Zé Pedro Miranda na CMST?… é tarde demais!

Hoje, através do Facebook, dei com uma petição pública. Mais uma. Desde que esta ferramenta foi criada online, e tem de facto validade, não param de ser criadas petições para tudo e para nada. A maioria é despropositada, estúpida e sem sentido.

Algumas são tão imbecis que chegam a ser patéticas, como aquela que pretendia demitir o Presidente da República. Como se fosse possível uma petição assinada por uns milhares de pobres de espírito, sobrepor-se ao voto expresso de milhões de portugueses.

Esta de que falo tem como título “José Pedro Moreda Miranda para Presidente da Câmara de Santo Tirso“. Ou seja, pretende criar uma vaga de fundo para que arranque uma candidatura do Zé Pedro Miranda à Câmara, nas eleições autárquicas de 2013.

Antes de mais quero fazer uma declaração de interesses. Sou amigo do Zé Pedro há muitos anos. Admiro-o como pessoa, profissional e político. Fiz parte do grupo restrito de pessoas que impulsionou e apoiou desde a 1ª hora o seu recente percurso político.

Pelo Zé Pedro já fiz de tudo. Desde organizar e participar em comícios e sessões de esclarecimento, passando pela elaboração de programas eleitorais e gestão da candidatura, terminando na habitual campanha de distribuição de panfletos e colagem de cartazes.

No entanto acho completamente despropositada e ridícula esta petição que agora lançam. Não duvido que quem a criou o tenha feito com a melhor das intenções, mas deveria ter pensado melhor e percebido que não ajudará e, pelo contrário, pode até prejudicar.

Explico já porque pode prejudicar. Com a proliferação (de que falei no 1° parágrafo) de petições para tudo e para nada as pessoas (tal como eu) começam a ficar fartas e a desacreditar-se nesta ferramenta. E sendo assim não se dinamizam para assinar.

Uma petição desta índole com poucas assinaturas (umas centenas, uns poucos milhares que sejam), servirá não só para os adversários ridicularizarem o Zé Pedro, mas também para os responsáveis por escolher o candidato descartarem desde logo o seu nome.

Alguns dirão que ele poderá (e quiçá deverá) montar uma candidatura abrangente e independente, e por isso não precisará dos partidos. Eu digo que conhecendo o Zé Pedro como conheço, duvido muito que ele alguma vez embarque numa candidatura concorrente ao PSD.

E como está mais do que visto (e eu já o escrevi várias vezes), o PSD já tem candidato definido há muito tempo. E esse candidato está longe de recuar ou ceder o lugar a quem quer que seja. E sinceramente, não o censuro por isso. Tem toda a legitimidade.

Aliás, quem conhece bem o Zé Pedro, sabe que ele não é homem de “vagas de fundo”. Ele só será candidato se quiser, se sentir uma força, um chamamento dentro dele. Nunca será candidato empurrado, ou baseado numa decisão tomada com emoção e sem razão.

Fala-vos quem sabe e quem já passou por isso. Não cometo nenhuma inconfidência se disser que tanto na candidatura à Junta, como nas vezes em que falamos de hipotéticas candidaturas à Câmara, o Zé Pedro nunca vacilou ou abdicou do seu espaço de ponderação.

Muitos de vós conhecem a minha opinião. Com o concelho a afundar-se cada vez mais pela gestão do PS, e com o abandono forçado de Castro Fernandes, 2013 era uma boa oportunidade para o PSD ganhar a Câmara e colocar Santo Tirso no rumo do desenvolvimento.

E tal como disse a muitos de vós em várias ocasiões, acho que o Zé Pedro seria talvez a melhor pessoa para liderar esse processo de mudança. Mas não é isso que manifestamente vai acontecer. Portanto não vale a pena forçar a coisa e desgastar a imagem do Zé Pedro.

Infelizmente, isto quer dizer que (nas mãos do PS ou do PSD) Santo Tirso perderá mais 4 anos. Continuará a dirigir-se para o abismo e para o empobrecimento até pelo menos 2017. E ficam todos muito revoltados? Foi pena só terem pensado nisso agora. É tarde demais.

Opinião: Ano novo! Vereação nova!

