maravilhoso programa socrático que dá equivalência a 9º e 12º anos. Dei uma vista de olhos aos programas dos módulos de Matemática para a VidaTecnologias informação comunicaçãoCidadania e empregabilidadeLinguagem e comunicação. Concluí o seguinte…

Andei eu a marrar na Matemática… fracções, integrais, derivadas, etc… e agora nas Novas Oportunidades aprende-se (entre outros assuntos) a Ler e interpretar tabelas, por exemplo: de relação peso/idade, de peso/tamanho de pronto-a-vestir.

Andei eu, num curso de Engª Electrotécnica (para ser consultor em TI)… electrónica, telecomunicações, sistemas de informação… e nas Novas Oportunidades aprende-se (entre outros assuntos) Introduz/altera contactos telefónicos na agenda de um telemóvel

Andei eu a estudar português e a ler tanto para me educar e cultivar…. e nas Novas Oportunidades aprende-se (entre outros assuntos) a Fazer corresponder mudanças de assunto a mudanças de parágrafo

Andaram os meus pais a educar-me para eu saber viver em sociedade… e nas Novas Oportunidades aprende-se (entre outros assuntos) a Ouvir os outros participantes num grupo

Estou elucidado quanto ao valor dos cursos das Novas Oportunidades. Não há dúvida nenhuma que era uma boa oportunidade para dar mais competências a pessoas que estavam desempregadas. Aproveitar para lhes dar uma ocupação, e ao mesmo tempo ajudá-las a crescer e encontrar facilmente mais e melhores empregos. Mas tudo não passa de, como diz Medina Carreira, “uma trafulhice de A a Z”.

[…] quero perguntar o seguinte. No programa das Novas Oportunidades está incluído o cálculo de probabilidades, a estatística, as funções exponenciais e logarítmicas, o cálculo diferencial, a trigonometria ou os números complexos?

É que tudo isto se estuda (programa oficial de matemática) no 12º ano. Ora se os formandos das Novas Oportunidades, não sabem o que é um seno, um co-seno, uma tangente, um logarítmo, um número complexo, uma derivada […] então vão-me desculpar mas não deveriam ter qualquer diploma que lhes concedesse o 12º ano.

Educação Sexual vs Educação Cívica

Não vou perder tempo a fazer juízos de valor em relação à situação actual da Educação. É evidente ao estado a que chegou a Escola deste país. Culpa, em primeira instância, do Ministério da Educação.

Por estes dias a Ministra, Isabel Alçada, deu mais uma prova da sua incompetência ao mostrar a “sua disponibilidade para apreciar as propostas” de uma campanha contra a homofobia nas escolas.

Mais uma vez, e a meu ver, as prioridades do Governo, do PS, do ME e da Ministra estão totalmente viradas de pernas para o ar. Foram as aulas de Educação Sexual e agora é isto.

Ao invés de andarem a brincar com pormenores que em nada contribuem para o bom futuro dos jovens, e se querem mesmo colocar em prática algo decente, que apostem na re-introdução da Educação Cívica.

Nesta altura, e mais do que nunca, é preciso incutir nos jovens princípios e valores que serão muito importantes na sua vida. Isto porque não viverão isolados, mas em sociedade.

É necessário ensinar-lhes (já que cada vez mais pais se demitem) o respeito pelo próximo. Os seus direitos, deveres, liberdades e garantias. A importância de respeitar a lei e a autoridade.

Também não seria tempo perdido ensinar-lhes (ainda que por alto) o sistema eleitoral e a organização do Estado. Deverão desde pequenos conhecer os órgãos que regem as suas vidas.

À atenção da Comissão de Educação e Ciência

Recentemente foi elaborado um relatório sobre “A Ciência em Portugal“. Este relatório foi entregue na AR, à Comissão de Educação e Ciência. Destaco o capítulo que fala de “Carreiras e Oportunidades de Trabalho Científico – Factores Condicionantes, Obstáculos e Sugestões… ou A defesa da competência, do mérito, da responsabilidade e da ética“.

Este capítulo foi coordenado pelo José António Salcedo (CEO da Multiwave Photonics), um especialista nesta matéria, pelo qual tenho imenso respeito e consideração. Deixo abaixo alguns excertos, mas aconselho vivamente a leitura integral do documento. Desejo também, que os deputados da Comissão de Educação e Ciência o tenham lido com atenção, e façam algo para aproveitar este trabalho.

