Prós & Prós na RTP

Ontem sintonizei a RTP para ver o programa Prós & Prós… perdão… Prós & Contras (P&C). Fi-lo porque apenas tenho 4 canais e, apesar de achar incrível e inacreditável a forma parcial como Fátima Campos Ferreira (FCF) trata os assuntos, prefiro ouvir um debate a ver telenovelas.

Pelo painel de comentadores e convidados suspeitei do desfecho do programa. Não me enganei. O P&C de ontem teve 3 objectivos: 1 – Descredibilizar ainda mais a justiça, os juízes e o Min. Público; 2 – Dar tempo de antena a Carlos Cruz (CC) para se defender na opinião pública; 3 – Lançar suspeitas para cima das vítimas com o intuito de as desacreditar.

Ao contrário do que disse a apresentadora, as figuras do palco foram meticulosamente escolhidas. Marinho Pinto (MP) teria a missão de lançar mais lama para cima da justiça e dos juízes. José Manuel Fernandes e Daniel Oliveira seriam aqueles que, sem conhecimentos de direito e do processo, falariam da “espuma” que tanto agrada ao típico tuga, mas que não leva a lado nenhum. Rui Rangel sería a desculpa perfeita para dizer que estava lá o contraditório.

No meio de tantas coisas desinteressantes (formalidades do processo, etc.) que se discutiram e de tantas coisas interessantes que passaram ao lado do debate (deixadas passar propositadamente por FCF), o saldo final diz-nos que apenas duas pessoas puderam usufurir do tempo de televisão em prime time: MP e CC.

Umas das mais execráveis figuras mediáticas dos dias de hoje, MP, começou por (sem conhecimento do processo) dizer que as penas do caso Casa Pia foram “brutais”. Eu pergunto: então e os crimes cometidos foram o quê? O bastonário dos advogados aproveitou para prosseguir a sua jihad contra a justiça e os juízes, prestando um péssimo serviço ao país. Além disso, ao ouvi-lo, parecia que as vítimas é que eram os arguidos do processo e vice-versa.

Independentemente de ser culpado ou inocente, foi uma vergonha o que FCF fez deliberadamente pelo amigo CC. Mas ele ainda se queixou da comunicação social intoxicar a opinião pública. Parecia tudo combinado para o espectador não suspeitar, mas para alguém com dois dedos de testa era impossível disfarçar. CC falou mais do que os 4 comentadores e muito mais do que qualquer outro convidado.

Além do mais CC não teve de se cingir às perguntas de FCF. Falou à sua vontade e até teve direito a algo inédito neste e noutros programas: a certa altura FCF perguntou-lhe se ele queria questionar a vítima presente! A falta de vergonha nesta altura era uma coisa extraordinária, e o objectivo do programa era mais do que evidente.

Depois deste P&C a direcção da RTP (Canal de rádio e televisão público) só pode tomar uma atitude: afastar FCF do programa e dos ecrãs de televisão. Pelo menos temporariamente. Doutra forma a direcção da RTP é conivente com favorecimento descarado a CC no processo Casa Pia e pode até fazer crescer outras suspeitas.

Há quem já diga que a teoria de CC (de que os miúdos só envolveram figuras públicas – como ele ou Herman José – para mediatizar o caso) beneficia suspeitos próximos de Sócrates e do PS. Este seria então o motivo de a televisão pública (já em outras alturas usada e abusada pelo Governo) ter favorecido desta forma o ex-apresentador.

A hipocrisia de certa esquerda

Não sou hipócrita. A morte de uma pessoa que não conheço não me afecta muito. De qualquer forma não sou frio ao ponto de desprezar, e nem sequer pensar um pouco, quando as mortes acontecem, e principalmente se são em massa. Também não sou sectário. As mortes em massa impressionam-me seja por que causa for, e nenhuma é perdoável.

Naturalmente tocam-me mais as mortes que estão mais próximas, mas pelo visto não é assim com toda a gente. Costumo ver muitas vezes, em blogues e imprensa mais à “esquerda” gritos de revolta contra as guerras no Iraque ou no Afeganistão. Mas curiosamente nada vejo sobre o que se passa cá dentro. E isto faz-me uma certa confusão.