Ano Novo, vereação nova. Na viragem do ano o executivo da Câmara Municipal foi remodelado. Luís Freitas saiu da equipa de Castro Fernandes, Ana Maria Ferreira assumiu as funções de vice-presidente e o lugar em aberto foi ocupado por José Carlos Ferreira (o 6º da lista do PS nas autárquicas 2009).

A CMST disse em comunicado que Luís Freitas solicitou a renúncia ao mandato por imperativos de ordem pessoal. Já estamos habituados. Na política, seja qual for o verdadeiro motivo, o que vem a público são sempre os motivos pessoais. Mesmo que as reais razões sejam por demais evidentes.

A verdade é que já cheira a eleições. As Autárquicas 2013 são daqui a 20 meses e é preciso começar a preparar terreno para um combate mais complicado que o habitual. Castro Fernandes está impedido pela lei de se recandidatar e o seu substituto tem de ser “lançado” com a devida antecedência.

Se restam dúvidas quanto a isto, basta ter em conta o facto de o Presidente da CMST (que gosta pouco de abrir mão seja do que for) ter delegado em Ana Maria Ferreira várias competências, ao nível das obras e serviços públicos, aquisição de bens imóveis e serviços, e outros contratos administrativos.

Além disso, no mesmo comunicado, refere a CMST que à nova vice-Presidente competirá também “substituir o Presidente nas suas faltas ou impedimentos legais“. Ou seja, Ana Maria Ferreira terá funções e poderes que nenhum outro vice-Presidente desta CMST alguma vez sequer sonhou ter.

Como consequência desta jogada política – que afasta um dos mais apreciados, respeitados e competentes vereadores, por interesses puramente partidários – entra para a equipa José Carlos Ferreira, militante activo do PS Santo Tirso, também conhecido por ser cunhado de Castro Fernandes.

Não se conhece ao novel vereador um percurso político, o que até abona a seu favor. É professor de Educação Física, o que lhe pode valer uma genica extra. Lecciona, como o próprio diz no Facebook, numa “escola sem Pavilhão Gimnodesportivo“, pelo que estará habituado a trabalhar em dificuldades.

O que se deseja é que José Carlos Ferreira possa fazer mais do que os seus antecessores. O que se lhe exige é que trabalhe para os Tirsenses e não para o partido. Pede-se que responda perante a população e não perante o seu cunhado/presidente. É muito importante que tenha sentido de missão.

Numa pesquisa rápida pela internet, ficamos a saber que a sua paixão é o Poker e que o seu sonho é participar num European Poker Tour. Mas esperemos que nos próximos 20 meses a sua paixão sejam todos os Tirsenses, e que o seu sonho seja tornar Santo Tirso num concelho melhor.

No seu blogue, José Carlos Ferreira escreveu um dia: “quero levar muito longe o Poker Português, e necessito claramente do apoio de toda a comunidade“. Falhou. Mas nesta fase pede-se apenas que tente levar longe Santo Tirso, e se assim fizer terá o apoio de toda a comunidade Tirsense.

Sejam quais forem os pelouros atribuídos, o desejo é que aplique mais os conhecimentos que adquiriu na Universidade do Porto (quando se licenciou em Educação Física), e não tanto os que terá adquirido na Universidade Independente (quando lá estudou “Gestão e Administração de SADs”).

Desejam-se na sua actuação, menos erros do que aqueles (ortográficos e de sintaxe) que deu num curto texto que escreveu para o pokerpt.com, confundindo “há cerca de” com “acerca de“… “há muito que anunciava” com “à muito que anunciava” ou “há 3 semanas atrás” com “à 3 semanas atrás“.

Esclarecimento aos militantes PSD de Santo Tirso

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Há dias escrevi a 2ª carta aberta aos militantes PSD de Santo Tirso. Tal como noutros posts sobre o mesmo tema, recebi vários comentários de um “Luís Filipe Monteiro”. A táctica foi a mesma, entrada de mansinho, para depois partir para o insulto.

Não sou de fugir a qualquer tipo de discussão. Não sou de desrespeitar a opinião diversa. Nem sou de insultar o próximo. Daí, parti para uma tentativa de discussão saudável, com troca de argumentos e factos. Que utopia a minha! Não foi possível.