“Os programas doutorais estão orientados para formar investigadores e não cidadãos particularmente bem habilitados a criar valor na sociedade em actividades profissionais diversas através do exercício da sua autonomia intelectual e capacidade de pensar, modelar e propor soluções […] Tal contribui para que a sociedade e as suas instituições – empresas em particular – tenham dificuldade em compreender o potencial de criação de valor que um doutorado pode aportar.”

“Os programas doutorais são omissos quanto ao desenvolvimento de competências e capacidades importantes para uma vida profissional bem conseguida […] Podem apontar-se as seguintes: Pensamento crítico – Análise; Visão estratégica – Síntese; Trabalho e avaliação – Mérito; Equipas e comunicação – Coaching; Responsabilidade e ética – Cidadania […] Pessoas que disponham das competências anteriormente referidas estarão em posição privilegiada para criar valor em qualquer sociedade e para assumir um papel de liderança na sua transformação.”

“No que respeita a comportamentos, os programas doutorais vigentes não desenvolvem nos doutorandos atitudes […] quer para que encontrem oportunidades de trabalho, quer para que estejam habilitados a criar a sua própria oportunidade de trabalho […] Como exemplo […] indicam-se a valorização preferencial da capacidade de pensamento crítico em detrimento da especialidade científica adquirida, o gosto em assumir responsabilidades pela equação e resolução de problemas, o gosto em constituir e liderar equipas em projectos concretos em que os resultados a alcançar são essenciais, a aceitação da avaliação nua e crua dos resultados conseguidos como forma mais correcta para melhorar, a humildade de compreender que existem muitos saberes importantes na vida para além do científico e que muitos desses saberes são implícitos e resultam da experiência, a importância crescente de saber viver e trabalhar em ambientes multi-culturais assim como o gosto por assumir riscos para procurar construir o futuro que cada pessoa gostaria de ter”

“Ocorre frequentemente um desalinhamento de expectativas entre um doutorado e uma instituição que o acolhe […] um doutorado cria expectativas salariais e/ou de enquadramento profissional que não encontram eco na sociedade e nas suas instituições, assim como uma sociedade que é pouco instruída desenvolverá naturalmente aversão a enquadrar um doutorado num contexto profissional quer for factores salariais, quer por outros, sejam técnicos ou comportamentais.”

“A melhor forma de corrigir este desalinhamento é promover mecanismos de comunicação entre instituições de formação doutoral e do mercado de trabalho […] a circulação temporária de pessoas entre as várias instituições […] as universidades deveriam valorizar sabáticas em empresas ou na administração pública, assim como quadros de empresas ou da administração pública deveriam ser estimulados a leccionar ou estagiar periodicamente em universidades ou instituições de I&D.”

“Pretende-se assegurar um grau superior de desenvolvimento do País através da incorporação na sociedade de pessoas habilitadas com conhecimento científico […] O grau de desenvolvimento e riqueza de uma sociedade vem determinado pela capacidade dessa sociedade em criar valor, e o valor criado aumenta quando se constrói através da exploração de conhecimento. A expressão inovação significa precisamente criação de valor através da exploração económica de conhecimento.”

“…em Portugal […] o processo educativo vigente não contribui para o seu desenvolvimento, possivelmente antes pelo contrário, nem a sociedade ou as suas instituições, começando pela administração pública, as valoriza de forma regular […] igualar diplomas do 12º ano do ensino regular com diplomas das Novas Oportunidades – sem aprendizagem de competências profissionais – é um sintoma de total desrespeito pelo valor do trabalho e do mérito e seria inadmissível em sociedades mais desenvolvidas, nas quais educação é encarada com seriedade e tida como factor importante para o desenvolvimento.”

“Em Portugal […] o sistema público não valoriza particularmente pensamento crítico, visão estratégica, trabalho e avaliação, equipas e comunicação, responsabilidade e ética, nem avalia e premeia o mérito de forma isenta, regular e sistemática. Uma das principais razões é que o actual modelo de Estado está errado, porque centraliza excessivamente todos os processos decisórios, estimulando a desresponsabilização das pessoas e das instituições.”

“Não resultaria prejuízo significativo se o Estado tivesse um peso reduzido na sociedade e na economia; infelizmente tal não ocorre, pelo que as competências e as atitudes estimuladas pelo Estado acabam por ter uma influência determinante na sociedade, nas suas instituições e na forma como elas operam […] as inúmeras nomeações políticas de pessoas sem qualificações nem competências profissionais para exercer cargos de elevada influência na administração pública, no sector empresarial do Estado e nas instituições que sucessivos governos têm criado.”

