Eu nunca duvidei das (in)capacidades dos nossos actuais especialistas – políticos, politólogos, economistas, financeiros, banqueiros, diplomatas – mas vejo que ainda há muita gente que duvida, mesmo com sinais tão evidentes.
O caso dos juros da Dívida Pública é flagrante, e um bom exemplo. Todos sabemos que os juros sobem porque tem aumentado o risco de a dívida não ser paga. Ou seja, os juros sobem porque quem compra a dívida desconfia que Portugal tenha capacidade para a pagar.
Neste momento a dívida portuguesa ultrapassa a riqueza produzida. Para que seja possível cumprir com o pagamento da dívida é necessário produzir mais, por forma a criar mais riqueza e ter mais dinheiro.
Praticamente todos aqueles especialistas concordaram que o OE 2011 era um orçamento mau, que apenas tinha o objectivo de corrigir o défice, e que a consequência das medidas tomadas era nova recessão.
Ora, se o OE 2011 não dá condições para criar empresas e emprego (antes pelo contrário) ou aumentar a competitividade da nossa economia, consequentemente não pode haver aumento da produção, da riqueza e, consequentemente, da capacidade para pagar a dívida.
Como podem então os tais especialistas ficar surpreendidos com o aumento dos juros da Dívida Pública? É fácil… não ficam. Eles andam é a enganar (mais uma vez) o povo fingindo-se surpreendidos e desculpando assim a sua manutenção no poder.