O tal senhor “Luís Filipe Monteiro” não rebateu um (um único!) facto que apresentei. Não apresentou um (um único!) argumento para sustentar sua opinião. Limitou-se ao remoque, à acusação sem fundamento, e ao insulto. Algo que não me surpreendeu.

Os insultos e as acusações recebidas deixaram-me curioso. Quem seria esta criatura? Que razões teria para se fazer “advogado do diabo” (a actual liderança do PSD)? E que mal lhe teria feito para me insultar de forma tão vil e tão mentirosa?

A plataforma do WordPress, onde está alojado este blogue, permite-nos ver o IP de quem comenta. O IP deste senhor era 194.65.122.241. Fui fazer o track ao IP e constatei que estava registado em nome do Instituto Emprego Formação Profissional.

Ora quem conhecemos nós, que trabalha no Instituto Emprego Formação Profissional? Pois é, esse mesmo! Alírio Canceles! O actual presidente do PSD Santo Tirso, escondeu-se atrás de um nome fictício com o intuito de se defender e de me insultar.

Isto demonstra bem a falta de carácter e de coragem deste senhor. Ele que se diz tão íntegro e corajoso. Que se arroga da exclusividade da defesa das boas práticas e do cumprimento das regras. Afinal vem apenas confirmar o que tenho escrito.

(clique para aumentar)

Carta aberta aos militantes PSD de Santo Tirso (II)

Tiveram lugar no sábado, 21 Janeiro, as eleições para a Comissão Política Concelhia do PSD Santo Tirso. Eu, militante activo e interessado há cerca de 13 anos, tomei conhecimento apenas três dias antes, através duma mensagem publicada pelo PSD Santo Tirso no Twitter.

Estranhei o facto de não ter conhecimento prévio, de não ter recebido a habitual carta, nem sequer ter recebido um rápido, eficaz e grátis email. O facto é que não chegou a mim, nem a nenhum dos outros 5 militantes Tirsenses que vivem lá em casa: a minha Mãe, Pai e Irmãs.

Acontecera o que eu suspeitava. Os militantes receberam 2 emails. Um assinado pela ainda presidente Andreia Neto (datado de 7 Janeiro) anunciava a marcação das eleições. Outro assinado pelo futuro presidente Alírio Canceles (datado de 17 Janeiro) anunciava a “candidatura”.

Ou seja, o meu nome (e o dos meus 5 familiares directos, militantes de plenos direitos) foi riscado da lista de militantes, pela actual e pela próxima Comissão Política Concelhia. Atitude que espelha bem o espírito democrático das pessoas que lideram o PSD local.

No PSD – um partido que cultiva os valores da liberdade, da igualdade, da solidariedade e do pluralismo – há militantes ostracizados e marginalizados apenas e só por não alinharem pelo diapasão, por terem sentido crítico, pensarem pelas suas cabeças e exprimirem as suas opiniões.

No email que anunciava as eleições a presidente Andreia Neto dizia: “a participação dos militantes é fundamental para mostrar a vitalidade do PSD. Tenho a certeza que uma vez mais os militantes marcarão presença“. Como poderíamos marcar presença se tudo foi feito nas nossas costas?

O que podemos constatar é que a passagem de Andreia Neto pela Assembleia da República tem tido o condão de a tornar num agente político igual a tantos outros que conhecemos. Proferem palavras mas não agem em conformidade. Ou seja, “Olha para o que eu digo e não para o que eu faço“.

Para além disso, e quando se esperava que continuasse a liderar os destinos do PSD Sto Tirso – com legitimidade e vontade reforçadas, por ser deputada da Nação – Andreia Neto abandona. Passando a imagem de que é mais uma que, chegada a Lisboa, se desliga da sua terra e dos seus eleitores.

Mas pior fez Alírio Canceles ao anunciar a sua “candidatura”. Em primeira instância porque confirma o que eu vaticinei há 2 anos atrás (ler ponto 9 deste post). Qual chico-esperto, enganou, furou, ultrapassou pela direita, os Estatutos que limitam os presidentes de secção a 3 mandatos.

Depois de ter sido presidente entre 2006 e 2010, Alírio sabia que o mandato 2010-2012 seria o último. E assim, não poderia ser ele a liderar a escolha dos candidatos às Autárquicas 2013. Sendo assim, colocou Andreia Neto como presidente, recuou para vogal, e agora aparece novamente.