“Ao adoptar critérios permissivos para muitas das suas iniciativas, o Estado está a passar à sociedade a mensagem de que não é necessário trabalhar para desenvolver competências ou ter mérito, nem assumir responsabilidades bem reais se queremos ter uma vida melhor – o que será necessário é ter contactos apropriados […] situações deste tipo adulteram competição e dificultam inovação e, a médio prazo, prejudicam a cidadania e a própria democracia.”

“Um doutorado, em princípio, estaria em condições intelectuais ideais para corresponder ao perfil de competências que fossem mais valorizadas pelo mercado de trabalho. No entanto, é raro tal suceder. No ambiente protegido e tranquilo das academias nacionais, os desafios, as tensões e os paradoxos de uma vida empresarial não se fazem sentir com dinamismo. Por outro lado, pessoas que concluem um grau de doutoramento não adquiriram em geral competências organizativas, de gestão ou sequer relacionais e de liderança, pelo que sentem dificuldades naturais em ser atraídas por ambientes em que o cumprimento de prazos e objectivos seja exigido e avaliado, com os resultados da avaliação produzindo consequências reais e imediatas, assim como seja esperada a constituição e liderança de equipas capazes de abordar e resolver problemas com eficácia.”

“Enquadrar doutorados em PME é um desafio grande, porque do lado das PME existem igualmente questões de natureza fundamental que dificultam o enquadramento profissional de pessoas com competências científicas. Frequentemente PME são empresas de origem familiar e com predominância da função comercial, e estão assentes numa lógica pouco orientada para a tecnologia, em que existem frequentemente limitações sérias em termos de conhecimento científico, capacidade financeira, de organização e de gestão.”

“Frequentemente, uma PME nacional é avessa culturalmente à introdução na sua estrutura de uma pessoa habilitada com conhecimentos científicos, porque os líderes empresariais desse tipo de empresas raramente as têm. Existe assim e logo à partida um desalinhamento cultural – e uma desconfiança – que fica agravado se o doutorado não tiver atitudes que o empresário seja capaz de sentir como próximas das suas e que mais valoriza.”

Educação… como tapar o sol com a peneira

Depois do PISA, é agora um estudo para o Health Behaviour in School-aged Children que está a dar que falar. As autoridades vangloriam-se pelos resultados e até a comunicação social dá ênfase a “jovens não saem à noite, não fumam, não bebem“. Ou seja, o nosso futuro está garantido porque os jovens estão a portar-se melhor e a estudar mais.

Isto só pode ser dito por alguém que não sai do seu gabinete. Por alguém que, a ter contacto com adolescentes, tem apenas com os seus filhos que andam em colégios privados. Basta ir a Santos (Lisboa) à 6ª feira à noite para confirmar que os adolescentes saem aos magotes, bebem até caír, e fumam como se não houvesse amanhã.

Quem tiver um amigo professor em escola pública (daqueles que gostam e se preocupam em ensinar) também facilmente verifica que, nos dias que correm, cada vez mais os adolescentes se desinteressam pelos estudos, não se esforçam em trabalhar para aprender e portam-se mal na sala de aula.

Os adolescentes não sonham em ser médicos, engenheiros ou advogados. Sonham em ganhar o Ídolos, o Big Brother, o Quem quer ser milionário. Ou então sonham em vingar como jogadores de futebol, como gerentes da PME/loja do papá, ou como actores ém séries juvenis. Qualquer coisa, desde que não se tenha de puxar pela cabeça.

Aliás, no mesmo estudo vêm dados gravíssimos que parecem ser desvalorizados pelas autoridades. Exemplos são “o consumo de drogas aumentou entre adolescentes do 6º, 8º e 10º anos […] 13% [tiveram sexo porque] não queriam que o parceiro ficasse zangado […] 1/5 já se embriagou 1 ou 3 vezes“. Note-se que estamos a falar de adolescantes com idades entre 12 e 16 anos!!

Facilitismo nas Novas Oportunidades?

José Sócrates deslocou-se no passado sábado a Santo Tirso, a minha terra natal. Fê-lo pela… não sei, já perdi a conta… talvez 10ª vez (nenhum governante foi tantas vezes a Santo Tirso em visita oficial). Graças ao presidente da CMST, Castro Fernandes (bajulador desmedido de JS), a cidade tornou-se terreno preferido para campanha socialista.