Lembro os impressionantes números da guerra do Iraque. Entre 2003 e 2009 morreram por ano 675 militares da coligação, num total de 4700 mortes. Em 2010 já morreram 43 soldados. Em Portugal, entre 2003 e 2009 morreram nas estradas um total de 6800 pessoas, ou seja, 971 vítimas mortais por ano.

Desde o início do ano morreram 406 pessoas nas estradas, disse a estatística da ANSR. E “estes números dizem respeito às mortes no local do acidente ou durante o percurso para o hospital“, não contaram as pessoas envolvidas nos acidentes que morrerem nos hospitais nos 30 dias seguintes.

Volto a repetir o que já escrevi em 2008: O que faz essa gente de esquerda “quando todos os dias vêem nos noticiários mortes nas estradas de Portugal? Ignoram ou dizem “olha… mais um”. Ficam completamente indiferentes […] Não ficam revoltados com os responsáveis, com os governantes, com eles próprios“. Mas se a causa da morte for motivo para atacar a “direita”… haja hipocrisia.

Saramago… é “isto”

É “disto” que querem fazer herói nacional. É “isto” que dizem ser uma referência portuguesa. É “isto” que querem colocar no Panteão Nacional ao lado de figuras que realmente fizeram algo pela nação. Saramago ficará conhecido pelo Nobel, pelo ataque à Igreja, por ter dito que Portugal ficaria melhor se fosse uma província espanhola, por ter sido um defensor de regimes tiranos.

Vasco Pulido Valente
Saramago não disse mais do que se dizia nas folhas anticlericais do século XIX ou nas tabernas republicanas no tempo de Afonso Costa. São ideias de trolha ou de tipógrafo semianalfabeto, zangado com os padres por razões de política e de inveja. Já não vêm a propósito, claro que Saramago tem 80 e tal anos, coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clara, e que, ainda por cima, não estudou o que devia estudar.

Claro que Saramago ganhou o Prémio Nobel, como vários “camaradas” que não valiam nada, e vendeu milhões de livros […] Não assiste a Saramago a mais remota autoridade para dar a sua opinião sobre a Bíblia ou sobre qualquer outro assunto, excepto sobre os produtos que ele fabrica […] Depois do que fez no PREC, Saramago está mesmo entre as pessoas que nenhum indivíduo inteligente em princípio ouve

Fernanda Leitão
A escritora Isabel da Nóbrega […] caíu numa cilada do demónio. Apaixonou-se por um zé ninguém, nem sequer bonito, muito menos simpático e bem educado, que olhava tudo e todos de nariz empinado, numa pseudo-superioridade de quem tem contas a ajustar com a vida, quezilento e muito chato. Falava como um pregador de feira e era intragável. Mas, em atenção à Isabel, lá íamos aturando o José Saramago.

[…] não me admirei nada quando o vi director do Diário de Notícias, a mando do PCP, onde, da noite para o dia, lançou ao desemprego 24 jornalistas […] deixando-os e às famílias, sem pão. […] não fiquei surpreendida quando soube que abandonou Isabel da Nóbrega, que tanto fez por ele, para alvoroçadamente casar com uma espanhola que tem vastos conhecimentos no mundo da política e das letras.

E agora, o homenzinho da Golegã a chamar nomes a Deus, a insultar a Bíblia nuns raciocínios primários de operário em roda de tasca. Dizem que o fez por golpe publicitário. Talvez. Acho que é capaz disso e de muito mais […] António Lobo Antunes, numa entrevista dada à RTP […] “tenho medo de chegar à idade dele assim, sem senso crítico.

Somos o 2º país mais desenvolvido de África

Depois dos casos de João Miguel Tavares, Manuela Moura Guedes, José Eduardo Moniz, José Manuel Fernandes, etc. Depois dos casos da TVI, do Público, do Sol, etc. Ainda há quem tenha dúvidas. Ainda há muito boa(?!) gente que crê que Sócrates, este Governo e o PS não convivem mal com a liberdade de expressão. Algo conquistado no tão falado 25 de Abril de 1974.