Mas o mais negro deste cenário é o facto de, tal como eu escrevi, o próprio Alírio ter assumido sem vergonha, e perante alguns militantes, esta estratégia. Que passaria por manipular Andreia Neto de forma a ser ele, em 2013 a liderar o processo de escolha de candidatos autárquicos.

E é apenas este o objectivo: escolher os candidatos às Autárquicas 2013. No email que Alírio enviou aos militantes não há referência a um programa, a uma estratégia, a um compromisso ou sequer a um rumo. Apenas fala do que ele próprio tem feito, e da vontade de vencer as Autárquicas.

Aliás, há também uma outra coisa curiosa nesse email. Em momento algum assume uma candidatura. Diz apenas: “Entendi voltar a assumir responsabilidades na liderança do PSD de Santo Tirso“. Ou seja, não se apresenta a eleições, assume. Como se o PSD Sto Tirso fosse um feudo.

No mesmo email, o que segue a mensagem feudal de Alírio Canceles, é a lista de nomes que formarão a Comissão Política (nunca se fala em candidatos). À frente de cada um não está a freguesia que representam, ou o habitual nº de militante, mas o cargo que ocupa no Poder Local.

Tudo isto demonstra bem o carácter de quem está à frente dos destinos do PSD Sto Tirso. Esta é a mais vil e suja forma de estar na política. Desprezar as regras democráticas, desrespeitar os estatutos, afastar militantes incómodos, cultivar o cacique, e montar esquemas de manipulação.

Claro que tudo isto só é possível com a ajuda de um grupo de militantes intelectualmente diminuídos, que compactuam e são coniventes com esta situação. Procurando apenas um lugar ao sol (vulgo “tacho”) na altura em que o poder cair do céu (acham eles) no colo daqueles que apoiam.

Não deixa também de ser curioso, que depois de tudo isto, Alírio Canceles tenha ainda o descaramento de escrever no mesmo email: “consciente da necessidade de garantir a estabilidade, unidade e a coesão no seio do PSD, condição determinante para a gestão do processo autárquico“.

Na verdade eu diria que, para que fosse ele a gerir a seu bel-prazer o processo autárquico, a condição determinante era precisamente a contrária. Ou seja, afastar do caminho quem quer que fosse que pudesse pôr em causa a sua vontade e o seu desejo de assalto ao Poder em Santo Tirso.

O que está bem explícito noutro trecho do mesmo email: “a prossecução do objetivo que perseguimos há quase 30 anos: Ganhar a Câmara Municipal“. Ou seja, o objectivo não é tornar Santo Tirso melhor. É apenas ganhar a Câmara Municipal e assaltar o Poder Local. É o Poder pelo Poder.

Deixa-me sobretudo triste, ver que militantes que considerei – e em quem a dada altura confiei. Casos de João Abreu, Carlos Pacheco, Manuel Mirra, Manuel Leal – se deixaram levar nesta maré negra. Não conseguem discernir que, para além do mais, estão a enterrar-se politicamente.

Não admito que alguém queira usar o PSD, o meu PSD, para atingir objectivos pessoais. E que para isso coloque os seus próprios interesses à frente dos interesses dos Tirsenses e do partido. Que use o PSD como instrumento de promoção pessoal, arrastando-o nessa ânsia de poder egoísta.

Aristóteles dizia: “O preço a pagar por não te interessares por política, é seres governando pelos teus inferiores“. Uma parte dos militantes afastaram-se do partido. A outra, mostra que prefere esta porcaria que vos descrevo. Pois besunte-se com ela que há-de ter um lindo enterro.

António Costa ao melhor estilo socratiano


O estado a que chegaram alguns (infelizmente muitos) prédios do centro de Lisboa torna imprescindível a aposta na reabilitação urbana. Podemos tentar esconder os prédios com graffitis ou com lonas de publicidade gigantes, mas não podemos dissimular a degradação de alguns prédios, e deixar assim uma má imagem da capital de Portugal.

Com toda a propriedade, Pedro Santana Lopes criticou recentemente a (falta de) política da CM Lisboa nesta área. O ex-presidente e actual vereador da CML defendeu que a reabilitação urbana “deve ser a prioridade” da CML e recordou que inclusivamente existe o PIPARU “um programa com verbas que ultrapassam os 200 M€“.

