Há cerca de um ano atrás dediquei 3 posts do meu antigo blogue a Soares dos Santos. Disse que “Soares dos Santos não é um milionário. É um homem humilde, trabalhador e sério. Um empresário com visão e sucesso. Preocupado com a crise em Portugal […] Não deve nem teme o poder ou o corporativismo, não lambe as botas ao governo“. Ao melhor estilo portuga, alguns perguntaram-me se eu sabia o que ele fazia nas suas empresas (fazendo alusão aos boatos de exploração. Tal como existem sobre a Sonae, com a qual trabalhei e nada senti).
Duas semanas volvidas, o empresário exemplo (como lhe chamei) vem explicar o porquê de Portugal não conseguir atraír investimento estrangeiro que lhe permita recuperar a frágil situação económico-financeira: “Na Polónia estivemos sobre ataque por causa de problemas laborais e a justiça funcionou, o que nos deu um conforto brutal. Sei as regras do jogo, posso fazer planos a 5 anos” e mostrava-se preocupado também com a situação social “Preocupa-me principalmente no Norte, o desemprego”
Quem tinha dúvidas sobre a capacidade e a honestidade deste senhor foi agora surpreendido pela notícia anunciando que a Jerónimo Martins vai pagar 12,5 M€ em bónus a trabalhadores. O grupo vai dar um bónus extra aos trabalhadores efectivos (20 mil dos quais em Portugal) gastando 12,5 M€. A bonificação é de 250 € por cada empregado. A administração ficará fora das actualizações salariais para 2010.
Este é um homem sério que sabe o que diz e apenas fala quando é estritamente necessário. Tal como Belmiro de Azevedo, não se rende ou vende ao mediatismo. E quando ele diz que “a instabilidade [política do país] resulta em não haver Governo” era bom que todos ouvissem. Para que todos entendam, ele faz um desenho: “Como é que o Governo tem tempo para pensar? Nós, responsáveis, quadros que estamos aqui e outros, não andamos permanentemente na rua a visitar lojas. Não é a nossa função. A nossa função é pensar nos problemas e debatê-los”