O caso de Mário Crespo comprova que o PM não é só uma pessoa que convive mal com a crítica. Não é só uma pessoa que tem pouca capacidade de encaixe. Não é só uma pessoa que despreza e não respeita a opinião plural. Este caso prova que José Sócrates actua como se de um chefe de estado africano ou sul-americano se tratasse. Não tem problema nenhum em contactar pessoalmente empresários, gestores, directores, e dizer-lhes directamente que se as suas empresas vão contra ele, o “caldo está entornado”.

Além disso está mais do que visto o nível intelectual dele como pessoa. Toda a gente sabe e conhece palavrões. Toda a gente tem acessos de raiva interior. Mas nunca um membro de um governo poderia falar naqueles termos sobre alguém. Nem sequer em casa, em frente aos seus filhos. Quanto mais num local público, na presença de outros membros do governo e altos empresários.

Não posso deixar de fazer um paralelo que já fiz noutras ocasiões: Hugo Chávez conquistou o poder pela retórica. Sócrates também. Hugo Chávez não tem feito nada para melhorar a vida do seu povo. Sócrates também. Hugo Chávez mantém à sua volta um grupo restrito que se alimenta do Estado. Sócrates também. Hugo Chávez fecha orgãos de comunicação social que são contra “regime”. Sócrates também (dentro da medida do possível).

Só há uma coisa que Sócrates ainda não fez… foi prender Carvalho da Silva ou Mário Nogueira por liderarem manifestações. E também não me parece que consiga fazer outra coisa… mandar matar líderes dos partidos da oposição. Olhem bem a sorte destes senhores… Portugal ainda faz parte do continente Europeu, e está incluído na União Europeia.

Mas por vezes, tal como costumo dizer, Portugal parece o país mais desenvolvido do continente africano, a seguir à África do Sul.

ERC – Entidade (que não) Regula (um) Caroço


Aprecio muito o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e penso que pode ser uma mais valia para o país e para o PSD. Concordo com algumas coisas que ele diz, mas também discordo profundamente de outras. Há cerca de 2 anos que deixei de seguir “religiosamente” a sua “missa” ao Domingo, porque ultrapassou o mero programa de comentário político.

A RTP vai acabar com o programaAs Escolhas de Marcelo“, em consequência do fim do programa “Notas Soltas” de António Vitorino. Se já foi uma aberração a obrigação da RTP criar o segundo, para compensar o primeiro, maior vergonha foi o encurtar do primeiro para igualar o segundo. E agora o escândalo atinge proporções irreais com o fim de um por causa do outro. Tudo isto segundo uma ordem da ERC, que todos sabemos andar a mando do Governo de José Sócrates.

Nem quero aqui entrar por um caminho que me levaria a dizer que, com base no que já se tinha passado antes (as tais bojardas da ERC a mando do Governo), António Vitorino teria feito de propósito para saír (talvez também ele a mando), e deixar MRS sem espaço para se exprimir. Logo agora que estamos a chegar a uma altura complicada para o PS e Governo, e também será agora que o PSD se irá definir e começar a reganhar fôlego. Logo agora que nos aproximamos das presidênciais, e que todos sabem que MRS tem ambição de se candidatar.

Todos estes episódios de compensação são ridículos. Senão, porque não obriga a ERC a fazer um programa desportivo com representantes de Braga, Nacional ou Guimarães, para compensar as dezenas de Portistas, Benfiquistas e Sportinguistas em programas da RTP? Ou porque não obriga a ERC a fazer um programa musical com artistas punk e heavy metal, para compensar todos os outros populares e pop que aparecem nos vários programas da RTP? Porque não obriga a ERC à passagem de filmes portugueses, para compensar a porcaria de filmes americanos (que ainda por cima são sempre os mesmos, basta lembrar “Sozinho em Casa” no Natal ou “Ben-hur” na Páscoa) na RTP?