Em resposta, António Costa, revelou alguma desonestidade intelectual e fugiu ao problema. Disse que “A Câmara precisa de 8.000 M€ para fazer a reabilitação urbana em toda a cidade“. Ora, mas alguém disse que era preciso fazer tudo de uma vez? (fez-me lembrar Sócrates e o episódio de pagar a totalidade da dívida pública em 2012).

Pior do que isso, mesmo alertado para os factos, e com a realidade à sua frente, António Costa preferiu adoptar uma postura apática. Diz-se “confiante que Lisboa vai conseguir avançar uma vez ultrapassada a conjuntura que o País está a viver” e espera “que a nova lei do arrendamento inverta esta situação“. Ou seja, a única coisa que pretende fazer é, esperar.

Publicado também aqui.

Opinião: A reforma do Poder Local

Artigo de opinião que escrevi para a edição de Dezembro 2011 do jornal “Notícias de Santo Tirso”.

É verdade que o Poder Local foi o motor do desenvolvimento na maioria do território, excepção feita às grandes áreas metropolitanas, onde o impulsionador foi o Poder Central. Mas nos últimos anos tudo mudou. Houve uma alteração das circunstâncias sociais, económicas, financeiras, políticas e até mesmo ambientais. Exigia-se que o Poder Local se adaptasse aos novos tempos, que fosse mais eficaz e eficiente.

Infelizmente os interesses partidários falaram sempre mais alto, e nenhum Governo foi capaz de mexer na “vaca sagrada” do Poder Local, fonte de tantos votos. Ele foi-se degradando e passou a estar nas mãos de políticos profissionais. Em alguns casos, gente sem o mínimo exigível para ocupar cargos públicos. O que se vê pelos inúmeros processos de corrupção que envolvem autarcas.

Foi preciso estarmos quase na bancarrota e dependentes da ajuda externa para que nos fosse imposta uma verdadeira Reforma da Administração Local, pelo Memorando de Entendimento com FMI/BCE/UE. Ela terá de acontecer até Junho de 2012, e daí o Governo PSD/CDS ter publicado recentemente um documento que deverá servir de base para a discussão.

Naturalmente logo após a apresentação das linhas orientadoras e sugestões do Governo, surgiu a indignação de vários autarcas. Não porque o projecto de Reforma fosse desadequado ou injusto, mas porque no essencial mexe com lugares. Os seus e os das suas pandilhas. Prevê-se a redução de vereadores, directores municipais, deputados municipais, etc. Daí a preocupação da maioria dos que se insurgem contra a Reforma.

Usando e abusando da habitual demagogia e populismo barato, vêm bradar com o “património do municipalismo” e com o “respeito pelos valores e culturas de cada concelho ou freguesia”. Mas que património e que cultura? Nos dias de hoje, é perfeitamente normal as pessoas viverem em concelhos de onde não são naturais. Pelos estudos, pelo trabalho, pelo casamento. São poucos os que nascem e vivem na sua cidade para sempre.

Isso não destrói nenhuma cultura ou património. Lisboa não deixou de ter Pastéis de Belém, Marchas Populares e Bairros apesar de a maioria dos seus residentes serem provenientes de outras zonas do país. Há até muita gente que vem “de fora” e ajuda (muitas vezes mais do que os da terra) a preservar tradições e património. Conheço, no meu concelho (Santo Tirso), alguns exemplos flagrantes que comprovam isso mesmo.

Além disso Lisboa, a capital, deu o exemplo no que concerne a uma reforma administrativa do território. E tudo parece ter corrido bem, apesar das naturais divergências. Com um longo período de discussão, os autarcas chegaram a acordo. De 53 freguesias, Lisboa irá passar para 27. Está dado o aval da Câmara e da Assembleia Municipal. Falta agora o pró-forma da Assembleia da República. Não consta que se percam identidades e tradições.

O que se quer com esta Reforma é, acima de tudo descentralizar políticas, dando mais competências aos Municípios e Freguesias. Estas entidades deverão ser verdadeiros instrumentos de desenvolvimento económico e social das populações, e de coesão do território. Mas a descentralização e reforço de certas competências, só podem ser feitos de forma eficaz e eficiente se Municípios e Freguesias tiverem dimensão. Daí a necessidade de agregar.

