Artigo de opinião que escrevi para a edição de Setembro 2011 do jornal “Notícias de Santo Tirso”.
Saiu há dias a notícia de que no próximo ano lectivo irão fechar cerca de 300 escolas, sendo que aproximadamente metade pertencem à Direcção Regional de Educação do Norte. As restantes estão distribuídas pelas DRE do Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e Alentejo.
Esta medida, já teria sido estudada e tomada pelo Governo PS de Sócrates, e foi reanalisada e implementada pelo Governo PSD de Passos Coelho. Era necessária mas apenas foi avante porque imposta pelo Memorando de Entendimento que Portugal assinou com o FMI-BCE-UE.
Efectivamente há escolas que, por força das circunstâncias, não estão a prestar um bom serviço aos alunos. Na generalidade os fechos acontecem dado o reduzido número de crianças inscritas. E é essa a circunstância que coloca em desvantagem um número considerável de alunos.
Numa escola com uma dúzia de alunos, apenas se contrata um professor, ainda que os alunos sejam de anos distintos. Assim, o professor tem de se desdobrar e dar 1º, 2º, 3º e 4º ano na mesma aula. Tarefa hercúlea, senão impossível, pelo que quem sai prejudicado é o aluno.
Naturalmente que, para um professor nestas condições, é impossível abordar a matéria, fazer exercícios ou dar a atenção necessária a um aluno de um determinado ano, se comparado com um professor de outra escola, que tem uma turma de 20 ou 30 alunos do mesmo ano.
Obviamente que, nestas condições, um aluno do 4º ano estará nivelado por baixo, porque os seus colegas não podem competir ou mesmo puxar por ele. Da mesma maneira, o aluno do 1º ano ver-se-á frustrado por estar “atrasado” em relação aos demais.
Ao todo vão fechar escolas em 100 dos 308 concelhos portugueses, e obviamente Santo Tirso é um dos infelizes contemplados. Algo a que já nos habituamos. Se o ranking é pela positiva Santo Tirso está na cauda. Se o ranking é pela negativa Santo Tirso está no topo.
Serão 10 as escolas a fechar no nosso concelho. Um número que nos coloca no “pódio” deste ranking. Guimarei, Roriz, São Tomé Negrelos, São Mamede Negrelos, São Martinho do Campo e Monte Córdova são as freguesias afectadas. Em São Tomé fecham 5 escolas.
Não surpreendem estes fechos. Eles acontecem porque as escolas não têm alunos suficientes. Mas porque será que Santo Tirso tinha 52 escolas das quais agora fecharão 10? A resposta é fácil e já a abordei no último artigo de opinião. A população está a diminuir em Santo Tirso.
Isto acontece porque os Tirsenses encontram melhores condições de vida noutros concelhos, e abandonam Santo Tirso. Principalmente os casais mais jovens. Aqueles que têm filhos em idade de frequentar as escolas do 1º Ciclo – Ensino Básico, que agora encerram.
Curioso é ver como o executivo camarário é um cego que não quer ver. Apesar de todas as evidências, a Câmara Municipal de Santo Tirso gastou nos últimos anos, centenas de milhares de euros, dos nossos impostos, nestas escolas que agora fecham.
Há tempos, num infomail sob o título “Educação, uma prioridade” a CMST divulgava os investimentos feitos no parque escolar que agora fecha: 254.000€ na ampliação da EB1 de Redundo; 157.000€ na beneficiação da EB1 da Rechã; 50.000€ na beneficiação da EB1 da Costa.
Três exemplos de escolas que vinham a perder alunos, e que naturalmente teriam o seu destino traçado, dadas as políticas educativas anunciadas pelos últimos 4 governos. Ainda assim a CMST desperdiçou quase meio milhão de euros em obras.
Diga-se que esse dinheiro dava para pagar (contas da própria CMST no programa de Acção Social Escolar) a alimentação de todos os alunos, ou metade do transporte escolar durante um ano inteiro. Dava para pagar livros, material escolar, prolongamento de horários e prémios de mérito durante 2 anos.
Então porque desperdiçou a CMST tanto dinheiro? Para atirar areia aos olhos dos pais dos alunos? Se o executivo tivesse capacidade e visão, teria antecipado e prevenido estes fechos, criando condições para que os alunos frequentassem outros estabelecimentos.
Seria bom que todos os alunos e pais, que agora se deparam com uma mudança brusca e inesperada, tivessem tido condições para uma transferência mais suave e planeada. A CMST podia ter avisado e preparado todos, ao invés de ir prometendo o que sabia que não ia cumprir.