O PM foi a Santo Tirso para mais um circo montado à volta da entrega dos diplomas das Novas Oportunidades, esse espectacular programa que, segundo ele, vai qualificar o país. Na cerimónia o PM, a Ministra da Educação, e também o presidente da CMST deram os parabéns e disseram estar muito orgulhosos de todos os formandos que se esforçaram imenso para ter os diplomas de 9º e 12º anos.

Castro Fernandes pediu mesmo permissão para citar José Sócrates, e repetir que neste programa não há facilitismos. Ora depois de ouvir esta mentira pela 1000ª vez, quero perguntar o seguinte. No programa das Novas Oportunidades está incluído o cálculo de probabilidades, a estatística, as funções exponenciais e logarítmicas, o cálculo diferencial, a trigonometria ou os números complexos?

É que tudo isto se estuda (programa oficial de matemática) no 12º ano. Ora se os formandos das Novas Oportunidades, não sabem o que é um seno, um co-seno, uma tangente, um logarítmo, um número complexo, uma derivada… se não sabem a porra do Teorema de Bolzano-Cauchy… então vão-me desculpar mas não deveriam ter qualquer diploma que lhes concedesse o 12º ano.

Como (des)educar o país

Quando se pensava que a Educação em Portugal tinha batido no fundo, eis que afinal se confirma que ela ainda pode ser mais enterrada por este (des)Governo socialista.

Pelos vistos, com José Sócrates e o PS a gerir os destinos do país, já é possível entrar no Ensino Superior sem sequer ter terminado o Secundário. Como? Através das Novas Oportunidades.

Não se trata só de uma imoralidade, como é também uma grande injustiça para aqueles que se esforçaram e cumpriram a sua missão enquanto jovens: Estudar para ter e dar um futuro melhor ao país.

A propósito deste assunto, sugiro a leitura deste meu post (escrito em Dezembro 2009) e deste artigo do Vasco Campilho.

Estes espanhóis são uns meninos


A Universidade de Sevilha reconheceu o direito dos alunos a copiar nos exames […] os professores já não poderão chumbar, expulsar ou suspender os alunos que forem apanhados a copiar.

São uns meninos estes espanhóis… em Portugal temos um primeiro-ministro que fez exames sem sequer ir à Universidade (enviou exame pelo correio ao professor) e ainda fez o último exame, para terminar o curso, num domingo…

Lindo futuro, o nosso

Depois do que disse Medina Carreira sobre o programa Novas Oportunidades – lançado pelo governo para disfarçar os números escandalosos do desemprego – e aproveitando a sugestão da Helena Matos, fui ver os conteúdos desse maravilhoso programa socrático que dá equivalência a 9º e 12º anos.

Dei uma vista de olhos aos programas dos módulos de Matemática para a VidaTecnologias informação comunicaçãoCidadania e empregabilidadeLinguagem e comunicação. Concluí o seguinte…

Andei eu a marrar na Matemática… fracções, integrais, derivadas, etc… e agora nas Novas Oportunidades aprende-se (entre outros assuntos) a Ler e interpretar tabelas, por exemplo: de relação peso/idade, de peso/tamanho de pronto-a-vestir.

Andei eu, num curso de Engª Electrotécnica (para ser consultor em TI)… electrónica, telecomunicações, sistemas de informação… e nas Novas Oportunidades aprende-se (entre outros assuntos) Introduz/altera contactos telefónicos na agenda de um telemóvel

Andei eu a estudar português e a ler tanto para me educar e cultivar…. e nas Novas Oportunidades aprende-se (entre outros assuntos) a Fazer corresponder mudanças de assunto a mudanças de parágrafo

Andaram os meus pais a educar-me para eu saber viver em sociedade… e nas Novas Oportunidades aprende-se (entre outros assuntos) a Ouvir os outros participantes num grupo

Estou portanto completamente elucidado quanto ao valor dos cursos das Novas Oportunidades. Não há dúvida nenhuma que era uma boa oportunidade para dar mais competências a pessoas que estavam desempregadas. Aproveitar para lhes dar uma ocupação, e ao mesmo tempo ajudá-las a crescer e encontrar facilmente mais e melhores empregos. Mas tudo não passa de, como diz Medina Carreira, “uma trafulhice de A a Z… uma aldrabice”.