É imprescindível também rever o regime de financiamento do Poder Local. Há uma extrema necessidade de acabar com a elevada dependência das receitas de construção e imobiliário, que fomentam a corrupção. Era preferível por exemplo passar a Derrama e o IMI para a Administração Central, e aumentar a parte do IRS que cabe aos Municípios ou mesmo aumentar as transferências do OE para as Autarquias.

É também indispensável acabar com os empréstimos que são excepção aos limites de endividamento. Muitos leigos não sabem, mas há obras cujos empréstimos não contam para os limites de endividamento. Dívidas para obras como os estádios do Euro 2004 (que tiveram uma lei especial) ou para obras co-financiadas com Fundos Comunitários, não implicam qualquer agravamento à capacidade de endividamento municipal.

É também importante alterar as regras de eleição e constituição dos órgãos autárquicos. Não faz sentido haver um executivo com vereadores de vários partidos, em que uns têm pelouros e os outros apenas criam entropia, fazem figura de corpo presente, e recebem umas senhas. E o argumento da fiscalização não colhe, porque ela pode perfeitamente ser desempenhada pela Assembleia Municipal.

Aliás, o Governo da República é homogéneo, os Governos Regionais são homogéneos, os Executivos das Juntas de Freguesia são homogéneos. Cabe na cabeça de alguém que apenas os Executivos das Câmaras Municipais sejam diferentes? Da mesma maneira, fará todo o sentido que o Presidente da Câmara possa (tal como o Primeiro-Ministro) remodelar o executivo a meio do mandato, se este não estiver a corresponder.

Outras questões deverão também ser levantadas no âmbito desta discussão, mas temo que uma delas não seja a da limitação de mandatos. Isto porque ainda há pouco tempo foi motivo de “vitória” junto da população, pelo facto de ter sido aprovada a lei de limitação de 3 mandatos. Mas que tal acrescentar também, que findos esses 3 mandatos, não se podem candidatar a outros 3 num concelho diferente? Prevenia chicos-espertos.

Mas porque raio deverão ter “direito” a jornais?

Sinceramente fico abismado com certas coisas que leio ou ouço. O Presidente da CM Lisboa vai cortar nos jornais, e passar a ter direito apenas a 2 diários e uma revista semanal.

Mas porque raio deve um Presidente de Câmara ter “direito” a jornais e revistas? Não tem 0,50€ ou 1€ para os comprar? E os directores municipais ou o Comandante da Polícia? Não têm de trabalhar?

Neste país, a fasquia da ética e da moral já está tão baixa que esta gente ainda tem a lata de anunciar medidas destas. Para agravar, a comunicação social divulga como se fosse uma grande coisa!

Isto é exactamente o mesmo que dizer que, a partir de agora, nos cocktails oferecidos pela CM Lisboa, vai comprar-se champagne Moet & Chandon ao invés de Don Pérignon. É pá… por amor de Deus. Haja decência e respeito pelos contribuintes!

Opinião: São estes os partidos que temos

Artigo de opinião que escrevi para a edição de Maio 2011 do jornal “Notícias de Santo Tirso”

O país está mergulhado numa crise financeira, económica, social e de valores sem precedentes. Mas neste pequeno país as diferenças entre regiões são muito grandes (mercê do centralismo). A crise chega mais a uns do que a outros. Santo Tirso tem o azar de estar na primeira metade. O concelho definha com elevada taxa de desemprego, o fecho das empresas, a degradação da qualidade de vida e a fuga da população.

O que se pede aos políticos a nível nacional neste momento, é o mínimo que se pode pedir aos políticos locais. Estes estão mais perto da população e as suas acções podem afectar mais directamente as pessoas. Exige-se sempre, mas numa altura destas ainda mais, que sejam responsáveis, sensatos, sérios e abdiquem dos seus proveitos pessoais, corporativos e partidários em favor dos interesses dos Tirsenses.

Infelizmente, em Santo Tirso, as forças partidárias com relevância estão completamente alheadas das necessidades dos cidadãos e perdem o seu tempo numa guerrilha mesquinha digna de gente sem estatura moral para sequer ser vogal suplente de uma Associação Recreativa. Mas pior do que isso é que essa guerrilha não tráz vantagens a qualquer um deles. Trata-se apenas de uma medição constante de egos de gente menor.

Se atentarmos ao que se passa nas reuniões de Câmara (em que participam os Vereadores) e às reuniões de Assembleia Municipal (em que participam os deputados) vemos que não se trata de absolutamente nada que traga valor acrescentado aos Tirsenses. O que se vê é uma permanente troca de insultos e remoques entre PS e PSD que envergonha qualquer cidadão que assista e nada tenha que ver com o assunto.

Não contentes com as “peixeiradas” que fazem nos dois órgãos mais importantes e solenes da autarquia, os dirigentes de PS e PSD vêm para a praça pública – nomeadamente na comunicação social – estender mais ainda essa vergonhosa “troca de galhardetes” que apenas interessa à entourage que paira à volta das Comissões Políticas na ânsia de arranjar um “tachito” em funções camarárias.

Há mais de 10 anos que não se ouve ou vê PS e PSD a apresentar propostas, soluções, estratégias ou rumos a dar a Santo Tirso. Um concelho cada vez mais, e preocupantemente, moribundo. Do lado do PSD a táctica tem sido o ataque pessoal ao Presidente da CMST, Castro Fernandes, insultando-o de ditador, e acusando de despotismo, nepotismo, sectarismo, altivez, prepotência e arrogância.

O que é certo, é que na altura de apresentar factos que corroborem essas acusações, o PSD não tem tido mais nada a dizer a não ser que o PS quebra regras procedimentais nas reuniões de Câmara e de AM. Chega a ser patética a quantidade de vezes que, nas notas à imprensa, se vê o PSD a referir-se à “alínea x) do número 495 do artigo 127º da lei 68-B/2003 de 22 de Outubro“, como se alguém soubesse ou estivesse interessado nisso.

Por seu lado o PS, que mais parece uma empresa unipessoal de Castro Fernandes, tem também pouco sentido democrático já que não faculta documentos à oposição, não responde às perguntas que lhe fazem e, se puder, nunca leva a discussão propostas do PSD. Além disso, a única coisa que faz é a gestão corrente (ao sabor eleitoral) da autarquia, faltando-lhe claramente uma estratégia política e um rumo para o concelho.

De resto, o PS Santo Tirso e Castro Fernandes, copiam bem a estratégia do PS Nacional e de José Sócrates. Vitimizam-se dos insultos e acusações da oposição, distribuem muita propaganda por todo o concelho através de outdoors e publicações pagas com os dinheiros da CMST, e vão estando presentes em toda e qualquer festa ou evento organizado pela CMST ou por outras entidades Tirsenses.

No meio disto tudo há um facto indesmentível. PS e o PSD vêm fazendo isto mesmo há anos, e o PS venceu as autárquicas 2009 com maioria. Nestas circunstâncias, a democracia confere-lhe poder para governar. Isto pode custar muito à oposição mas o facto é que os Tirsenses continuam a preferir este PS e este Castro Fernandes. Assim, não faz sentido o PSD acusar o líder socialista de usar a maioria em seu favor.

O voto dos Tirsenses voltou a ser bem claro: aumentou a votação no PS (21.427 em 2009 vs 20.964 em 2005) e diminuiu a votação no PSD (18.700 em 2009 vs 18.671 em 2005). Desta forma, Castro Fernandes está a usar a maioria que a população lhe quis dar, e não pode ser acusado de a usar. É isto a democracia. Foi isto que as pessoas quiseram: mais PS e menos PSD, porque confiam mais neste PS do que neste PSD.

É inegável que o estado funesto a que chegou Santo Tirso é em grande parte responsabilidade da falta de capacidade e visão do executivo PS e do Presidente da CMST. Muito pode ser feito por Santo Tirso. Tome-se como exemplo Maia, Famalicão e Paços de Ferreira. E só o PSD pode alterar o rumo das coisas. Mas para isso tem de mudar de atitude, apresentando propostas, elaborando uma estratégia, e elevando a discussão política.

Já as Autárquicas 2013 (em Santo Tirso)

Li no Facebook, um post do Pedro Fonseca, que falava de alguns acontecimentos recentes e tirava a “brilhante” conclusão de que, em Santo Tirso, tinha começado a contagem decrescente para as Autárquicas 2013 (apesar de, no calendário, faltarem mais de 2 anos).

Vou-me abster de fazer comentários acerca do que Pedro Fonseca disse de Carlos Monteiro (Presidente da Junta de Refojos, eleito pelo PS). Faço-o porque não conheço o senhor ou as declarações/acções referidas, e porque ao contrário do Pedro Fonseca, não falo do que não sei.

Vou limitar-me a comentar as afirmações que o Pedro Fonseca fez acerca de Carlos Almeida Santos, baseadas numa curta entrevista que este deu ao jornal Entre Margens de forma desprendida, sincera e frontal. Características que o Pedro Fonseca notoriamente não tem.

1º Dizer que o Pedro Fonseca não conhece Almeida Santos, doutra forma não o trataria por “Dr. Almeida Santos”. Almeida Santos é licenciado em Engenharia Electrotécnica pela Faculdade de Engenharia do Porto e – que eu saiba – dali nunca sairam doutoures.

2º Dizer que o que é crónico e histórico é a falta de capacidade demonstrada pelas várias Comissões Políticas Concelhias do PSD, que sempre se preocuparam muito mais em afastar os hipotéticos adversários internos, do que em apresentar um projecto credível aos Tirsenses. Foi isto que Castro Fernandes (Presidente eleito pelo PS) agradeceu.

3º Relembrar ao Pedro Fonseca que o PSD é um partido livre e pluralista (talvez o único) e nunca perdeu eleições por ter vozes dissonantes. Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Cavaco Silva, Durão Barroso, Santana Lopes. Todos tiveram oposição interna forte e o PSD venceu.

4º O Pedro Fonseca pode estar habituado a uma estrutura liderada por um déspota, em que o “querido líder” é amado e apoiado incondicionalmente, por mais absurda que seja a sua acção. Mas o verdadeiro PSD não é assim. Desengane-se se pensa que no PSD não se pode discordar. Tome-se o exemplo claríssimo de Sá Carneiro.

5º Convidar o Pedro Fonseca a reler a entrevista. Sei como os “jornalistas” têm por hábito deturpar declarações de outros, mas se estiver atento vê que Almeida Santos não diz que o PSD “não têm hipótese“, diz antes que o PSD “nada tem feito para [ganhar]”.

6º Confirmar quem é e ao que vem Pedro Fonseca. Está bem patente no comentário ao resultado de Almeida Santos em S.Miguel do Couto. Não saberá ele o que é sacrificar-se pelo PSD em eleições, à partida, perdidas. Chama-se sentido de missão. Algo que Pedro Fonseca não terá. Aliás, que sabe ele, se nunca foi a votos?

7º Dizer ao Pedro Fonseca para se informar antes de falar. Almeida Santos foi o único que durante anos, com seriedade e frontalidade, nos locais próprios do partido, falou às claras ao invés de andar com caciques ocultos. Nunca foi ouvido e foi ostracizado. Tenta agora outra forma de questionar e fazer-se ouvir.

8º Dizer que apesar de tudo, Almeida Santos foi leal e ajudou o partido sempre que pôde. A ele se devem várias acções pelas quais o PSD tirou créditos (casos das conferências sobre IVG ou Constituição) e também foi o principal impulsionador e um dos responsáveis pela eleição de Zé Pedro Miranda em Santo Tirso.

9º Chamar a atenção do Pedro Fonseca para o facto de o PSD ser um partido e não um projecto pessoal. Os presidentes passam e o PSD fica. O PSD é dos militantes e não dos presidentes. Daí que a sua expressão “quem não está bem muda-se” não faz sentido. Todos têm direito de ser militantes, discordando ou não.

10º Dizer ao Pedro Fonseca que não foi Almeida Santos que assumiu (ainda que apenas em privado) o desejo de ser candidato independente à presidência da CM Santo Tirso. Nem foi ele que, para promover e alavancar esse projecto pessoal – e na impossibilidade de ganhar ou fundar um partido – criou uma Associação/Movimento cívico.

11º Aproveitar para lembrar o Pedro Fonseca que a política não é o futebol. Em democracia não há lugar para “fanáticos”. O PSD não é o “Benfica”. Santo Tirso não é o “Inferno da Luz”. Os Tirsenses não são os “No Name Boys”.